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Além de ser um método de terapia, Alexander Lowen dizia que a bioenergética é uma teoria da personalidade. É uma maneira de entender a personalidade a partir de uma perspectiva não somente energética como também psíquica. Aqui, espero demonstrar que a bioenergética é também uma maneira de entender conceitos religiosos e espirituais e, portanto, fornecer direções para se viver uma vida espiritual a partir da perspectiva da bioenergética.

A teoria da estrutura de caráter nos ensina que a criança, em uma tentativa de manter um sentido de segurança quando se sente ameaçada com a perda do amor de um pai ou mãe, desenvolve defesas de caráter psíquicas e físicas. A perda do amor do pai ou da mãe é sentida subjetivamente pela criança como algo doloroso e ameaçador e, á nível inconsciente, é sentida pela criança como uma ameaça á vida. Já que ser pai ou ser mãe é um processo imperfeito, todas as crianças, até certo ponto, experimentam uma ameaça existencial á sua vida. Para lidar com essa ameaça á sua existência, as crianças reprimem os sentimentos de ameaça á vida e separam esses sentimentos do seu self. Como adultos, esses sentimentos reprimidos são projetados como sentimentos em outros e/ou percebidos como forças que vêm do universo.

As defesas de caráter apenas mantêm ilusões de contato, segurança e amor, amortecendo a força pulsante da vida; portanto, a terapia é necessária para que o paciente tenha consciência do seu self reprimido e bipartido (split off). Se ele for capaz de trabalhar esses sentimentos de ameaça á vida, o adulto experimentará seu self em um estado de graça e fluxo.

“Trabalhar” significa trazer os sentimentos até o consciente, integrá-los ao self, ver os sentimentos como experiências do seu passado como criança e tratar de acompanhar as limitações musculares e da respiração. Da mesma maneira, se esses sentimentos não forem trabalhados, o adulto experimentará o seu self em estado de estagnação e não se sentirá em estado de graça. Quando o indivíduo não está em estado de graça, ele ou ela se sentirá desconectado dos outros e da vida e estará tão fora de tudo que ele ou ela perceberá o demônio ou o diabo como fora do self.

Quando as pessoas não estão em ground no bom e no ruim como realidades que pertencem ao self, para explicar suas percepções subjetivas, elas desenvolvem conceitos fora do self. Esses conceitos tornam-se Deus, para representar o Deus não pertencente ao self, e o diabo, para representar o diabo pertencente ao self. O trabalho de corpo é essencial nesse processo. Sem o trabalho de corpo, o Deus e o diabo permanecerão na cabeça, como um fenômeno racional, ou transcenderão como energia espiritual além do self e seu corpo.

Trazer os sentimentos até o consciente, integrá-los ao self.

Mente – Corpo – Espírito

Mente, corpo e espírito são conceitos tradicionalmente vistos como entidades discretas. A bioenergética vê a mente, o corpo e o espírito meramente como diferentes qualidades do self, e não ensina que um pode existir independentemente do outro. As práticas religiosas vêem esses conceitos como entidades distintas. Muitas práticas ocidentais foram desenvolvidas a partir da necessidade de lidar com a extrema pobreza, dor e misérias da vida. Ao fazer o espírito transcender a mente e o corpo, o self pode obter algum alívio da dor. Eu digo que essas práticas, apesar de servirem uma função, não têm ground e são defesas dissociativas. A dor que o homem moderno sente é, na sua grande parte, psicológica e inconsciente. Práticas religiosas não têm técnicas para desvendar os mistérios do inconsciente. Técnicas analíticas modernas, e especialmente a análise bioenergética, possuem essas técnicas.

O mesmo pode ser dito das chamadas experiências passadas da vida. Freqüentemente, partes do inconsciente são trazidas para o consciente. Se esses sentimentos conscientes não forem integrados analiticamente no self e vistos em termos de experiências pertencentes á infância, então será mais fácil atribuí-las á uma vida passada. São necessários muitos anos de muito trabalho para integrar esses fragmentos conscientes nos sentimentos embutidos no inconsciente.

Uma realidade diferente, uma maneira diferente de vida.

Quando a couraça muscular é dissolvida, pelo menos temporariamente, na sessão terapêutica, existe um fluxo livre de energia e o corpo, a mente e o espírito sentem-se integrados ao universo. Isso ocorre freqüentemente quando somos encorajados a enfrentar nossos demônios, negativismo e nossas resistências.

Entender o bem como energia que flui sem impedimento e o ruim ou o demônio como energia que é impedida ou bloqueada é um conceito Reichniano básico. Já que a couraça muscular é desenvolvida como uma defesa aos sentimentos que ameaçam a vida, quando as defesas musculares são dissolvidas nos defrontamos de novo com o medo da morte. Isto é, o paciente sente que, se ele ou ela se render, morrerá. Se nos rendermos, estamos nos preparando para aceitar a nossa própria mortalidade, a nossa morte. Eu vejo o mito da vida após a morte como uma defesa contra o medo de morrer ou se render. Se acreditarmos que existe vida após a morte então não estaremos totalmente nos rendendo porque apenas perderemos o nosso corpo.

Este é outro exemplo de defesa dissociativa já que a mente, o corpo e o espírito são um só. Uma vez que as práticas religiosas e espirituais não têm técnicas para dissolver e enfrentar esses tremendos medos do inconsciente, elas mantêm o mito da imortalidade. A bioenergética oferece técnicas para enfrentarmos a nossa mortalidade e, nas palavras de John Lennon, podemos “imaginar que não existe inferno abaixo de nós, e, acima de nós, somente o céu.”

Dizendo nossas preces bioenergéticas

As nossas defesas de caráter e armadura muscular nunca são completamente dissolvidas na terapia portanto, precisamos aprender a nos trabalhar pelo resto da vida, depois de terminada a terapia. Precisamos aprender a cultivar o desejo de trabalhar consigo mesmo e a re-experimentar a dor e o medo da nossa infância. Com o tempo, essa prática torna-se mais fácil e até bem-vinda já que ela é libertadora e melhora a vida. Trabalhar com esses assuntos é uma questão de profundidade. A terapia nos deixa entrar em contato com nossas defesas mas este é um processo que continua a vida inteira para que possamos reduzir as nossas defesas e armaduras. Quanto mais deixamos de ter medo da morte, menos medo temos da vida e da nossa mortalidade. Esta prática nos ajudará a permanecer em um estado de graça. Precisamos dizer as nossas preces bioenergéticas, isto é, precisamos kicar a fim de recuperar nosso medo da agressão e precisamos chorar no stool para recuperar nossa tristeza e emendar nossos corações partidos. Quaisquer que sejam os sentimentos que levantem as nossas defesas, eles precisam ser revisitados. Quando praticamos isso, nós enfrentamos nosso medo da expansão da vida e a contração final da morte.

As pessoas que já trabalharam comigo sabem que eu gosto de usar a analogia de um pêndulo. Quando ele vai para a esquerda, isso significa regressão e quando ele vai para a direita, significa progressão. Quando mais longe regredirmos, maior será o nosso progresso. O lado esquerdo ou sentimentos regressivos representam dor, medo, contração, o diabo, o ruim, o inferno, a falta de graça e a morte.

O lado direito ou sentimentos progressivos representam prazer, segurança, expansão, o Deus do self, o bom, o céu, a graça e graciosidade e a vida. Quando dizemos nossas rezas bioenergéticas, deixamos que o pêndulo gire para a esquerda para os sentimentos regressivos. O resultado é uma re-ação ou virada para a direita, entrando nos sentimentos progressivos.

Esta não é uma prescrição de vida fácil. É mais fácil projetar nossas falhas nos outros, ou no universo, ou transcender nossa dor através de práticas espirituais. Toda a realidade que precisamos para a vida está dentro de nós mas é necessário a vida inteira de intenso trabalho para recuperarmos nosso inconsciente e o nosso completo self.

Por Len Carlino – Phd – Trainer Internacional de Análise Bioenergética – Instituto Lumen

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Elias Minasi

Graduado em Comunicação e Marketing
Especialista em Redes Sociais
Formação como Terapeuta Reichiano pelo Centro Reichiano.
Residência em Análise Reichiana (Vegetoterapia) pelo Centro Reichiano.
Formação em Psicoterapia Breve Caracteroanalítica (PBC) pela Es.T.Er (Escola Espanhola de Terapia Reichiana).
Formação em Terapia do Renascimento e Eneagrama pelo Instituto Eneagrama Shalom
Especialista em Neuropsicologia, pela Faculdade Metropolitana de São Paulo.
Mestrando em Máster en Coaching Personal y Liderazgo Organizacional da Universidad Europea del Atlántico (em andamento).
Professor acreditado pelo IEA (International Enneagram Association – Brasil) e estudioso do Eneagrama desde 1994.