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Duas vidas e o tipo 3 do Eneagrama
1 de fevereiro de 2016
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Hollywood está cheio de influencias do Eneagrama. Em quase todos os filmes podemos ler na composição dos personagens características de personalidade muito claras, algumas de forma tão caricatas que a paixão do tipo fica exposta e muitas vezes de forma exagerada.Duas Vidas

Hoje, gostaria de falar de um filme que sempre gostei e que uso no curso inicial do Eneagrama: Duas Vidas, da Disney (The Kid), no qual vemos claramente o tipo 3 na sua paixão e na busca de redenção. Aliás, há muitos filmes retratando o tipo 3, como o Sete Vidas (will Smith); A divertida animação Rango, o camaleão, símbolo do 3, entre outros.

O Russ (Bruce Willis) é um empreendedor de sucesso chegando aos 40 anos de idade, quando começa a ver-se na imagem de uma criança, o Dusty, aos 8 anos de idade, que aparecendo fisicamente começa a tirar a sua vida dos trilhos e fazê-lo questionar sua sanidade e existência.

Duas vidasA imagem do Russ é claramente um tipo 3 workaholic, que eu definiria como sexual, auto-preservação e social reprimido – Tempo é dinheiro e Imagem é tudo!. Na definição da sua profissão, a própria criança demonstra sua paixão ao descreve-la (consultor de imagem): “você mente para os seus clientes o que eles são e eles mentem para os outros”.  A grande dificuldade do Russ em lidar com sua criança, ou seja, com sua verdade é enorme, onde ele transforma tudo em trabalho, campo no qual ele não entra em contato com o fracasso.

O fracasso persegue Russ como uma sombra em tudo o que ele faz, de forma que ele faz questão de dizer que esqueceu de sua infância, onde não era “bem sucedido”.  A grande batalha do Russ e da personalidade do tipo 3 é provar que ele não necessita de amor, que o trabalho e o sucesso lhe substituirão o amor que ele perdeu, no caso do Russ com a morte de sua mãe, ainda criança.

Falando em encouraçamento Reichiano podemos perceber que seu olho esquerdo possui um tique, que ele chama de olhos secos, que se desenvolve quando seu pai o toca culpando pela morte da mãe por câncer e desenvolve um bloqueio ligado ao mesmo.

É perceptível no Russ, enquanto tipo 3, um oral de base com uma forte cobertura narcisista, transmitido uma imagem de poder e de um Eu mascarado. A “ficha só começa a cair” quando ele em contato com a possível perda do amor de Amy (Emily Mortimer) e isso o coloca diante de sua grande ferida: O medo de não ser amado. Mesmo sendo um poderoso empresário e com tanta influência percebe que tudo isso que construiu não garante o que ele sempre buscou de forma “torta”: ser amado.

Eu não sou um fracasso!

A partir desse encontro, ele começa uma jornada de resgate de sua criança interior com o pequeno Rusty, enfrentando a raiva que tanto bloqueava em sua vida e perdoando e liberando-se, afinal ele descobre que não foi o motivo da morte da mãe, a perda do amor, e do medo do pai em enfrentar a vida sozinho.

A busca de criar vínculos verdadeiros que não estejam ligados ao seu trabalho e em ultima instancia ao sucesso, o coloca no caminho do resgate.

“Eu não sou um fracasso!” é seu grande grito ao final do filme. Este é o grito do 3, ao descobrir que pode se entregar ao amor de forma livre, sem a dependência do “sucesso”, mas simplesmente como relação, sem a posse ou manipulação.

O grande resgate do tipo 3 está neste encontro com sua verdade, deixando de lado as mentiras que conta a si mesmo, na busca de evitar o fracasso, abraçando seu grande medo de não ser amado.