Gurdjieff https://minasi.com.br Alcançando a integralidade através de terapia holística. Transforme sua vida através de aconselhamento personalizado e treinamento motivacional. Mon, 15 Oct 2018 15:29:05 +0000 pt-BR hourly 1 https://i0.wp.com/minasi.com.br/wp-content/uploads/2024/09/cropped-MeuEuMelhor.png?fit=32%2C32&ssl=1 Gurdjieff https://minasi.com.br 32 32 103183256 Diálogos: Reich e Gurdjieff https://minasi.com.br/dialogos-reich-e-gurdjieff/ Mon, 15 Oct 2018 15:29:05 +0000 https://minasi.com.br/?p=1532 Tanto Gurdjieff quanto Reich concluíram que algo bloqueia o livre movimento e a expressão de energia no organismo. Gurdjieff chama a estes bloqueios de amortecedores e diz, por exemplo, que antes de podermos prosseguir com segurança para as formas mais elevadas de desencadeamento da Segunda Onda Consciente, a transmutação de emoções negativas e a formação de corpos de seres superiores – precisamos, como ele diz, “Destruir a crosta de vícios há muito acumulados” e “corrigir pecados antigos”, o que significa, para ele, a destruição dos amortecedores.

No início de sua carreira, Reich acreditava que a couraça muscular e a neurose tinham sua fonte em uma estase de energia. Mais tarde, determinou que os bloqueios psicológicos ou os mecanismos de defesa estão enraizados biofisicamente em contrações musculares crônicas. Mesclando os conceitos de Reich e Gurdjieff, formamos a seguinte perspectiva: amortecedores são manifestações da couraça muscular crônica. Para destruí-los, como Gurdjieff, e, nos termos de Reich, temos que derreter ou dissolver a couraça muscular.

Gurdjieff diz que a essência é nossa por direito de nascença, mas essa falsa personalidade não é. Reich concluiu que os impulsos e emoções centrais são nossos por direito de nascimento, enquanto a couraça de caráter é “dada” a nós por um mundo que odeia e teme o núcleo (o ser genital). Gurdjieff diz que as emoções negativas e destrutivas não têm centro, não são uma função da essência. Reich aprendeu que tais emoções são uma função da couraça, não do núcleo. Gurdjieff ensina que a falsa personalidade opera com total mecanicidade, que somos inconscientes de sua existência, sua motivação e sua fonte. Reich mostrou, no que diz respeito à couraça, como é formado na infância quando não temos controle ou compreensão do que está acontecendo conosco. No momento em que nos tornamos adultos, a falsa personalidade, a couraça, é completamente habitual ou automática.

Gurdjieff ressalta que o maior obstáculo para começar a trabalhar em si mesmo é nossa incapacidade de perceber como somos mecânicos, uma função para ele dos amortecedores. Reich mostrou por que nos apegamos tenazmente à couraça – ou por que se apega tenazmente a nós – como estamos aterrorizados de perdê-la por causa do medo de liberar a camada secundária da destrutividade, expressando as emoções primárias e experimentando uma rendição completa no orgasmo. Nós, como zumbis, podemos ser tolos ignorantes ou “lesmas” por manter nossos rostos falsos (como diz o neto de Belzebu), mas nossos rostos falsos nos protegem de impulsos poderosos e destrutivos que são assustadores para nós mesmos e para os outros (não podemos esperar que as crianças como o neto entendam a dor, podemos? Essa é a base racional para nosso medo de perder os amortecedores.

Gurdjieff ressalta que, se tentarmos um trabalho superior antes de destruir os amortecedores, evoluiremos, se for algo que não seja uma vida de fantasia, no que ele chama de fundamento errado. O que cristaliza é a crosta – a falsa personalidade – e isso pode levar à cristalização do que ele chama de “Hasnamuss”, caracterizado como uma pessoa que perdeu o contato com sua consciência (isso se compara bem ao que Reich define como “Caráter da Peste Emocional”). Se quisermos evoluir, no sentido de Gurdjieff, parece-me que devemos passar pelo processo de, nos termos de Reich, dissolver a couraça do caráter.

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As leis matemáticas e musicais no Eneagrama https://minasi.com.br/as-leis-matematicas-e-musicais-no-eneagrama/ https://minasi.com.br/as-leis-matematicas-e-musicais-no-eneagrama/#respond Sun, 04 Feb 2018 16:23:58 +0000 http://minasi.com.br/?p=1045 O eneagrama parece ter sido apresentado no Ocidente, em sua forma atual, por Gurdjieff. O conhecimento do funcionamento do eneagrama era um dos mais importantes e constantemente referido no sistema gurdjeffiano. Porém, parece haver evidências de que tal símbolo já fazia parte do conjunto de conhecimentos que antigas ordens sufis utilizavam, ordens estas com as quais Gurdjieff entrou em contato durante seu aprendizado (Godo 1995 -2).

Gurdjieff dizia que o ensinamento que jaz sob o eneagrama é “completamente autônomo, independente de outros caminhos“, dando a impressão de permear a humanidade em vários lugares e épocas.

A Lei de Três relaciona-se diretamente com a criação.

A Lei do três

O eneagrama é um símbolo cuja representação gráfica é de uma esfera dividida em nove partes. Essa figura encerra relações matemáticas simples e surpreendentes. Quando dividimos a unidade por 3, obtemos a sucessão infinita de 3, em uma dízima periódica, assim:
1/3 = 0.3333…

Se a isso somarmos mais uma terça parte obteremos:
1/3 + 1/3 = 0.6666…

Se repetirmos:
1/3 + 1/3 + 1/3 = 1
que também poderia ser expresso por 0.9999…

Esses 3 números – 3, 6 e 9 – dão origem ao triângulo do eneagrama que representaria a eneagrama 3 6 e 9“Lei de Três”, uma das Leis básicas que fazem partem do sistema de Gurdjieff.

A Lei de Três relaciona-se diretamente com a criação. Determina que todos os fenômenos podem ser compreendidos em termos de tríades geradoras que se expressaram em muitas tradições como o Pai-Filho-Espírito Santo; Brama-Shiva-Vishnu, na Índia; Keter-Chokma-Binah, na Cabala; Isis-Osiris-Horus, no Egito, etc..

Essa Lei diz que a geração de todos os fenômenos pode ser explicada pela interação de 3 forças: uma de maior intensidade, chamada de ativa que atua sobre a força de menor intensidade do conjunto que recebe o nome de passiva através da modulação e controle de uma força neutralizadora. A força passiva não é estática, ao contrário ela é atuante, mas possui uma intensidade menor que as outras duas. Gurdjieff (1991) refere-se à essas três forças usando os nomes de Santa Afirmação, Santa Negação e Santa Conciliação. Citando sua própria definição: “Todo novo surgimento provém de surgimentos anteriores através do ‘jarnel-miatznel’, quer dizer, através de uma fusão, cujo processo se realiza assim: o que está acima se une com o que está abaixo, com a finalidade de realizar por esta união, o que é mediano, o qual se converte, por sua vez em superior para o inferior seguinte, e no inferior para o superior precedente.” (Gurdjieff 1991).

Nada pode acontecer a não ser que essas três forças estejam presentes. 3009915205_83956b7228_zSem a neutralizadora, a ativa e a passiva ficam em inútil oposição e nada de novo pode surgir. Em nosso estado atual de consciência somos praticamente cegos à força neutralizadora, pois estamos sempre presos a dualidades. Para que sejamos capazes de perceber mais do que essa dualidade é necessário um nível de percepção diferente da realidade.

Costuma-se afirmar que as forças representadas pelos pontos 3, 6 e 9 são derivadas diretamente do Mundo de Uma Lei, ou seja, a própria emanação do Criador. Elas contêm a mesma substância que dará origem ao Mundo de Três Leis. Assim, podemos afirmar que o triângulo dentro do eneagrama simboliza a ação do próprio Absoluto na realidade. O ponto 9 conteria a Força Ativa e representaria a ordem “Seja!”, a ordem primeira que dá origem aos seres; o ponto 3 representaria a harmonização do novo padrão estabelecido e atuaria como a Força Neutralizadora, enquanto que o ponto 6 (Força Passiva) “abriria um espaço” na realidade para que o novo evento pudesse vir à existência. Por isso, se diz que a Lei de Três está diretamente relacionada com a criação e é parte da natureza intrínseca do Raio de Criação em si. Porém, quando saímos da análise dos fenômenos que envolvem a criação e passamos a fazer um estudo mais psicológico ou de atividades cotidianas, podemos observar que as qualidades das Forças Passiva, Ativa e Neutralizadora nem sempre se mantém nos mesmos pontos. O ponto 9 por exemplo, pode conter o Força Passiva, e assim por diante.

A Lei das Oitavas

Continuando, se agora dividirmos a unidade por 7 e somarmos outros sétimos sucessivamente, obteremos:

1/7 = 142857142857…
2/7 = 285714285714…
3/7 = 428571428571…
4/7 = 571428571428…
5/7 = 714285714285…
6/7 = 857142857142…

Eneagrama hexadeOs números 3, 6 e 9 não aparecem nessas dízimas e a seqüência dos números sempre é a mesma: 142857. Essa seqüência dá origem a figura que acompanha o triângulo e representa a “Lei das Oitavas”.

Poderemos nos perguntar porque usar o número sete? Ao que parece, este número estaria associado à própria capacidade cerebral de discriminar e classificar os fenômenos. Vemos a escala de sete notas musicais, as sete cores do arco-íris, os sete dias da semana, etc.. (Godo 1995 – 2).

A Lei das Oitavas mostra que todo o fenômeno evolui ao longo do tempo numa série de passos seqüenciais e que isso determina uma hierarquização. Essa seqüência no entanto, não é uniforme; existem períodos de aceleração e desaceleração, ou ainda, a energia que impulsiona o surgimento do fenômeno torna-se alternadamente mais forte e mais fraca. Existe portanto, pontos cruciais nessa seqüência onde energias adicionais devem ser colocadas para que não ocorram desvios que podem acarretar a não concretização do fenômeno. A esses pontos dá-se o nome de “choques”. Quando uma energia adicional não é colocada no ponto de choque ocorre um desvio na evolução do fenômeno que o distancia da sua concretização.

As Leis que determinam a seqüência dos eventos que compõem um fenômeno qualquer, já eram conhecidas em civilizações antigas e parece ter sido a origem da escala de sete tons da música. Logo, a lei das oitavas pode ser expressa como se segue:

escala choque

Os choques correspondem aos semitons que representam o momento, no desenrolar do fenômeno, em que uma energia externa deve ser colocada. Se o primeiro choque for dado, a oitava se desenvolve naturalmente sem desvios até o Si. Nesse momento um novo impulso deve ser colocado para que a oitava alcance o próximo Dó.

Gurdjieff dizia que qualquer evento dentro da Lei das Oitavas, vai evoluir, desde que a energia para os choques seja introduzida, de Dó para Ré, de Ré para Mi, para Fá, Sol, Lá, Si, Dó, sendo que este último Dó, por sua vez tem as mesmas características do Dó inicial, só que ele vai estar situado em uma dimensão energética ou numa qualidade acima.

A seqüência de dó a dó é chamada de “oitava humana” ou “oitava evolutiva” porque a partir de um nível de energia inicial, o processo segue através de um conjunto de passos, até atingir um resultado que reflete o ato inicial num outro nível ou qualidade ou energia. Os momentos de choque receberam a energia necessária de tal forma que o processo chega ao Si final. Esse processo ocorre quando temos uma intenção inicial e chegamos ao final obtendo aquilo que havíamos proposto a nós mesmos no início. Nesse caso, a qualidade do produto final costuma ser apenas suficiente para os padrões cotidianos e encontra-se dentro dos valores normais em termos de eficiência, bom gosto, criatividade, produtividade, etc. dependendo do evento que analisarmos.

Mas, devemos notar que a Lei das Oitavas afirma que o nível de energia que ocorre em um patamar é suficiente para que o Dó evolua para Ré, e para que o Ré evolua para Mi, mas a partir desse ponto, não existe mais energia suficiente intrínseca para que o processo siga em frente na sua exata dimensão. Se a energia adicional não for colocada, o processo tende a parar, o que é muito comum. Se for colocada energia mas esta for insuficiente, o processo pode seguir em frente mas em um nível mais baixo: de Fá passa para Sol, Sol para Lá, Lá para Si e aqui novamente temos uma outra parada. A partir desse ponto o processo decai de novo caso, seja colocada uma energia baixa, e chega a um outro patamar. Esse tipo de evolução de processos costuma ser chamado de “oitava natural”, pois acontece naturalmente onde existe pouca energia para manter o processo. É também chamada de “oitava do homem adormecido”. Aqui o produto será sempre degenerado ou inferior em relação à idéia inicial. O esquema seria assim:

escala inferior

No entanto, ainda existe uma terceira possibilidade, onde no choque entre Mi e Fá existe um suprimento de energia extra, que é capaz de elevar a oitava para um nível acima em termos de qualidade. Nesse caso, damos o nome à essa oitava de “oitava do Trabalho” ou do “homem consciente”. A qualidade final do processo é notável e situa-se bastante acima do padrão comum. O esquema seria este:

escala superior

Através dos diagramas fica claro que existem várias possibilidades, onde, por exemplo, o choque entre Mi e Fá pode acontecer e o choque entre Si e Dó não, o que acarreta uma gama muita grande de variações. No entanto, o elemento básico e mais importante que atua como energia nos momentos de choque é a atenção. Muitas vezes será a qualidade da atenção que definirá os processos. É necessário estar atento à evolução do processo e principalmente, estar atento nos momentos chaves, onde o choque se faz presente. E além disso, é necessário ter atenção suficiente para perceber qual a qualidade do choque. Muitas vezes a energia necessária está no próprio ambiente à nossa volta e para percebe-la é necessário desenvolver uma certa sensibilidade à realidade, tentando perceber as nuances e sutilezas. Às vezes é necessário uma energia de ordem física, às vezes, emocional ou intelectual. É necessário treinar essa capacidade de discriminação sutil para que a energia produzida no momento seja realmente útil.

Subir na oitava em ambos os choques não é muito comum. Esse aumento de qualidade e a geração de um produto especial, só é possível para as pessoas muito bem treinadas. É muito raro, mas é possível. Todas essas alternativas existem. E isso pode ser aplicado para qualquer evento. Podemos analisar a negociação de um contrato usando esse modelo; estabelecer a planta de um escritório ou de um prédio. Podemos definir com antecipação se queremos um resultado aceitável, razoável ou se queremos um resultado excepcional. E então, devemos definir precisamente quais são os pontos em que deveremos colocar energia para atingir as metas que desejamos. Não adianta colocar energia antes ou depois do momento preciso porque isso não modificará substancialmente o resultado.

Sabemos que a energia necessária entre os pontos Mi e Fá é a metade da necessária entre os pontos Si e Dó. Gurdjieff, em seu livro ‘Relatos de Belzebu a seu Neto’, chama ao primeiro choque de “mdnel-inn-mecânico-coincidente” e ao segundo de “mdnel-inn-voluntariamente-realizado”. A diferença entre eles parece residir no fato de que a energia para que o primeiro choque aconteça, tem uma maior chance de ser provida pelo próprio ambiente, mas a energia para o segundo choque deve necessariamente vir da pessoa envolvida com o processo.

Estudo Vivencial: Lei das oitavas e Eneagrama

“A estrutura do Universo é tal que nenhum processo, causal ou intencional, poderá chegar ao seu termo exceto em condições ambientais planejadas”, afirmava Gurdjieff. Essa proposição pode ser observada em todos os eventos. Isso acontece porque na vida cotidiana as coisas sempre acontecem por si mesmas e carregam os indivíduos na direção que o acaso determina. “Condições ambientais planejadas” significam ou implicam em atenção para com os atos e suas consequências e para com os sinais que a realidade constantemente nos dá, para que sejamos capazes de escapar da lei do acidente.

Por isso, o estudo da Lei das Oitavas e do eneagrama deve ser sempre experiencial. Implica em uma atitude de maior responsabilidade frente aos eventos que desencadeamos. Esse estudo nos conduz a perceber os momentos em que devemos estar mais atentos para desencadearmos os choques corretamente, de forma a garantir que o desenrolar do fenômeno aconteça a contento. E ainda, ajuda-nos a cumprir os objetivos que muitas vezes iniciam-se com um forte impulso, mas que aos poucos esmorecem, ou se desviam. Por exemplo, começamos empolgados com a idéia de trabalharmos sobre nós mesmos e terminamos perdidos em ilusões intelectuais, arrogância, etc.. Muito pouco acaba por sobrar do objetivo inicial até que, em momentos determinados, percebemos o quanto nos afastamos dele e tentamos começar tudo de novo.

A necessidade pelo estudo destas Leis era sempre bastante enfatizado na Escola Gurdjieffiana. A compreensão e a utilização consciente de suas premissas eram, em si mesmas, princípios que poderiam libertar o ser dos processos mecânicos da máquina. Segundo Gurdjieff (1991) o estudo das Leis Cósmicas terminaria por gerar em nós a “propriedade divina” da “imparcialidade”. Para compreender melhor esse termo, sugerimos a leitura do tópico “O Eu-Observador de Gurdjieff“.

Se observarmos o desenho do eneagrama com atenção perceberemos que o segundo choque está, aparentemente no local errado, pois ele deveria estar entre Si e Dó e no entanto, ele aparece entre Sol e Lá.

Na verdade, depois que uma oitava se iniciou, se o primeiro choque for corretamente dado, nesse ponto (número 3) começará o desenvolvimento de uma segunda oitava paralela à primeira, onde o ponto 6 da primeira oitava (choque) corresponderia ao ponto 3 da segunda oitava, o ponto de choque (Ouspensky 1993) – veja figura ao lado. image086Sempre que iniciamos um evento muitas outras oitavas paralelas se desenvolvem, levando-nos, se tudo der certo, a uma espiral em direção a objetivos cada vez mais amplos. Por exemplo, o estudo de um livro muito difícil mas muito importante, pode gerar uma segunda oitava paralela, por exemplo, da formação de um grupo que se dispõe a estudá-lo. Desse estudo outras oitavas podem se desenvolver com as propostas de trabalhos práticos que o grupo pode executar com a finalidade de experienciar as idéias do livro. Uma outra oitava pode surgir se o grupo decidir fazer um trabalho que leve as idéias do livro para fora do contexto do grupo, por exemplo, através de uma peça teatral. Uma outra oitava surgiria então envolvendo as pessoas que entrariam em contato com essa peça, culminando em outra oitava da formação de um novo grupo de estudos, por exemplo, e assim por diante.

Até agora falamos apenas do percurso “externo” do eneagrama que vai do ponto 1 seqüencialmente até o ponto 9 (ou de Dó a Dó). Existe porém um segundo caminho que é o caminho “interno” cuja seqüência é a interna, ou seja a dos números que formam a dízima periódica 142857. Esse caminho indica a direção e o fluxo de influências dentro da própria estrutura.

O caminho externo, portanto, é fundamentado pela Lei das Oitavas, enquanto que o interno o é, pela Lei de Três. Analisando cada ponto em separado, pelo caminho interno, notamos que ele se liga à outros 2 pontos. Cada um desses pontos irá interagir com o ponto de análise, de forma a complementar o evento, seja mandando ou recebendo energia. O ponto central é o local onde as informações são recebidas, elaboradas e enviadas para o próximo ponto, gerando uma energia adicional que dará condições para a continuação do processo.

Se o ponto central é o ponto onde devemos interferir, isso significa que ele representa o momento presente. E neste instante, temos a possibilidade de estarmos interligados com o passado e o futuro ao mesmo tempo. Assim, dizemos que cada evento ocorre simultaneamente no passado-presente-futuro. Devemos compreender que o passado já se foi e que o futuro ainda não existe. Assim sendo, o único momento que realmente conta é o momento presente; ele existe como uma continuação do passado e poderá evidentemente, determinar os acontecimentos futuros. Com a ajuda do eneagrama podemos localizar que lugar do passado e do futuro devemos analisar, interferir ou não, para realizar algo desejado, com eficiência e com o menor dispêndio de energia possível. A energia que sobra, poderá então ser utilizada para os pontos de choque das oitavas paralelas.

Dança Sufi

O eneagrama também é usado associado à técnica dos “Movimentos” (Técnicas do Quarto Caminho). Gurdjieff enfatizava muito essa técnica onde os Movimentos eram feitos em grupo e seguiam o caminho interno, externo ou ambos, dependendo do Movimento. Um exemplo disso é o Eneagrama das Emoções onde a cada ponto se associa um postura física com a geração de uma emoção, sendo que nos pontos de choque as emoções associadas são caracterizadas por uma “estranheza” em termos das emoções do Centro Motor. Geralmente são emoções não-polares e possibilitam a oportunidade do indivíduo desenvolver novas “atitudes emocionais” frente a si mesmo e à realidade. Além da seqüência externa das emoções temos também uma interna, onde observamos como cada emoção influencia e é influenciada pela emoção seguinte.

Além disso, o eneagrama também está associado a cerimônia de “Giros Dervixes” em algumas Ordens Sufis, onde 9 dervixes se situam nos 9 pontos do eneagrama. Os praticantes desse tipo de ritual buscam compreender o eneagrama através da “dança consciente”, pois é durante a prática que surgem a eles os insights básicos que revelam os segredos desse símbolo.

Movimentos de Gurdjieff

Inicialmente, o eneagrama parece ter sido usado apenas em situações de aprendizado, seja pelos indivíduos envolvidos, por grupos ou para analisar a própria estrutura da Escola ou ensinamento. Atualmente, com a crescente divulgação dos trabalhos de Gurdjieff e de seus discípulos, o eneagrama passou a ser aplicado em outras áreas tais como, a psicologia, com a teoria dos “tipos psicológicos” (com Oscar Ichazo, Claudio Naranjo) ou em atividades empresariais (Godo 1995 – 3). Porém ele pode ser aplicado em todos os fenômenos observados pois segue leis que permeiam a vida como um todo. Vários autores se dedicaram intensamente ao estudo desse símbolo e suas aplicações práticas, como por exemplo I.B. Popoff (1978) e J.G.Benett (1983).

Assunto relacionado: A lei universal do 3, 6 e 9

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O Eu-Observador de Gurdjieff https://minasi.com.br/o-eu-observador-de-gurdjieff/ Sun, 05 Nov 2017 15:23:10 +0000 http://minasi.com.br/?p=685

“O objetivo da auto-observação é o de nos capacitar a modificar a nós mesmos. Mas o seu primeiro objetivo é o de nos fazer mais conscientes de nós mesmos. Somente isso nos habilita a começar a mudar”.
– M. Nicoll

“As reações mais aparentemente inócuas e insignificantes que surgem em nós, ou eventos que aparecem ao nosso redor e nos puxam para longe mesmo dos mais firmes dos nossos propósitos e intenções são as mesmas coisas contra as quais nós deveríamos nos precaver, porque elas são tão insignificantes que penetram as defesas da atenção; tão pequenas que facilmente ultrapassam a barreira de imunidade do auto-conhecimento; as interrupções involuntárias da atenção são sintomáticas de um ponto cego em nós mesmos. Se nós vemos o que nos distrai, poderemos não ser tão facilmente seduzidos novamente pelo trivial e pelo comum.”
– E.J.Gold

Em suas descrições acerca do homem, Gurdjieff dizia que existem quatro estágios de consciência: dois que são comuns a todo ser humano e dois que são possíveis, se houver o esforço e a oportunidade adequada:

  1. Sono: este estado é o do homem dormindo
  2. Estado de vigília: este é o estado de funcionamento da máquina e é caracterizado pela consciência semi-desperta do dia-a-dia, consciência esta que está bastante próxima do estado do sono, com seus “sonhos acordados” (fantasias, devaneios) e que na maioria dos casos, é o máximo que o ser humano pode atingir. É importante notar que nesse estado, o ser humano cicla entre o estado de consciência dos minerais, por vezes dos vegetais, ou dos animais. A consciência que caracterizaria o homem encontra-se nos dois estágios seguintes.
  3. Estado de auto-recordação: este estado é caracterizado pela capacidade que o homem tem de “lembrar-se de si mesmo”, ou seja, neste estado existe o desenvolvimento de um “eu” que está presente e é capaz de ter consciência de si mesmo.
  4. Estado de consciência objetiva: este seria o estágio mais elevado de consciência possível ao homem e neste estado, sua apreensão das realidades externas e internas possuem como característica principal a objetividade. Com o termo “objetividade”, Gurdjieff se referia à apreensão das coisas como elas são verdadeiramente, e não como as vemos através dos filtros e condicionamentos da máquina.

O estado de auto-recordação implica na formação de um “eu permanente” e que tem a capacidade de “recordar”. O termos “eu” e “recordar” podem ser compreendidos em múltiplos níveis, mas inicialmente nos basta discutir que com o termo “recordar”, o Quarto Caminho refere-se à uma capacidade que deve ser desenvolvida de lembrar-se de si mesmo como existindo num momento presente e ocupando um local definido. Para que essa habilidade seja desenvolvida, devemos passo a passo despertar esse “eu” em primeiro lugar, e em segundo lugar, sermos capazes de nos recordar dele constantemente.

me and my shadowO estado atual do ser humano é caracterizado por uma multiplicidade de “eus temporários”. Nas palavras de M. Nicoll: “Nós temos que nos observar corretamente, de um ponto de partida definido, numa direção definida. Em primeiro lugar, não somos um, mas muitos. Nós somos um homem pensante, um homem emocional, um homem motor e um homem instintivo que sente fome, frio ou calor, bem ou mal estar.” Basta notar a pouca capacidade que possuímos em manter nossas determinações. De manhã resolvemos tomar uma determinada atitude; à noite,estamos deixando aquela resolução de lado, porque naquele momento, ela deixa de ter a importância que tinha pela manhã. Gurdjieff dizia que somos formados por um “saco de eus”, que se conhecem pouco e estão sempre dispostos a assumir o controle.

A ilusão de que somos uma só pessoa nos impede de compreender o porque das coisas serem como são em nossas vidas e o porque de estarmos sempre repetindo os mesmos erros ou enfrentando as mesmas dificuldades que nos impedem de cumprir com que havíamos resolvido.

Muito da causa do sofrimento humano pode ser encontrado aqui. Existe pouco acordo entre as emoções, pensamentos e reações do ser humano e por isso, além dessa incongruência, que é marca registrada dos homens, encontramos também o sofrimento, a sensação de impotência e falta de liberdade para lidar com os conteúdos internos e com os acontecimentos e solicitações da realidade.

Como se não bastasse, a consciência disso tudo é muito pequena. Temos a ilusão de que somos “íntegros” e que, se as coisas não dão certo, a culpa é da realidade em si. Existe muito pouca objetividade em analisarmos nossa situação presente.

No sentido de buscar resolver essa problemática, o exercício de auto-observação foi introduzido nas Escolas do Quarto Caminho. A auto-observação consiste em desenvolver a capacidade de observar nossas atitudes, emoções e pensamentos o maior tempo possível, tentando perceber esta situação de “quase-esquizofrenia”, frequente na vida da maioria dos indivíduos.

Essa técnica visa desenvolver um eu-observador, ou seja, um centro dentro do indivíduo que é imutável e que tem como objetivo observar os conteúdos internos ao longo do dia. Por exemplo, observar a si mesmo (posturas físicas, máscara facial, diálogo interno, emocionalidade) quando se está sozinho e quando alguém entra no ambiente. Perceber o que acontece quando pessoas diferentes entram nesse ambiente, por exemplo, um filho (a), esposa (marido) ou o chefe. Para cada evento diferente, é solicitado que observemos a reação que surge mecanicamente em resposta. E essa reação pode ser observada em seus detalhes mínimos, tipo, a contração dos lábios, o movimento da cabeça ou das mãos, etc..

Com o tempo esse eu-observador passa a representar o núcleo ao redor do qual sera construída, posteriormente, a “sensação de ser” do indivíduo. É um primeiro passo em direção ao desenvolvimento de uma tomada de consciência de si mesmo e consequentemente, da capacidade de auto-recordar-se.

Somente com essa capacidade desenvolvida podemos pensar em mudar o nosso estado. É nessa fase que podem ser introduzidos os primeiros trabalhos da supressão de hábitos muito nocivos e que gastam muito energia tais como, emoções negativas, tiques nervosos ou movimentos corporais repetitivos e desnecessários, etc.. Gurdjieff afirma queobservar a si mesmo é extremamente difícil e que inicialmente, muito do trabalho consiste apenas em tentar fazer isso. Segundo ele, o sucesso em relação à essa prática demora muito a acontecer e em alguns casos, pode mesmo vir a não acontecer jamais. Ele alerta para que os indivíduos tenham cuidado em não imaginar que estão conseguindo resultados e embarcar numa auto ilusão em relação aos seus esforços.

Me and My Shadow

Uma característica fundamental da prática da auto-observação é que ela deve ser conduzida de forma completamente imparcial. Se observamos por um tempo curto nossos pensamentos mecânicos vemos que grande parte deles envolve julgamentos polarizados do tipo gosto-não gosto, feio-bonito, bom-ruim, certo-errado, e que isso nos mantém aprisionados numa rede de emoções mal trabalhadas e pouquíssimo conscientizadas.

Devemos evitar qualquer senso moral em nossas observações ou tentar modificar nosso comportamento, pois inicialmente, não temos nenhum poder para compreender ou mudar a maneira como as coisas acontecem. As exceções em termos de introduzir modificações de hábito devem, necessariamente, ser determinadas por um instrutor e geralmente, no início, se reduzem aos casos citados no inicio do parágrafo anterior.

Devemos tentar observar que a mecanicidade é parte intrínseca da vida biológica como um todo. Raros são os momentos de liberdade, onde o modelo vigente pode ser questionado e algo realmente novo pode surgir. Em nossa vida como seres humanos sociais, estamos totalmente amarrados na trama do grupo ao qual pertencemos. Nossos comportamentos, emoções e pensamentos são determinados pelo grupo e muito do que achamos que fazemos ou sentimos ou pensamos, na verdade faz parte de nossa herança genética e do arranjo social em si. Muitos dos nossos afazeres diários, apesar de muitas vezes nos parecerem tão importantes e únicos, na verdade, são apenas arranjos dessa teia social. Por isso, durante a fase de treinamento da auto-observação, devemos nos limitar a perceber os jogos “primatas” e ver o quanto somos parte dele, intrinsecamente.

A própria realidade com a qual temos contato não deve ser compreendida como sendo a realidade verdadeira. A percepção da realidade que o ser humano exerce tem sido foco de estudos científicos (ver H. Bloom) e os resultados são bastante surpreendentes. Ela parece ser fruto de nossas interações sociais e é fortemente determinada pelo o que o grupo “acredita” ver, sentir ou pensar. Por isso, ela vem sendo chamada de “realidade de consenso” para diferencia-la daquilo que seria a realidade em si. Essa oclusão perceptiva é determinada por mecanismos genéticos, biológicos e sociais que fazem parte da própria natureza do homem. Porém, devemos compreender que, o que chamamos aqui de “ser humano” é um ser que encontra-se num estado muito aquém de sua capacidade de conscientizar-se e de prestar atenção de forma voluntária e constante, buscando perceber as sutilezas de seu comportamento e da realidade ao seu redor. Ele responde mecanicamente e se deixa conduzir pelos fluxos de opiniões, atitudes e percepções da maioria. Por causa desse nosso imperativo biológico, devemos acreditar que quanto maior nossa imparcialidade e ausência de julgamentos morais durante o treinamento da auto-observação, menos desperdiçaremos nossa energia com emoções negativas ao longo do processo.

No entanto, Gurdjieff falava que esse tipo de exercício desperta aquilo que ele chamava do “horror da situação”, onde o indivíduo em treinamento passa a ter uma visão mais real de sua situação lamentável. Apesar de ser uma emoção incômoda, o “horror da situação” desperta no praticante um desejo real em transformar-se e por isso, ela não deve ser evitada. É importante frisar que apenas o desejo intelectual é totalmente inútil para que a pessoa possa encontrar em si uma real vontade e disciplina para fazer os esforços necessários para sua transformação.

A prática da auto-observação nos permite, talvez pela primeira vez em nossas vidas, a perceber que existe algo que pode escapar da mecanicidade dos jogos grupais e da realidade de consenso. Esse “algo” é a própria consciência da existência de um “eu” ou de uma “sensação de ser” que está fora desse mundo adormecido e inconsciente. Ele tem uma outra natureza e possui como características uma sensação de permanência e de “eternidade”, pois independe dos dois maiores fatores de identificação com a máquina que possuímos que são a noção da passagem de tempo e de estarmos limitados em um espaço físico.

Em nossa vida adormecida confundimos nosso ser com a máquina. Julgamos que somos algo que não somos, que estamos confinados a um corpo que ocupa um lugar determinado no espaço, e que nossa vida se resume numa sensação temporal, de um passado mal registrado e pouco conscientizado e num futuro não garantido e aguardado ansiosamente. Fora de um ambiente de Escola, é muito raro termos a oportunidade de observar e experienciar nosso “eu” real. A auto-observação imparcial é a primeira chave para isto.

Nenhum tipo de mudança será possível sem que primeiro despertemos do sono que envolve nossa máquina. E muitas tradições têm chamado atenção para esse fato. Gurdjieff em um de seus aforismas diz: “Para que possamos viver, devemos morrer para o que somos e para que possamos morrer para o que somos, precisamos primeiro despertar”. Ou seja, sem que despertemos, não somos capazes de perceber que aquilo que imaginamos que somos precisa ser transformado em algo que realmente nos habilita a dizer que estamos vivos, uma vez que é bastante questionável afirmar que existe vida real no estado de inconsciência. A vida real está localizada para muito além da inconsciência. Ela é eterna, absolutamente consciente de si, e está sempre presente em todas as partículas da criação. A menos que consigamos sentir a nós mesmos intrinsecamente fazendo parte dessa corrente que flui incessantemente, não podemos sequer falar sobre isso.

Imago do Homem Moderno

É comum na literatura referente ao Quarto Caminho, o uso de uma metáfora que nos auxilia a compreender o estado do homem. Essa é a metáfora usada por Gurdjieff de uma carruagem, onde o amo representa o eu, a carruagem em si é a parte motora do Centro Motor, os cavalos a parte emocional e o cocheiro a parte intelectual. Na máquina adormecida, não existe a presença do amo e assim, a carruagem permanece andando sem uma direção ou objetivos definidos. A menos que o amo esteja presente, não se pode dizer que nossas vidas alcançarão algum propósito real. Elas permanecerão à mercê daquilo que em nós representa as idéias e desejos inconscientes de um grupo social ao qual estamos interligados.

O que compreendemos como sendo esse “eu”, inicialmente, através do treinamento da auto-observação, será limitado ao que a Escola do Quarto Caminho chama de “eu observador”. Esse núcleo primário de consciência de si mesmo permanece confundido com o ato de observar, como se desenvolvêssemos uma “testemunha” dentro de nós, que é capaz de registrar conscientemente os eventos da realidade e os movimentos, sentimentos e pensamentos internos.

E é esse “eu” que paulatinamente passa a ser “recordado” pelo praticante, ou seja, aos poucos o indivíduo que está em treinamento passa a “lembrar” de que existe um núcleo dentro de si que atua como uma testemunha e essa capacidade o reconduz ao estado.

Nicoll refere-se à relação que deve ser estabelecida com o “eu”, da seguinte forma: “Para lembrar-se de si mesmo não devemos nos identificar. Para aprender a como não se identificar, devemos primeiro não estar identificados com nós mesmos. Por esta razão devemos aprender e praticar a Auto-Observação. Quando percebemos que não necessitamos acompanhar um estado de humor, etc., mas podemos atrair o sentimento de ‘eu’ da situação, nós começamos a enxergar o que significa não estarmos identificados com nós mesmos.”

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Assim, como decorrência do treinamento da auto-observação, a sensação de ser permanecerá misturada com a sensação de “ser uma individualidade”, ou seja, o “eu” ainda é limitado ao corpo físico e seus conteúdos emocionais e mentais. Portanto, nesses primeiros estágios já existe uma ampliação que vai da inconsciência para a consciência pessoal. A “recordação” aqui limita-se à recordação de que se é essa individualidade. No entanto, a experiência de “eu” ou da “sensação de ser” do indivíduo, através de exercícios posteriores, principalmente o da Presença (ver próximo tópico), passará por desenvolvimentos bastante sofisticados e se expandirá ao longo dos anos de treinamento. Esse “eu” deixará de estar limitado à uma sensação pessoal ou egóica e será conduzido a níveis cada vez mais abrangentes e unitivos, de forma que, nos momentos posteriores de treinamento, o indivíduo será conduzido a sentir-se como fazendo parte da criação como um todo, pois o que nele “é” está também presente em toda a criação (ver próximo tópico). Com isso, o indivíduo rompe lentamente e de forma controlada, sua limitação em termos de “ser” e passa a possuir uma consciência unitiva, fundamentalmente mais abrangente que a consciência pessoal. O próprio ato de “recordar-se” não mais se restringe à essa esfera pessoal, mas agora abrange níveis mais sofisticados, nos quais a própria criação testemunha a si mesma e recorda de sua origem, onde reside sua própria essência e natureza.

O nível descrito acima pode ser correlacionado com o quarto nível citado por Gurdjieff e chamado de “estado de consciência objetiva” e só pode ser alcançado dentro de uma Escola, através de trabalhos direcionados e esforços apropriados.

Exercícios básicos para treinar a auto-observação

1) Procure relaxar a máscara facial quando conversar com alguém. Observe a tensão dos músculos desaparecendo e a máscara facial derretendo como se fosse feita de cera. Tente não alterar o curso da conversação. Pesquise, sem chamar atenção, se haverá modificações no comportamento da pessoa com quem você estiver conversando.

2) Escolha uma das situações abaixo para auto-observar-se:

  • a) diante de uma pessoa que você não gosta
  • b) assistindo televisão
  • c) praticando um esporte
  • d) tomando banho
  • e) esperando na fila do banco

3) Auto observe-se a cada 15m ao longo de alguns dias (uma semana é um prazo razoável) e anote suas constatações em um caderno. Procure descrever resumidamente seu estado físico, emocional e intelectual. Descreva-os objetivamente, como um observador imparcial, e evite fazer julgamentos a todo custo.

4) Depois de um período de auto observação, faça uma lista de seus hábitos. No dia seguinte, escolha um dos hábitos anotados e procure evita-lo ao longo de todo o dia. Não se esqueça de ser imparcial. Perceba que esse exercício busca fazer do hábito escolhido uma ferramenta para despertar o estado de auto-observação.

5) Ainda de posse da lista do exercício anterior, escolha um outro hábito e tente repeti-lo, ao longo de alguns dias, de forma totalmente consciente e nova, como se fosse a primeira vez que você estivesse fazendo aquilo. Perceba os detalhes que envolvem os gestos de seu corpo, suas emoções e pensamentos.

6) Ainda da posse da mesma lista, procure escolher um hábito que você sente que consome muito de sua energia. Dê preferência a hábitos de ordem corporal, como tiques nervosos do tipo, ficar batendo os dedos na mesa, ou balançando a perna, etc.. Uma vez detectado tal hábito (se é que você apresenta algum deste tipo) tente educar-se no sentido de não mais repeti-lo.

7) Tente ao longo de uma semana, fazer algo totalmente diferente de seus hábitos. Vá passear num parque, ou comer uma comida diferente, ou praticar algum esporte, qualquer coisa que não faça parte de sua rotina. Se você tiver disponibilidade, faça isso uma vez por dia, ao longo de toda a semana. Use esses momentos para observar a si mesmo.

8 ) Procure dar 15m de atenção a alguém que realmente não precisa. Num outro dia, tente fazer o mesmo com alguém de quem você não gosta ou tenta sempre evitar. Auto observe-se durante o processo.

9) Caminhe por uma região não muito movimentada. Comece a observar intensamente cada passo que você der. Aumente a qualidade e perfeição de cada passo, fazendo para isso, modificações sutis no ritmo, na forma como o equilíbrio se estabelece no caminhar, na forma como você coloca o pé no chão, nos movimentos dos braços, postura da cabeça, contração dos músculos da face, etc.. Note o quanto você consegue quebrar a mecanicidade do ato de andar. Tente fazer esse exercício utilizando-se de outras atividades rotineiras.

10) Antes das refeições, diga a seguinte frase, como se você estivesse fazendo um pedido ou uma oração: “eu desejo lembrar-me de mim mesmo”. Então, tente alimentar-se de forma consciente, mantendo a lembrança de si ativada. Procure sentir os alimentos como representantes dos reinos inferiores ao homem sendo incorporados em você e elevados pelo seu estado de auto-recordação ou consciência.

11) Arrume um saquinho de pano ou papel (melhor seria se você mesmo costurasse ou montasse um) e decida colocar dentro dele uma moeda de valor mais elevado, cada vez que você perceber que caiu em alguma emoção negativa de forma descontrolada. Faça isso ao longo de uma semana. No final do período, dê o dinheiro todo para um mendigo ou instituição de caridade.

Fonte: NKHOOJA

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