Me entregar aos olhares é ser inundado de fogo
Me entregar ao antigo e profundo
Minhas entranhas se movem, comovem e reviram.
Por alguns instantes, largo toda a insegurança
E me atiro neste mar que o olhar me desperta.
Talvez seja apenas um reflexo do meu
Uma imagem refletida no leito de um lago profundo,
No entanto, recuso a acreditar.
Permaneço olhando, como se fosse visto
Como se do outro lado do espelho
Dois olhos também bem me notassem tão profundamente
E se estiver sendo visto?
Uma sensação de segurança me invade
Um desejo enorme de me expor me alcança,
Mas me recolho à margem do lago
Com medo que alguma onda desfaça
A imagem que vejo nas águas
A ebulição interna confunde minha cabeça,
Que antes estava organizada pra proteção.
Meu corpo todo se aquece e treme
Como sensações pre orgásticas
Será uma memória da minha criança diante dos seios?
Uma satisfação não realizada?
Continuo calado, ao lado
Tentando me fazer perceber
Pela minha sombra
Que muitas vezes
Fica entre os olhares.