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De onde vem nossas doenças?
15 de dezembro de 2019
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Um dos conceitos fundamentais que Wilhelm Reich, o pai das psicoterapias corporais, introduziu foi o de Encouraçamento Muscular. Em seus estudos com seus pacientes, Reich descobriu que o que chamamos de caráter manifesta-se diretamente em nosso corpo, me nossa musculatura: moldando-nos, dando formas mais contraídas ou mais expandidas, dependendo da maneira como que lidamos com as frustrações em nossa infância.

O que a infância tem a ver com isso? 

Reich, seguindo a teoria psicanalista de Freud, demonstrou que as nossas couraças musculares e caracteriais são criadas e desenvolvidas em nossa infância. Nos dias atuais a Neurociência já possui estudos científicos ratificando a ontogenia dos principais problemas psicológicos. Existe uma base biológica ou energética, segundo os conceitos reichianos, no entanto, podemos chamá-la de pré-disposição, o que significa que poderá ser ativada ou não, dependendo da quantidade afeto e liberdade em nossa tenra infância.

Reich amplia o conceito psicanalitico do desenvolvimento infantil incluindo também o período de concepção e gestacional como motor de surgimento de biopatias e outras manifestações do desequilíbrio energético no processo do individuo.

Não é uma questão de sorte ou de fatalismo, mas de afeto e amor. O casal de amantes durante o abraço genital carregam em si energia, temperamento, emoção e encouraçamento. Esta combinação durante a fecundação produzirá o que Federico Navarro denominou de campos energéticos. Esta influência diretamente relacionada à concepção e desenvolvimento intra-uterino influenciará o temperamento e a gestão energética que o individuo terá durante toda a sua existência, podendo colocá-lo mais susceptível a processos de somatização ou biopatias.

Reich falava sobre flexibilização das couraças neuróticas ou a possibilidade de criar couraças em psicóticos. O que nos impede de ter uma livre circulação energética não é a couraça em si, mas a sua rigidez ou tensão. No mundo em que vivemos é impossível existir sem ter couraças, mas estas, podem ser flexíveis, que podemos usar quando julgarmos necessários. O problema é que na infância, por conta da completa falta de defesa ante à sistemática agressão por nosso conjunto familiar, não pudemos manter nosso Eu intacto, senão criando couraças musculares rígidas ou incompletas.

Então, fomos criando estruturas psico-física-energéticas completamente inequivocadas, que muitas vezes nos leva à compulsão, controle, masoquismo, raiva ou histeria para a defesa de nosso Eu mais profundo, uma vez que fomos feridos no Amor. Enquanto esperávamos um Amor que nos fizesse crescer e nos tornar independentes e amorosos, encontramos um “amor” falso, deturpado, enganador, controlador, etc. Essa ferida chamada Edípica, nos impediu de experimentar o Amor que liberta.

Feridos, passamos a nos ferir e a ferir os outros, como forma de perpetuar este “falso amor”.

Não temos nada além do amor.
Não temos antes, princípio nem fim.
A alma grita e geme dentro de nós:
– Louco, é assim o amor.
Colhe-me, colhe-me, colhe-me!

Rumi

Neste processo da busca do que chamamos Amor, que é nossa própria identidade, nosso Eu, ativamos as couraças criadas na experiência da infância e vamos nos afastando de nossa Essência e, então, adoecemos. Adoecemos por falta do Amor. O Amor que buscamos em nossa família de origem e que não foi capaz de nos dar, apenas um perfume falsificado daquilo que era Essência. As doenças vamos dando nome diversos, como arritmias, enxaquecas, gastrites, bursites, impotências; ou medos, ansiedades, raivas, tristezas, depressões, e por ai vai.

A pergunta que fica é como flexibilizar todas as couraças que foram instaladas em nosso corpo, mente sobre nossa verdadeira natureza e nosso Eu? A resposta é apenas uma: movendo-se. Saindo do lugar onde nos encontramos e partir ao encontro das dores, das enfermidades, do “inferno” instalado em nosso corpo e mente por conta da contaminação deste “Falso Amor”. Precisamos sempre ter em mente que o estado em que chegamos levou uma vida toda, então o processo da volta, vai levar um chão. Como disse Geraldo Vandré:

Vem vamos embora que esperar não é saber

Quem sabe faz a hora não espera acontecer.

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