Estes são tempos únicos, não é mesmo? Nunca estivemos tão separados e tão juntos.
Tudo o que vem acontecendo por conta da pandemia e isolamento já é crise. Uma crise social que afeta níveis familiares e individuais, não é verdade?
O que significa uma Crise?
A palavra Crĭsis, no latim significa ‘momento de mudança súbita, faculdade de distinguir, decisão, momento difícil.
Toda crise tem duas faces: a do sofrimento e a da oportunidade. As crises podem ter origem em boas ou más experiências. Por exemplo, o nascimento de um filho, um casamento, um novo trabalho são experiencias motivantes que podem nos lançar numa crise, assim como uma enfermidade, um falecimento, um término.
Se qualquer acontecimento em nossa vida pode gerar uma crise, como é que surgem as crises e elas estão baseadas em quê e como podemos sair disto?
Núcleo saudável – essência – core
Nós funcionamos a partir de um núcleo saudável. Por mais que tenhamos dificuldades físicas ou psíquicas, em nosso centro – core – temos uma instância que sempre está saudável e pulsa gerando vida. No entanto, através de nossas experiências infantis desenvolvemos sistemas de defesa de forma inconscientes em nosso corpo, formando uma espécie de couraça, de armadura de defesas musculares e acima, uma personalidade, que funciona como uma máscara para entrar em contato com o mundo.
É como uma cebola, onde temos camadas. Estas defesas então vão se estruturando sobre o núcleo saudável, a fim de protege-lo. Durante o período de crise algumas dessas defesas podem se enfraquecer sem estarmos preparados para mostrar dores mais profundas, assim, nos desorganizamos em nosso sistema de funcionamento psico-físico-energético.
Auto Conhecimento
O processo de conhecer-se é importante nestes momentos, para perceber o que está acontecendo, o que está fora do funcionamento normal. Caso seja necessário, pedir auxílio, procurar ajuda profissional para re-equilibrar ou entrar no processo mais profundo de terapia.
Descobrir e entender o próprio jeito de funcionar é um caminho para que detectemos estes processos de quando nossas defesas se desfazem sem que estejamos preparados e entramos crises.
Defesas
As defesas que desenvolvemos na infância se manifestam como tensões ou contrações musculares, desta forma, em nosso passado de criança filtrávamos e controlávamos nossos impulsos energéticos e nossas emoções. Da mesma forma, psicologicamente criamos processos psíquicos para conter sentimentos. Na infância, isto foi fundamental para que pudéssemos sobreviver, no entanto, em nossa idade adulta não é mais necessário, mas continua lá, como motoristas invisíveis de nós mesmos. Vai se repetindo até que se torna um padrão de funcionamento psico-fisico-energético.
O conjunto destas defesas que cada pessoa desenvolve chamamos de caráter e personalidade. E são estes traços que durante a crise podem se desorganizar.
Respiração
Todos estes mecanismos de controle muscular podem nos levar a um excesso de inibição respiratória, como forma de sentir menos dor … Lembre-se quando nos machucamos o que fazemos? Prendemos a respiração. Que tem explicações fisiológicas e psiquicas. Recuperar a capacidade respiratória é uma excelente estratégia de auto conhecimento terapeutico.
Como falei no inicio, quero propor 3 exercícios respiratórios que podem nos ajudar em momentos próximos às crises ou no dia a dia.
- Identificar meu padrão de respiração
- Coloque uma das mãos sobre o peito e a outra, no abdômen, pouco abaixo da barriga. E, então, procure respirar normalmente percebendo qual das mãos se movimentam mais, ou seja, se sua respiração é abdominal ou torácica.
- Excelente! Tente alterar seu padrão, ou seja, se respira mais com o abdômen force a respiração torácica e vice-versa. Preste atenção às suas sensações, pensamentos, emoções. Isto diz muito de você.
- Respiração para ansiedade e pânico
- Procure inspirar pelo nariz e expirar pela boca
- Enquanto inspira, você vai puxar os ombros na direção da cabeça e aperte as mãos, fechando-as bem.
- Expire soltando o ar lentamente pela boca enquanto empurra os ombros na direção das pernas, abrindo bem as mãos.
- Encontre um ritmo que mais seja confortável e faça esse exercício por 5 ou 7 minutos.
- Pode produzir um relaxamento diafragmatico, aliviando os ombros e a cervical.
- Respiração de emergência.
- Em momentos de crise, quando estamos com muita ansiedade, ao ponto de não conseguir respirar, respire da seguinte forma:
- Pegue um saco de papel e coloque sobre a boca e nariz e respire dentro. Respire até sentir acalmar-se ou ser tomado por emoção ou choro. Poderá relaxar o diafrágma e permitir um relaxamento da ansiedade.
Crise é oportunidade. Auto-conhecimento é a chave que abre o caminho.