O Eneagrama é um conhecimento muito antigo na humanidade e vem dele um estudo sobre a personalidade das pessoas, bem como das energias que compõem e motivam os comportamentos “viciados”. Dentro do seu estudo encontramos três energias básicas, que movimentam a pessoa na direção de sua essência ou a afastam da mesma, que são a ansiedade, o medo e a raiva. O estudo destas emoções nos proporciona saber se a pessoa se fixa, nega ou integra essas energias no seu dia-a-dia, no contato com o mundo e com os outros. Ao negar ou se fixar numa destas emoções, perde-se o contato com a Essência ou o self, criando um modo de ação e reação alternativo às situações e aos sentimentos. A Psicologia Corporal, com métodos de auto-observação, reconhecimento e desbloqueio destas emoções no corpo, atua para que elas possam fluir livremente sem o encouraçamento, que provoca psicoses e neuroses. Fazendo uma aproximação destes dois conhecimentos, este estudo propõe trabalhos terapêuticos para cada emoção.
Desde os primórdios o ser humano tem o desejo e a necessidade de se descobrir, conhecer-se e alcançar níveis maiores de consciência sobre os processos de sua mente e do comportamento individual e das sociedades. Neste contexto podemos encontrar o Eneagrama.
O vocábulo Eneagrama vem do grego, Ene (ennea) que significa o número nove; e Grama, também do grego (grammos), como traço ou marca, ou seja, nove traços ou nove personalidades.
A origem do Eneagrama, enquanto sabedoria de transmissão oral, não é documentada ou clara. Alguns autores (NARANJO, 1995; CUNHA, 2016) apontam que variações do símbolo já se faziam presentes há mais de quatro mil anos na geometria pitagoriana.
Foi Georgii Ivanovich Gurdzhiev, um mestre espiritual greco-armênio (MIRCEA, 1987), que viveu entre comunidades Sufis, no Afeganistão (onde se fundem antigos conhecimentos sobre o homem, a espiritualidade e o caminho da essência), quem introduziu o símbolo, o conceito do Eneagrama no mundo moderno do Século XX, através do Instituto para o Desenvolvimento Harmonioso do Homem, fundado em 1910 (PALMER, 1993). Após Gurdjieff, vários nomes se destacaram no Eneagrama até a atualidade como Oscar Ichazzo, Claudio Naranjo, Helen Palmer, Domingos Cunha, entre outros.
O SÍMBOLO DE NOVE PONTAS
O símbolo é composto de um triângulo equilátero apontando para os numerais nove, três e seis, de uma figura hexagonal conectando os outros pontos – um, quatro, dois, oito, cinco e sete – e de um círculo envolvendo todos os pontos. Cada ponto significa uma personalidade, segundo os estudos do Eneagrama, atribuindo então nove personalidades básicas.
OS ENEATIPOS E AS FIXAÇÕES DAS PAIXÕES
Os Centros Vitais
Segundo o Eneagrama, o ser humano possui três centros de energia, com três eneatipos em cada, que são a base das características da personalidade e das emoções a elas vinculadas.
LOWEN (1966) coloca dessa forma a definição de emoção:
A palavra e-moção descreve um movimento “para fora, fora de ou proveniente de”,
E-moção descreve um movimento para fora.
de acordo com o significado atribuído ao prefixo. Uma emoção é, portanto, o movimento que surge de um estado excitado de prazer ou de dor.
Conforme dito anteriormente, o Eneagrama distribui as personalidades em três Centros Vitais, dentro dos quais estão dispostos também três tipos, totalizando nove. Cada Eneatipo pode, ainda, ser dividido em três instintos: sexual, conservacional ou social, totalizando 27 personalidades distintas. Cunha (2005, p. 117), distribuindo os eneatipos segundo os Centros Vitais, escreve assim:
Cada centro tem sua energia predominante, que poderíamos chamar de “Inteligência” mais desenvolvida, a “habilidade” preferida. Essa Energia é comum aos três tipos de cada centro. No entanto, cada tipo, dentro de cada centro, utiliza ou orienta essa energia de um jeito próprio: para o exterior/para o interior/tentando o equilíbrio entro o interior e o exterior.
Segundo Cunha (2016), os Centros Vitais conduzem a experiência das pessoas por uma determinada emoção, na qual fixarão, em toda a sua vida, o foco na relação consigo, com o outro e com o transcendente.
O Centro Vital Emocional, cuja sede está no tórax, e que é composto pelos eneatipos II, III e IV, tem a ansiedade como seu motor energético, ou seja, cada situação geradora de uma emoção passará pelo filtro da personalidade, de forma que canalizará a resposta através desta forma de sentir, a qual foi aprendida no processo de desenvolvimento individual, constituindo, na maioria das vezes, um comportamento “viciado”.
Figura 1 – Os Centros Vitais do Eneagrama (NARANJO, 1995, p. 60)
O Centro Vital Mental, cuja sede está na cabeça, e que é composto pelos eneatipos V, VI e VII, tem o medo como seu motor energético.
O Centro Vital Visceral, cuja sede está no abdômen e pelve, e que é composto pelos eneatipos I, VIII e IX, tem a raiva como seu motor energético.
Todas as pessoas têm acesso a estas emoções. O que vai qualificar o eneatipo ou a personalidade é a forma como ela lida com esta ou aquela, de forma a exagerar no seu uso – tornando-se uma compulsão – ou bloquear, não tendo acesso à mesma. Tanto a compulsão quanto o bloqueio provocarão o uso de outra energia, para fazer face às funções daquela. Por exemplo, o eneatipo VI, cujo medo é a energia básica, vai bloquear o acesso ao fluxo da ansiedade, usando o medo para assuntos que não lhe são próprios, aumentando a insegurança e congelando suas ações.
Usando uma simbologia, poderíamos dizer que houve um curto-circuito energético que fez com que o canal por onde deveria fluir determinada energia é tomado por outra, amplificando, assim, sua ação dentro do organismo e tornando-o fixado no comportamento advindo da mesma.
AS EMOÇÕES BÁSICAS
As emoções, do ponto de vista do Zé Ninguém, (REICH, 1999), a quem o autor define como o homem comum ou o homem médio, neurótico, são um empecilho ou um enigma que devem ser desprezados ou anulados, principalmente a ansiedade, o medo e a raiva. No entanto, se olhamos do ponto de vista energético, estas três emoções têm o objetivo de nos proteger, de delimitar territórios e de nos colocar em ação. A emoção, num ser desencouraçado – Reich (1984) chamou de couraças os mecanismos inconscientes limitadores da pulsação vital, instalados no corpo em forma de anéis perpendiculares à coluna vertebral – deveria seguir seu fluxo natural céfalo-caudal e ser expressa e dissipada.
Se nos colocarmos a imaginar o mundo sem estas emoções ou sem o uso delas, poderíamos pensar que a raça humana já teria sucumbido.
A ANSIEDADE
A ansiedade é uma energia de ação. Ela nos faz realizar a vida e nos coloca em contato com o centro da ação. O uso desta emoção como uma centelha que nos coloca em movimento na vida produz os grandes realizadores e empreendedores em nossa sociedade. Nos dias atuais, a ansiedade é sinônimo de doença e de transtornos, que acontecem pela fixação no uso desta energia em excesso, ou por seu bloqueio. O modelo de vida proposto pelo Capitalismo, onde a imagem de sucesso vale muito, colocam os indivíduos numa busca frenética pela ação, na tentativa de suprir a máscara de bem-sucedido.
O bloqueio e substituição da ansiedade pelo medo
A ansiedade é uma energia de ação. Ela nos faz realizar a vida e nos coloca em contato com o centro da ação. O uso desta emoção como uma centelha que nos coloca em movimento na vida produz os grandes realizadores e empreendedores em nossa sociedade. Nos dias atuais, a ansiedade é sinônimo de doença e de transtornos, que acontecem pela fixação no uso desta energia em excesso, ou por seu bloqueio. O modelo de vida proposto pelo Capitalismo, onde a imagem de sucesso vale muito, colocam os indivíduos numa busca frenética pela ação, na tentativa de suprir a máscara de bem-sucedido.
Há dois fatores que podem alterar o equilíbrio entre produção e descarga de energia: uma produção de energia aumentada sem um aumento correspondente na habilidade de descarregar a energia, produzirá ansiedade… O segundo fator gerador de ansiedade seria qualquer decréscimo marcante na descarga de energia sem uma mudança semelhante na sua produção. (LOWEN, 1977, p. 229).
O bloqueio da ação tornará a ansiedade represada, causando um excesso de uso diafragmático na contenção dos membros inferiores do corpo, que não deixa o individuo usufruir de uma respiração mais completa ou profunda. Usualmente, dentro do Eneagrama, os tipos centrados na mente (V, VI e VII), tendem a inibir a ação e perdem o contato com a ansiedade, onde ela os governa como um trem sem maquinista ou como um motor de automóvel acelerado e freado. Se adicionarmos a essa fórmula o medo como energia central destes tipos, teremos pessoas freadas, apavoradas com a vida e com grande energia de ação acumulada em seus corpos. Lowen (1977, p. 31) afirma: “Em situações que são vividas como amedrontadoras ou dolorosas, prende-se a respiração, contrai-se o diafragma e enrijece-se os músculos abdominais”.
No processo de liberação desta emoção o foco precisa ser o medo, porque ele é o pivô que faz com que a ansiedade seja represada. Embora sejam eficazes trabalhos de liberação do diafragma e da barriga, o acesso à sensação de desconfiança e construção de um “ground” é fundamental para interromper o ciclo.
O excesso de ansiedade em determinados eneatipos, tipos II, III e IV, também configura uma distorção emocional e energética. Ao usar a ação no lugar de outro centro especializado, como a emoção da raiva, o indivíduo se coloca numa atividade frenética, muitas vezes submetido aos relacionamentos ou identificado com a emoção do outro, já que a raiva é a emoção responsável por colocar limites, e já que não identifica nele mesmo as emoções que suprimiu, ao usar a ansiedade como resposta.
Nos eneatipos II, III e IV o uso excessivo da ansiedade acontece justamente por causa do bloqueio da raiva. Em algum momento, no processo de desenvolvimento da criança, foi-lhe tolhida a possibilidade de expressar a raiva e de colocar limites aos outros; daí o uso indevido do centro da ação para assuntos instintivos.
Para ilustrar este mecanismo, podemos imaginar três canos de água ligados a um reservatório. Por eles passa a mesma quantidade de água, fluindo do reservatório para o uso. No entanto, se um dos canos ficar obstruído, teremos muito mais água passando pelos outros dois e pode ser que um deles passe a suprir a deficiência daquele que está bloqueado. Da mesma forma, quando negamos ou bloqueamos uma emoção, outra pode tomar seu lugar, energeticamente falando, produzindo sobrecarga e desvio de função.
Ou seja, quando há bloqueio em determinado caminho energético em função de uma couraça, a tendência é a energia da emoção ficar reprimida ou super utilizada, causando um mal funcionamento emocional e energético no indivíduo.
Evidentemente que o processo terapêutico vai passar pelo equilíbrio da ansiedade, trabalhando diafragma e respiração, e também a liberação da raiva, que retida no tronco, braços e boca atinge diretamente o amor, tornando-o plástico e falsificado. Na liberação da raiva, surgirá o amor a si, que é a fonte dos demais.
O MEDO
O medo é uma das emoções mais primitivas da humanidade e possui a função de nos manter longe de perigos, proteger o indivíduo frente a ameaças de vida.
O medo funciona como um sinal de alerta. Sua principal função é nos proteger: ao chamar a atenção para um risco eminente, nos permite enfrentá-lo. O medo é uma reação inerente ao ser humano – esperada e útil em determinadas circunstâncias – ativada quando há um bom motivo, ou seja, diante de um perigo real (e não da eventualidade ou da lembrança). (ANDRÉ, 2007, p. 180).
A negação ou o bloqueio da emoção do medo, enquanto energia que nos defende contra os perigos, pode produzir indivíduos onde o sadismo e a busca por emoções fortes fazem com que pareça invencível ou afóbico. No entanto, o que realmente acontece é a substituição da energia do Centro Mental por outro que não possui as habilidades naturais para cuidar destes assuntos. A energia do medo nos faz pensar, calcular riscos e estratégias, antes de enfrentar situações, e a falta dela nos colocará diretamente diante das situações sem nos
Centro Visceral substitui o medo pela raiva.
preparar. Usualmente, os eneatipos I e VIII, do Centro Visceral, substituem o medo pela raiva e passam a agredir antes de escutar, antes de pensar. Isso os torna pessoas extremamente agressivas em relação à vida e aos outros.
As crianças que bloqueiam ou negam o medo, ainda muito cedo, sentiram-se extremamente expostas a situações de risco. O medo foi tão angustiante, que desenvolveram um mecanismo de defesa, onde a negação e o bloqueio, o “atire antes, pergunte depois” parece o caminho mais seguro para a sobrevivência. Este é comportamento frequentemente apresentado pelos tipos I, VIII e IX.
Exercícios de queda e de entrega vão levar o indivíduo a entrar em contato com o medo mais profundo, já que a raiva está exposta como protetora de um medo que foi escondido sob sete chaves dentro do seu corpo, na região abdominal.
Lowen (1980, p. 13) diz: “O processo de adaptação de uma criança à cultura, viola seu espírito tornando-a neurótica, fazendo-a sentir medo da vida”. Essas repressões são impostas como controle por parte das figuras paterna e materna.
No outro lado da balança, temos o uso excessivo do Centro Mental no lugar de outros centros. Os eneatipos V, VI e VII colocaram o medo como a energia de resolução dos problemas da vida. Onde usar-se-ia a ansiedade como energia motora, estes indivíduos usam o medo, e isso produzirá um excesso de pensamentos, de precauções, de preparações até o ponto em que se perde o contato com a ação e congela-se por medo de errar, de sofrer ou de não ser amado.
Lowen (1966) fala assim sobre este conflito:
“A ansiedade se desenvolve quando a ameaça de dor é aproximadamente igual à promessa de prazer. O organismo fica preso entre dois impulsos conflitantes, ir adiante e se retirar. Foi feita uma reprodução experimental da ansiedade em animais acoplando-se um estímulo doloroso a outro prazeroso. Quando ocorre um número de vezes suficiente, o animal associa a dor ao estímulo prazeroso e reage com ansiedade à visão desse último. No conflito entre os dois impulsos, é incapaz de se mover e treme violentamente, enquanto a excitação flui pelo seu corpo.”
No início da vida, esta criança teve quebrada a confiança em si própria. Esta submissão às exigências dos pais e exigências sociais significa adotar um papel neurótico e a rendição da autenticidade. Com a perda da autenticidade, perde a sensação de ser, e surge a imagem. Surge um bloqueio muscular que separa a ação do pensamento, influenciado pelo diafragma contraído, pela contenção da respiração frente às situações que lhe imponha medo. Com isso, perde o poder de ação das pernas e da pelve, tornando-se refém dos pensamentos e da imaginação, que quanto mais aterrorizantes, mais tira-lhe do contato com o chão e a realidade. Ocorre como no clássico da literatura Dom Quixote (CERVANTES, 2015), onde Sancho Pança é envolvido em medo, por conta dos imaginários dragões que Dom Quixote criava.
“A falta de contato com os pés e com o chão está relacionada a um outro sintoma comum, a ansiedade de cair. Este sintoma é manifestado em sonhos com quedas, no medo de alturas e no medo de amar (“fall in love”). Havendo uma insegurança básica na metade inferior do corpo, o indivíduo a compensa agarrando-se com braços e olhos à realidade objetiva.” (LOWEN, 1977, p. 101).
A RAIVA
O Centro Visceral ou Inteligência Prática é o responsável, segundo o Eneagrama, por cuidar de nos defender, impor limites e até atacar, caso seja necessário, para proteger a integridade física do ser humano. A energia gerada por este centro é chamada de raiva.
“A agressividade (raiva) é a força que nos impulsiona para o trabalho, para superar obstáculos e atingir as metas. “ (CUNHA, 2016, p. 60). Essa energia gera um impulso no indivíduo e o coloca em ação imediata.
Segundo Lowen (1986) a raiva é uma emoção simples de emergência, que se desenvolve na criança no primeiro ano de vida, no momento em que os músculos estão se organizando funcionalmente. A criança começa a usar os membros inferiores e superiores como um substituto do choro, inicialmente aparecendo como uma irritação e aos poucos sendo substituída pela raiva, que carrega os membros superiores para mudar a sua situação de desconforto.
O Centro Emocional, dos tipos II, III e IV
Corporalmente falando, na raiva, a excitação se move para frente, passa por cima da cabeça e vai para os caninos, carregando os braços.
O bloqueio ou negação deste Centro produzirá indivíduos que são ligados no relacionamento como forma de sobrevivência. A raiva foi banida de suas atitudes por quebrar a chance de se sentirem amados, acolhidos ou mesmo elogiados. Então, usa-se a energia de outro Centro, como o Centro Emocional (a ansiedade) para compensar o bloqueio da raiva. Assim, onde a ação deveria ser de autoproteção ou mesmo agressividade, temos uma ação ansiosa, voltada para a sedução e para a conquista.
Lowen e Lowen (1985), assim como Pierrakos (1987) nos falam que todo paciente tem uma considerável raiva reprimida, e que este sentimento tem que ser trabalhado com muita habilidade para que o corpo recupere sua vitalidade.
O processo terapêutico de expressão da raiva através de exercícios bioenergéticos e da Vegetoterapia liberam o acesso a esta emoção reprimida ou bloqueada, tornando a pessoa mais livre para os desafios que necessitem de defesa própria ou ataque. Para isso, é importante construir uma boa base de “ground”, pés firmes na realidade, e trabalho ao nível ocular, para desbloquear a forma de visão do mundo. Então, exercícios dos membros superiores como bater, gritar, morder, e dos inferiores como chutar e espernear liberam o conteúdo bloqueado muscularmente.
Estar grounded é uma outra maneira de se dizer que uma pessoa está com seus pés no chão. Pode-se estender o termo também para significar que a pessoa sabe onde está e, portanto, sabe quem é. A pessoa grounded “tem o seu lugar”, isto é, “é alguém”. Num sentido mais amplo, o grounding representa o contato de um indivíduo com as realidades básicas de sua existência. A pessoa está firmemente plantada na terra, identificada com seu corpo, ciente de sua sexualidade e orientada para o prazer. Estas qualidades faltam à pessoa que está “suspensa no ar” ou na sua cabeça, em vez de estar em cima dos próprios pés. (LOWEN; LOWEN, 1985, p. 23).
O uso exagerado do Centro Prático ou Visceral tornará a pessoa excessivamente agressiva e
O uso excessivo da Raiva bloqueia a inocência.
raivosa. No fundo da agressividade está a perda da inocência, dado que na infância, a criança foi ferida por pais extremamente duros e exigentes quanto ao conteúdo e expressão de amor. Os indivíduos nesta condição perderão a capacidade de acreditar no amor puro, sem intenções, e se sentem armados o tempo todo contra qualquer sinal de inocência, que pode representar risco para sua ferida de amor.
O trabalho terapêutico terá que ir além da raiva, entrar neste mundo onde o coração endureceu e se tornou brasa incandescente. Deve mobilizar a couraça ocular para que a pessoa possa se desarmar e começar a ver o mundo com olhos de inocência. Posteriormente, é necessário o trabalho com a oralidade, para fazer contato com a figura materna e elaborar a dependência que foi interrompida por se sentir ameaçado.
O resgate da permissão para expressar a raiva nos permite colocar limites nas relações com os outros e a buscar aquilo que desejamos em nossa vida, tornando a nossa ação mais intensa e forte na defesa da própria vida.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Segundo Reich (1999) todos estamos num estado neurótico, que desde a mais tenra infância nos é introduzido pelos pais encouraçados. Por isso, é imprescindível, para uma sociedade mais equilibrada, que ensinemos as crianças desde o colo materno a reconhecer, identificar e canalizar suas emoções, evitando repetir o ciclo de repressão ou sobrecarga de emoções e sentimentos.
O Eneagrama pode ser um excelente instrumento para que os adultos entendam o funcionamento de suas personalidades, onde suas emoções se tornam bloqueadas, onde perdem ou abusam de suas energias. Fornece um mapa para que o indivíduo possa buscar dentro de si as respostas para uma vida mais saudável.
A Psicologia Corporal, com todas as suas abordagens, prove métodos e conteúdos que são um auxílio para quem busca o reconhecimento dos bloqueios emocionais e energéticos e a sua liberação, olhando para a sua história, e também para o corpo, como forma terapêutica, curadora e libertadora.
O encontro com as próprias emoções e a liberação destas energias nos conduz a uma vida mais equilibrada energeticamente e é um caminho para uma Terra mais humana em todos os sentidos.
Referências
CERVANTES, MIGUEL DE. Dom Quixote. São Paulo: DCL, 2015
CUNHA, D., CSh. Crescendo com o Eneagrama na espiritualidade. São Paulo: Paulus, 2005.
CUNHA, D., CSh. Coleção Eneagrama da Transformação, v. 1. Fortaleza: Karuá, 2016.
ELIADE, Enciclopédia da Religião. New York: Macmillan, 1987.
PALMER, H. O Eneagrama: compreendendo-se a si mesmo a aos outros em sua vida. São Paulo: Paulinas, 1993.
ANDRÉ, Psicologia do medo – como lidar com temores, fobias, angústias e pânicos. São Paulo: Vozes, 2007.
LOWEN, A. O corpo em terapia: a abordagem bioenergética. São Paulo: Summus, 1977.
LOWEN, A. Medo da vida: caminhos da realização pessoal pela vitória sobre o medo. São Paulo: Summus, 1980.
LOWEN, A. Exercícios de Bioenergética: o caminho para uma saúde vibrante. 8ª ed. São Paulo: Ágora, 1985.
LOWEN, A. O espectro das emoções. Uma hierarquia de funções. In: O RITMO DA VIDA: UMA DISCUSSÃO DA RELAÇÃO ENTRE PRAZER E AS ATIVIDADES RÍTMICAS DO CORPO, 2., 1966, Nova Iorque.
NARANJO, Claudio, MD, Os nove Tipos de Personalidade, Rio de Janeiro, Editora Objetiva, 1995.
PIERRAKOS, J. C. Energética da essência. 9ª ed. São Paulo: Pensamento, 1987.
REICH, W. A Função do orgasmo. São Paulo: Brasiliense, 1984.
REICH, W. O Assassinato de Cristo. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
Elias Júnior Minasi / Ponta Grossa / PR / Brasil – Terapeuta Corporal pelo Centro Reichiano. Publicitário, especialista em Marketing (Facinter), especialista em Redes Sociais (Lemmon School). Professor de Eneagrama. Diretor da Volare Comunicação e da Bird Eventos – Ponta Grossa/PR.
ORIENTADOR
Sandra Mara Volpi / Curitiba / PR / Brasil – CRP-08/5348 – Psicóloga (PUC-PR), Analista Bioenergética (CBT) e Supervisora em Análise Bioenergética (IABSP), Especialista em Psicoterapia Infantil (UTP) e Psicopedagogia (CEP-Curitiba), Mestre em Tecnologia (UTFPR), Diretora do Centro Reichiano, em Curitiba/PR.
Graduado em Comunicação e Marketing
Especialista em Redes Sociais
Formação como Terapeuta Reichiano pelo Centro Reichiano.
Residência em Análise Reichiana (Vegetoterapia) pelo Centro Reichiano.
Formação em Psicoterapia Breve Caracteroanalítica (PBC) pela Es.T.Er (Escola Espanhola de Terapia Reichiana).
Formação em Terapia do Renascimento e Eneagrama pelo Instituto Eneagrama Shalom
Especialista em Neuropsicologia, pela Faculdade Metropolitana de São Paulo.
Mestrando em Máster en Coaching Personal y Liderazgo Organizacional da Universidad Europea del Atlántico (em andamento).
Professor acreditado pelo IEA (International Enneagram Association – Brasil) e estudioso do Eneagrama desde 1994.
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