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Peste Emocional: um conceito cunhado por Wilhelm Reich para desginar a doença psicológica e emocional que é passada de geração a geração, depai para filho, de mãe para filha. Onde perpetuamos o modo de sentir, pensar e agir de gerações, condenando o ser humano a uma vida encouraçada.

“A peste emocional aglutina-se em círculos sociais, cuja influência se manifesta, sobretudo por uma opinião pública de intolerância em relação a tudo o que é amor natural. É conhecida e temida: sua punição golpeia toda manifestação amorosa sob falazes pretextos „culturais‟ ou „morais‟. Além disso, põe em funcionamento um sistema elaborado de difamação e delação”. (WILHELM REICH)

O indivíduo pestilento apresenta uma “contradição entre seu intenso desejo de vida e sua capacidade básica para preencher adequadamente esta vida” (Reich, 1951).

A maior arma contra a peste emocional é também a mais difícil de ser manuseada – a verdade, pois esta, muitas vezes, é manipulada inconscientemente, como um instinto de defesa para a preservação de quem se diz utilizá-la. Deve-se, pois, chamar a atenção para a vigilância dos princípios éticos de uma consciência voltada para si e para os demais, pois a verdade é a realidade mais pura, o contato mais pleno e imediato entre o ser vivo que percebe a vida que é vivida. Tentando atingir esse grau de discernimento, buscamos desenvolver nossas funções naturais (a vida em essência) e nos manter firmes em nossos propósitos na busca de uma amplitude existencial saudável.

Algumas normas são eficazes para interferir no desenvolvimento da peste, como indica Reich:

  1. Confiar na distinção entre uma expressão facial honesta de uma deformada – coerência.
  2. Insistir para que tudo seja às claras – honestidade
  3. Usar a arma da verdade com sensatez e determinação, pois o caráter da peste é geralmente covarde e não tem nada para oferecer.
  4. Encarar a peste de cabeça erguida. Domine seus sentimentos de culpa e reconheça seus limites.
  5. Caso necessário, exponha claramente os seus limites e justificativas pessoais, pois as pessoas compreenderão.
  6. Ajude sempre a minimizar a tensão de sentimentos de culpa, sempre que possa, especialmente em questões sexuais, terreno essencial do desenvolvimento da peste emocional.
  7. Tenha seus próprios motivos, objetivos e métodos completamente à vista e amplamente visíveis para todos.
  8. Aprenda, continuamente, tanto a perceber como enfrentar a mentira dissimulada – experiência.
  9. Catalize todos os interesses humanos para problemas importantes e práticos da vida, especialmente a educação de nossas crianças.

Na animação “Vida Maria” vemos como a Peste Emocional acontece em ambientes bem íntimos, numa família carente no interior do Ceará.

O filme nos mostra a história da rotina da personagem “Maria José”, uma menina de cinco anos de idade que se diverte aprendendo a escrever o nome, mas que é obrigada pela mãe a abandonar os estudos e começar a cuidar dos afazeres domésticos e trabalhar na roça. Enquanto trabalha ela cresce, casa e tem filhos e depois envelhece e o ciclo continua a se reproduzir nas outras Marias suas filhas, netas e bisnetas.

São apresentadas no filme imagens que mostram uma semelhança muito grande com a realidade, traços bem parecidos com o real onde vemos crianças que tem sua infância interrompida, muitas vezes para ajudar a família a sobreviver, infância essa resumida a poucos recursos e a más condições de vida.

A Maria do filme mostra prazer em apenas escrever seu primeiro nome, o momento em que sua mãe lhe chama a atenção dizendo: “Não perca tempo “desenhando” seu nome!”, é tirado o seu futuro de ser uma pessoa diferente de sua mãe, que não tem uma visão do futuro, querendo dar à filha a mesma criação que teve num processo de reprodução sem mudanças de suas perspectivas por comodismo.

O filme retratou como o indivíduo em formação internaliza os eventos e as experiências vividas na infância e como são determinantes para formação daquela pessoa na vida adulta. No filme a menina Maria foi arrancada do seu mundo lúdico, quando sua mãe a repreende por estar escrevendo, ela corta da vida da filha os sonhos, os objetivos de uma vida melhor.

A mãe da personagem vive aquela vida sem perspectiva por que foi isto que aprendeu e da mesma forma ensina a filha Maria e esta reproduz para seus filhos, que também foram estimulados a deixar de sonhar e de brincar. A ausência da educação nas gerações mostra como na infância é importante o lúdico e a escola.

Assista ao filme:

“VIDA MARIA” é um projeto premiado no “3º Prêmio Ceará de Cinema e Vídeo”, realizado pelo Governo do Estado do Ceará.

Ficha técnica
Gênero: Animação
Direção: Márcio Ramos
Ano: 2006
Duração: 9 min
Formato: 35mm
País: Ceará/ Brasil
Cor: Colorido
Produção: Joelma Ramos, Márcio Ramos
Co-produção: Trio Filmes, VIACG
Roteiro e edição: Márcio Ramos
Direção de Arte, edição de som e computração gráfica: Márcio Ramos
Edição de som: Márcio Ramos
Computação grafica: Márcio Ramos
Produção Executiva: Isabela Veras (Trio Filmes)
Finalização: Link Digital
Apoio: Colorgraf, Silicontech do Brasil, Softimage Cat
Mixagem: Érico Paiva Sapão
Música: Hérlon Robson
Storyboard: Michelângelo Almeida, Roberto Fernandez
Contador: Silvério Neto
Transcrição ótica: Rob Filmes
Tradução: Laura Lee
Efeitos Sonoros: Danilo Carvalho
Site: www.viacg.com
Vozes: Márcio Ramos
Revelação e cópias: Labo Cine

Elias Minasi