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A Análise Reichiana e o Eneagrama
6 de janeiro de 2021
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Quero propor um diálogo entre o universo do Eneagrama e e a Psicologia Corporal de Wilhelm Reich, focando o trabalho na ponte entre o Eneagrama e o corpo e vice-versa.

A psicologia corporal surgiu com o cientista natural, médico, psicanalista Dr. Wilhelm Reich. Ele foi discípulo de Freud e ao discordar da psicanálise a partir da dificuldade que a livre associação produzia na maioria dos pacientes, propôs que o corpo fala mais do que a boca. Neste sentido, Reich desenvolveu seu trabalho de uma vida, uma extensa pesquisa teórica e prática sobre como o corpo tem a mesma importância que a psiquê no processo de desenvolvimento do individuo. E, ainda mais, como nossas enfermidades estão presentes nos dois caminhos, sequestrando a energia vital que necessitamos para viver.

A couraça de caráter e a couraça muscular são funcionalmente identicas

As etapas do desenvolvimento emocional pelas quais uma pessoa passa desde a sua concepção até a adolescência é algo extremamente fascinante, que denominamos ontologia. Desenvolver significa progredir, crescer, amadurecer e conforme a criança vai crescendo, se desenvolvendo, vai apreendendo novas experiências que ficam registradas na memória celular em forma de inprintings, marcas, registros.

Ao se desenrolar este desenvolvimento, estes imprints, essas marcas ou registros vão se fixando no corpo e na psique e vão formando o que chamamos de traços de caráter ou personalidade, ou Tipo, no Eneagrama. Para a psicologia corporal isto não é meramente um construto psíquico, mas uma realidade no corpo. O inconsciente é o próprio corpo da pessoa.

Estas marcas, quando se repetem durante o processo do desenvolvimento infantil vão formando o que Reich denominou de couraça muscular do caráter, que são tensões musculares crônicas diante de suas relações consigo, com o pai ou a mãe e com o mundo que a cerca.

O desenvolvimento infantil

Estas couraças formam sete estruturas musculares, como anéis perpendiculares ao corpo, que correspondem as etapas do desenvolvimento infantil:

  • Etapa de Sustentação – da fecundação a aos 10 primeiros dias. Ligada aos segmentos ocular (olhos, pele, ouvido, nariz) e ao segmento diafragmático.
  • Etapa de Incorporação – Da primeira mamada até 2 anos aproximadamente. – está ligada ao segmento oral
  • Etapa de Produção – Inicia com o desmame e vai até 3 anos. – está ligada ao segmento cervical e peitoral.
  • Etapa de Identificação – É a partir do quarto ano de vida que se inicia a etapa que a criança é capaz de fazer identificações – está ligada ao segmento pélvico.
  • Etapa de Estruturação – Essa etapa tem início aos cinco anos de vida e se estende durante toda a puberdade, até o início da adolescência. Confirmando e concluindo couraças de caráter.
Fases onde a criança assenta seus traços de caráter

As quatros primeiras etapas são fundametais e são nestas fases onde o caráter / personalidade vai se fundamentar nas relações com as figuras maternas e paternas.

O que Reich propôs e provou com todo o seu trabalho e de seus seguidores posteriormente é que o corpo não é uma representação do meu EU. O corpo é o EU formado nas relações mais fundamentais e tudo o que se passa na psiquê, está ancorado no corpo, restringindo o fluxo da energia vital pelo aparato biofísico, gerando o adoecimento.

Aqui já existe muito diálogo, uma vez que o Eneagrama também tem nas etapas do desenvolvimento infantil a sua base. Isto facilita muito ao relacionar EneaTipos com Traços de Caráter e por conseguinte couraças envolvidas.

Como o Eneagrama pode auxiliar na clínica da análise Reichiana?

• Rápido foco no problema central – é comum a pessoa chegar ao consultório relatando sintomas, comportamentos, mas dificilmente consegue saber o porquê isto acontece com ela. Então, observando a pessoa, sua arqueologia psíquica e corporal, a terapia avança rapidamente, uma vez que não se busca tratar o sintoma, mas os traços de caráter que estão mais atingidos ou Tipo e o conflito por ela reproduzido.

Por exemplo: quando, identifico que os sintomas que a pessoa descreve na annamese, trata-se de um possível traço do Eneatipo 1 já foco minha atenção na contenção oral da raiva e no controle cervical.

Foco dos egmentos corporais e Centros Vitais – Conhecendo os Centros vitais, é possível ganhar terreno na terapia focando o trabalho nos segmentos ligados ao Tipo.

Por exemplo: Um tipo 6, embora possa ter problemas em outros segmentos, sempre começamos trabalhando o segmento ocular, onde reside o medo.

Conhecer as paixões do tipo aumentam consideravelmente as chances de sucesso na análise. Quando falamos em paixão, falamos em sensação e corpo. Então, toda paixão está ligada à forma como nos acomodamos às ameaças externas.

Por explo: ao lidar com um tipo 2 imediatamente começo um tratamento de choque, atacando o orgulho, para que a pessoa note como esquece de si, através de trabalhos corporais que a façam perceber isto no próprio corpo e aprofundamos a partir disto.

Como a análise Reichiana auxilia na descoberta do Eneagrama?

Sensibilização do Centro / segmento encouraçado: Na terapia corporal a teoria dos Centros se torna viva, porque a pessoa percebe no corpo, através do trabalho corporal, como a energia se concentra naquele segmento, aumentando muito a auto-percepção.

Por exmplo: O tipo 4 percebe rapidamente a sensação de vazio no Centro emocional, ligado ao segmento torácico e diafragmático ao trabalhar sua base oral.

Projeto terapêutico de desenvolvimento: A análise Reichiana possui método e objetivo, seja uma terapia breve ou profunda, segue as etapas do desenvolvimento infantil, isto vai levando o individuo a conhecer e entender sua arqueologia e traçar um projeto de desenvolvimento e maturação.

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1 comments

  1. Fantástico esse conteúdo, Elias! Tenho muito interesse nesses conteúdos. Grata por proporcionar !