O eneagrama, por outro lado, é um sistema de tipologia de personalidade que descreve nove tipos distintos, cada um com suas motivações, medos e desejos únicos. Esses tipos são frequentemente usados para promover o autoconhecimento e o crescimento pessoal, ajudando as pessoas a entenderem suas próprias limitações e potenciais.
A combinação desses dois sistemas pode proporcionar insights valiosos para terapias e práticas de desenvolvimento pessoal. Por exemplo, alguém com uma couraça muscular associada ao tipo histérico no eneagrama pode apresentar um comportamento sexual visível, uma agilidade física específica e um coquetismo indisfarçado. Essas características podem ser vistas como defesas contra a vulnerabilidade emocional e podem ser abordadas através de terapias que focam na liberação dessas tensões corporais.
A análise reichiana, uma extensão do trabalho de Reich, busca liberar essas couraças musculares para permitir um fluxo mais livre de energia e emoções. Isso pode levar a uma maior expressão emocional e a uma sensação de bem-estar. Ao entender como as couraças musculares se relacionam com os tipos de personalidade do eneagrama, os terapeutas podem criar abordagens mais personalizadas para ajudar os indivíduos a alcançarem um equilíbrio mais saudável entre mente e corpo.
A pesquisa e a prática contínuas nessa área podem revelar ainda mais sobre como nossas emoções e traços de personalidade se manifestam fisicamente e como podemos trabalhar para superar as barreiras que nos impedem de viver uma vida plena e autêntica. Para aqueles interessados em explorar mais sobre esse tópico, há uma riqueza de recursos disponíveis, incluindo artigos acadêmicos e workshops que oferecem uma visão mais profunda das couraças musculares e dos tipos do eneagrama[1][2].
Referências:
[1]: https://centroreichiano.com.br/artigos/Anais_2016/Eneagrama-e-tracos-de-carater-segundo-Reich-MINASI-Elias-VOLPI-Jose-Henrique.pdf “”
[2]: https://ibrath.com/como-wilhelm-reich-contribuiu-para-a-teoria-das-couracas-musculares/ “”
[3]: https://minasi.com.br/2017/12/couracas-musculares-como-nossas-emocoes-se-fixam-em-nosso-corpo/ “”
[4]: https://www.centroreichiano.com.br/artigos/Artigos/Os-sete-segmentos-de-couracas-e-seus-bloqueios-luisa-fragoso-e-jose-henrique-volpi.pdf “”
Por esta razão, a quem quiser acompanhar-me nestas investigações, recomendo a leitura prévia do capítulo do meu livro, “A Origem do Ódio”, intitulado: Como o Ódio é Engendrado?
Penso também que o ódio pode envenenar um organismo, mas apenas se for inconsciente e o dirigirmos para pessoas substitutas, ou seja, para bodes expiatórios. Pois desta forma não pode ser extinto. Se odeio os trabalhadores migrantes, por exemplo, mas não consigo permitir-me ver como os meus pais me maltrataram na minha infância, deixando-me chorar durante horas e horas quando eu era apenas um bebé ou quando nunca me olharam com amor, então eu sofro de um ódio latente que pode me acompanhar por toda a vida e causar diversos transtornos psicológicos. Mas se eu souber o que meus pais me infligiram ignorantemente e puder ficar conscientemente indignado com o comportamento deles, não precisarei mais direcionar meu ódio para outros substitutos. Com o tempo, o ódio que sinto pelos meus pais pode desaparecer ou mesmo desaparecer por períodos, apenas para ser reativado com novos acontecimentos ou novas memórias. O que muda é que agora sei o que está acontecendo comigo. Conheço-me bem o suficiente para identificar os sentimentos que estou vivenciando.
Se integro meu ódio, não tenho mais necessidade de ferir ou matar ninguém, simplesmente para satisfazê-lo.
Alice Miller
Há pessoas que até demonstram gratidão aos pais por terem batido neles ou que afirmam ter esquecido há muito tempo a brutalidade ou a violência sexual que sofreram, perdoaram os seus “pecados” aos pais se tiverem o hábito de rezar, mas não são incapazes de educar seus filhos de outra forma que não seja através da violência. Todo pedófilo ostenta seu amor pelas crianças, ignorando que no fundo se vinga do que lhe fizeram quando era pequeno. Mesmo sem ter consciência de seu ódio, vive sob seu domínio.
Este ÓDIO LATENTE E TRANSFERIDO é muito perigoso e difícil de extinguir, pois não é dirigido a quem o causou, mas a um substituto. Pode durar uma vida inteira para se manifestar em diversas formas de perversão e constitui um perigo para o meio ambiente e, em certos casos, para si mesmo.
Isso é completamente diferente do ÓDIO REATIVO CONSCIENTE, que como qualquer outro sentimento desaparece quando é vivido. Se um dia, por outro lado, descobrirmos que fomos maltratados pelos nossos pais, o ódio não tardará a chegar, aparecerá apesar de nós. Como já disse, isso poderá atenuar-se com o tempo, mas o caminho será sinuoso. O quadro dos abusos sofridos na infância não aparece de uma só vez, é um longo processo durante o qual novos aspectos vão surgindo aos poucos na consciência, provocando novos ataques de ódio. Mas isso não é nada perigoso. É a consequência lógica do ocorrido e que só se torna perceptível quando se é adulto, pois a criança não teve outra escolha senão sofrer durante anos em silêncio.
Tal como o ódio reativo aos pais e o ódio latente dirigido a um bode expiatório, existe o ódio JUSTIFICADO que sentimos por uma pessoa, que nos corrói física e mentalmente e nos domina sem que nos consigamos libertar ou pelo menos acreditemos então. Enquanto estivermos sob sua dependência, ou assim acreditamos, necessariamente o odiaremos. É inconcebível que um indivíduo torturado não sinta qualquer ressentimento contra o seu algoz. Se você não permitir esse sentimento, sofrerá sintomas corporais. As biografias dos mártires cristãos testemunham a descrição de doenças terríveis, muitas vezes – caracteristicamente – de natureza dermatológica. O corpo defende-se assim da traição de si mesmo, uma vez que os “santos” tiveram que perdoar os seus algozes – mas a sua pele inflamada expôs a intensa raiva reprimida.
Se, no entanto, o interessado conseguir escapar ao poder daqueles que o dominam, não terá mais a necessidade de viver dia após dia com esse ódio. É claro que a memória do seu desamparo e dos tormentos que lhe foram infligidos pode emergir na sua memória, mas a intensidade do ódio irá desaparecer com o tempo (no livro “The Body Never Lies”, esta questão é discutida com mais detalhes).
O ódio é um sentimento forte e dinâmico, um sinal da nossa vitalidade. Por isso, se o reprimimos, pagamos com o nosso corpo. Como o ódio nos fala das nossas feridas e também de nós mesmos, dos nossos valores e do nosso tipo de sensibilidade, devemos aprender a ouvir e compreender o significado da sua mensagem. Se conseguirmos isso, não teremos mais medo. Se, por exemplo, não suportamos a hipocrisia e as mentiras, permitir-nos-emos combatê-las sempre que possível ou distanciar-nos-emos de pessoas que só acreditam em mentiras. Mas se, pelo contrário, agirmos com indiferença, traímo-nos a nós mesmos. Uma traição encorajada pela exigência quase geral, embora destrutiva, de perdão.
Contudo, está amplamente demonstrado que nem as orações nem os exercícios de auto-sugestão com “pensamentos positivos” são capazes de abolir as justificadas reações vitais do corpo contra as humilhações e outras feridas precoces à integridade da criança. As horríveis doenças dos mártires mostram claramente o preço que pagaram por negarem os seus sentimentos. Não seria mais fácil perguntar quem odiamos e ver os motivos que motivam esse ódio? Então, com efeito, poderemos conviver com os sentimentos que temos como seres responsáveis, sem negá-los e ter que pagar, por essa atitude “virtuosa”, com a nossa saúde.
Eu ficaria desconfiado se um terapeuta me prometesse que no final da terapia (e sem dúvida graças ao perdão) meus sentimentos indesejados de raiva, fúria e ódio acabariam. O que acontecerá comigo se eu não puder mais ficar com raiva ou enfurecido com a injustiça, a fraude, a maldade ou a estupidez proferidas com arrogância? Isso não seria uma mutilação da minha vida emocional? Se a terapia realmente me ajuda, devo antes ter acesso a TODOS os meus sentimentos pelo resto da vida e acesso consciente à minha história, onde encontrarei a explicação para a intensidade das minhas reações. Uma vez conhecidas as razões, a intensidade diminuirá rapidamente sem deixar marcas dramáticas no meu corpo (ao contrário da repressão de emoções inconscientes excessivas).
A terapia adequada me ensina a compreender meus sentimentos e a não condená-los, a considerá-los como meus aliados protetores em vez de temê-los e a vê-los como inimigos que devem ser combatidos. Mesmo quando foi isso que nos ensinaram os nossos pais, professores e sacerdotes, temos que tentar abrir os olhos de uma vez por todas para ver que esta automutilação que praticaram é perigosa. Nós próprios fomos suas vítimas.
Em qualquer caso, não são os nossos sentimentos que constituem um perigo para nós mesmos e para o nosso ambiente, mas sim o fato de, por medo, nos desligarmos deles. E é esta desconexão que produz acessos de loucura homicida, ataques suicidas incompreensíveis e o facto de inúmeros tribunais nada quererem saber sobre os verdadeiros motivos de um ato criminoso, para proteger os pais do criminoso de levantarem o véu sobre sua própria história.
Alice Miller
Traduzido do francês para o espanhol por Rosa Barrio
Há alguns exercícios valiosos que melhoram a postura, promovem a saúde dos órgãos internos e estimulam hábitos de respiração correta. Você pode querer acrescentá-los à sua rotina diária.
Vamos colocar em prática?
Primeira etapa
Segunda etapa
Dicas:
Um estudo publicado na Nature pelo gastroenterologista Emeran A. Mayer explica como ambos os órgãos, cérebro e intestino, estão conectados.
Esta interação entre eles tem relevância não apenas na regulação das funções gastrointestinais, mas também no humor e na tomada de decisão intuitiva.
Em primeiro lugar, vamos lembrar que existe uma complexa rede de terminais nervosos que revestem todo o sistema digestivo, especialmente o sistema intestinal (chamado sistema nervoso entérico).
Este deriva evolutivamente de células que migram da crista neural e se instalam definitivamente no intestino.
Há, por sua vez, estruturas no sistema nervoso central que poderiam ser chamadas de parte encefálica do sistema intestinal.
A comunicação entre o cérebro e o intestino é estabelecida por meio de vias nervosas, especialmente pelo nervo vago. Mas também pela corrente sanguínea, é claro.
Por outro lado, há outras células intrínsecas localizadas nas camadas mais internas do tubo intestinal (células enteroendócrinas ou enterocromafins) que são repletas de neurotransmissores.
Por exemplo, contêm peptídeos (que também se encontram no cérebro) e serotonina.
Na verdade, o intestino é o local da anatomia humana em que se encontra a maior quantidade de serotonina (mais de 90%). O restante se encontra nas plaquetas e apenas 1% no cérebro.
Mas o intestino não é apenas um tubo com neurônios próprios e neurotransmissores mais ou menos conectado com o cérebro e com neurônios específicos e neurotransmissores.
Nele, também vive uma grande quantidade de micro-organismos. Juntos, eles formam a chamada microbiota.
Trata-se de uma série de bactérias (mais numerosas do que nossas próprias células) que nos ajudam na digestão, no combate a outros patógenos e em muitos outros processos.
Muitos de nós já constatamos que estar estressado (por ter que falar em público ou fazer uma prova) nos predispõe, não só de forma aguda, mas também crônica, a vômitos, náuseas, diarreia ou constipação.
Na verdade, como é evidente, os sintomas seguem o estímulo estressante (que, às vezes, não precisa ser negativo). Há até uma expressão muito particular para definir estar apaixonado: “sentir borboletas no estômago”.
A ansiedade e a depressão são os dois representantes mais claros dos problemas de estado de espírito.
Na verdade, é um dos motivos mais frequentes de consulta não só na clínica psiquiátrica, como também na atenção primária.
A depressão é cada vez mais frequente, e é um dos principais problemas de saúde pública.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) — e este já era o caso anos antes da pandemia —, será o principal problema de saúde do mundo em 2030.
Graças a estudos como o de Mayer, o papel do estresse nessas doenças está se tornando cada vez mais conhecido. Assim como nas alterações em neurotransmissores específicos e má regulação do sistema imunológico.
Mas um número significativo de pacientes é resistente aos tratamentos farmacológicos disponíveis para a depressão, que devem sempre ser acompanhados de psicoterapias.
E é por isso que existe uma necessidade premente de aumentar o conhecimento da sua fisiopatologia para desenvolver estratégias terapêuticas mais eficazes.
Nas últimas duas décadas, foram apresentadas inúmeras evidências científicas, em modelos animais e em humanos, indicando que quando um indivíduo sofre estresse, ocorre uma alteração no intestino e a composição da microbiota pode, inclusive, ser modificada.
Inversamente, a alteração experimental da microbiota também pode induzir mudanças comportamentais.
Sabemos que o cérebro influencia a microbiota a partir de estudos nos quais foi demonstrado que o estresse nos estágios iniciais da vida diminui a concentração de Lactobacillus e faz emergir a concentração de bactérias patogênicas ao romper o equilíbrio fisiológico entre as diferentes populações de microrganismos.
Em contrapartida, a diferente composição da microbiota pode influenciar no comportamento: algumas bifidobactérias melhoram o comportamento depressivo em ratos.
Nos últimos anos, inúmeros estudos indicaram que a inflamação crônica de baixo grau também pode estar desempenhando um papel na fisiopatologia da depressão.
A partir desta informação, buscou-se saber se poderia haver uma relação entre a inflamação de origem intestinal e o estresse.
Assim, vários estudos realizados por um grupo da Universidade Complutense de Madrid (Espanha) e outros pesquisadores mostram como o estresse (um importante fator de risco para a depressão) pode produzir um desequilíbrio intestinal.
Isso pode levar a uma instabilidade na barreira intestinal (tornando-a mais porosa) e, portanto, à passagem de componentes da parede bacteriana do intestino para a corrente sanguínea e outros órgãos.
É um processo chamado translocação bacteriana. Estes componentes podem ser tóxicos e desencadear uma resposta inflamatória generalizada.
Além disso, estes estudos mostraram que a composição da flora bacteriana fica alterada em pacientes com depressão, em comparação com a flora de indivíduos de grupos de controle saudáveis.
Em geral, a diversidade bacteriana diminui em casos de depressão. No entanto, ainda não entendemos a associação entre a microbiota e a inflamação detectada na depressão.
Agora sabemos que o dano celular oxidativo (que é a consequência final da inflamação) é maior em pacientes com um episódio ativo de depressão.
Além disso, estas pessoas também apresentaram níveis elevados de um componente de bactérias intestinais que está muito relacionado à resposta imune: o lipopolissacarídeo de bactérias do gênero Bilophila e Alistipes, diminuição da Anaerostipes e desaparecimento completo da Dialister.
Estas alterações não aparecem em pacientes em fase de remissão da doença.
Resta saber ainda se as toxinas das bactérias presentes na microbiota de pacientes com depressão podem circular por todo o sistema e chegar a sinalizar algumas estruturas do cérebro.
Por enquanto, sabe-se que em modelos animais estas bactérias são capazes de chegar ao cérebro e ativar receptores de resposta imune em neurônios e em outros tipos de células deste órgão.
E, além disso, que no tecido cerebral de pacientes com depressão que morreram por suicídio, é identificada uma hiperativação da resposta imune.
Mas ainda estamos longe de poder afirmar que existe uma causalidade entre estes fenômenos e a fisiopatologia da depressão.
No entanto, o desafio está lançado, e o trabalho da ciência biomédica é desvendar todos esses mecanismos para oferecer aos pacientes novos e melhores soluções de tratamento.
Neste momento, há um projeto aberto para o estudo do microbioma em relação à saúde mental, com o qual você pode colaborar voluntariamente (caso more em que algumas cidades da Espanha — veja aqui).
Este artigo foi publicado originalmente no site de notícias acadêmicas The Conversation e republicado aqui sob uma licença Creative Commons. Leia aqui a versão original (em espanhol).
]]>Descobertas Reichianas que podem mudar o mundo
As emoções são fenômenos biológicos. A possibilidade de sentir e expressar as emoções de forma consciente está relacionada com o movimento livre da energia em nosso organismo. Da mesma maneira, a sexualidade natural é um fenômeno biológico e energético caracterizado pelo fluxo e pelo movimento.
Wilhelm Reich descobriu que a sexualidade natural e a expressividade emocional possuem uma importante função em nosso organismo: a autorregulação energética. Assim podemos nomear o processo espontâneo de conexão de cada indivíduo com seus ritmos naturais, com o fluxo e a pulsação da energia que, ocorrendo livremente, promovem a autocura e o equilíbrio dinâmico que caracterizam a saúde.
O orgasmo, em especial, é o principal mecanismo de autorregulação do organismo. Isso porque sua função é promover a liberação prazerosa do excedente de energia que se acumula em nossos corpos, reduzindo o nível de tensão corporal, promovendo relaxamento e sendo um meio de expressão do amor.
Deste modo, podemos dizer que os seres vivos possuem um metabolismo energético, caracterizado pela entrada e saída – carga e descarga – de energia, as quais acontecem de diversas maneiras. Como exemplos de atividades de carga energética podemos mencionar a respiração e a nutrição. Já a descarga de energia acontece por meio da expressão emocional, atividades físicas e sexualidade, por exemplo. Quanto mais esse metabolismo funcione de forma fluida e natural, mais saudável e menos neurótico está um organismo.
No entanto, quando o enrijecimento do organismo com a finalidade de repressão e contenção (isto é, o encouraçamento) passa a governar o metabolismo da energia e as funções emocionais e sexuais, ocorre a dessensibilização do corpo junto com a diminuição da capacidade respiratória e do contato do indivíduo com a realidade. Este último passa a perceber menos a si mesmo e o ambiente ao redor, tendo menos capacidade de se conectar afetivamente e de sentir seu pertencimento ao mundo.
O encouraçamento, quando se transforma em um modo de vida, contraria o funcionamento biológico natural, que é marcado pelo livre fluxo de carga e descarga das correntes energéticas.
Os sintomas que desenvolvemos – tais como enxaquecas, insônia, alergias, etc – as doenças crônicas e os comportamentos violentos das pessoas – fenômenos tão comuns atualmente – estariam relacionados a esse estado de alteração do funcionamento espontâneo do organismo, marcado pelo enrijecimento, pela repressão, pela tensão e pela insatisfação sexual.
Reich observou que a contenção e a paralisação da energia corporal, se perpetuada no tempo, também gera ansiedade em maior ou menor grau, da mesma forma que a possibilidade de livre fluxo e expressão biossexual num organismo é um processo acompanhado da sensação de prazer.
Ele descobriu que o encouraçamento distorce e corrompe seriamente o funcionamento biologicamente natural de nosso organismo, gerando uma espécie de degeneração que pode evoluir para as chamadas biopatias. Estas últimas podem ser definidas como alterações permanentes e patológicas da forma natural e espontânea dos processos vitais, que geram a desorganização e consequente aniquilação do organismo. Seu mecanismo central é a perturbação da descarga da excitação sexual.
O exemplo mais dramático de uma biopatia é o câncer. Essa doença foi extensamente analisada por Reich no livro intitulado A Biopatia do Câncer. Simplificadamente, ele dirá que o processo do câncer está relacionado a um encolhimento global do organismo, marcado pela contração diafragmática, que facilita uma oxigenação deficiente e o aumento da acidez no corpo pelo excesso de gás carbônico (condição presente no bloqueio inspiratório da respiração, quando o paciente tem dificuldade de relaxar o diafragma e exalar).
A biopatia carcinomatosa se desenvolve em três fases. A primeira é a contração, ou, em outras palavras, a incapacidade crônica para a expansão. Ela se manifesta psiquicamente como resignação e corporalmente como enrijecimento muscular, palidez, debilidade para obter carga energética e satisfação orgástica. A segunda fase seria o encolhimento, marcado pela perda de massa corporal, diminuição dos glóbulos vermelhos e perda de resistência física. A terceira fase é a da putrefação, caracterizada pela perda de carga energética das células e tecidos, transformação do material canceroso em matéria pútrida e finalmente a morte.
Reich dirá que o tumor não é a causa do câncer, e sim uma de suas consequências. O câncer é, principalmente, o processo global de encolhimento do organismo, o coroamento mórbido do encouraçamento.
Quando passamos a funcionar de um modo antinatural, adquirimos corpos que adoecem justamente porque seus mecanismos de “autocura”, de manutenção do equilíbrio e da saúde estão prejudicados pelo enrijecimento.
Artigo de Mariana Barbieri, publicado no site Brasil de Fato
]]>“A Psicologia Corporal é uma ciência que estuda o homem em seu aspecto somatopsicodinâmico, onde o corpo e a mente são trabalhados em seu conjunto e em sua relação funcional.
Tem suas raízes nos trabalhos desenvolvidos por Wilhelm Reich (1897-1957), que abandonou a técnica da psicanálise quando descobriu que o corpo contém a história de cada indivíduo e é por meio dele que deveríamos buscar resgatar as emoções mais profundas.
Assim, Reich criou sua própria escola de pensamento e técnicas específicas, cuja prática está voltada tanto ao trabalho do corpo, como da mente, cuja base se dá na atuação direta sobre o sistema neurovegetativo (simpático e parassimpático). A essa técnica, Reich denominou de Vegetoterapia.
Na continuidade de seus trabalhos, Reich também descobriu que a energia que circula dentro do corpo humano é a mesma que no cosmos, à qual chamou de energia orgônio.
Então, sua técnica de trabalho passou a ser denominada Orgonoterapia, porque passou a integrar em um único trabalho as questões psicológicas, corporais e a dinâmica energética do paciente. Assim, consolidou-se a ciência que Reich chamou de Orgonomia.
Tomando por base os trabalhos iniciais de Reich, o médico americano Alexander Lowen complementou, acrescentou e modificou as técnicas iniciais, até encontrar seu jeito próprio de trabalhar. Construiu seus próprios constructos teóricos e práticos e denominou sua escola de Análise Bioenergética que tal qual a Orgonomia de Reich é uma das escolas de grande respeito e destaque.“
Reich dava grande ênfase à importância de desenvolver uma livre expressão de sentimentos sexuais e emocionais dentro do relacionamento amoroso maduro. Reich enfatizou a natureza essencialmente sexual das energias com as quais lidava e descobriu que a bioenergia era bloqueada de forma mais intensa na área pélvica de seus pacientes.
Ele chegou a acreditar que a meta da terapia deveria ser a libertação dos bloqueios do corpo e a obtenção de plena capacidade para o orgasmo sexual, o qual sentia estar bloqueado na maioria dos homens e das mulheres.
As opiniões radicais de Reich a respeito de sexualidade resultaram em consideráveis equívocos e distorções de seu trabalho por autores futuros e, conseqüentemente, despertaram muitos ataques difamatórios e infundados.
Wilhelm Reich se interessou muito pela sexualidade humana. Quando era jovem estudante de Medicina, Reich visitou Freud pela primeira vez para procurar ajuda a fim de organizar um seminário sobre sexologia na escola médica que ele freqüentava (Higgens e Raphael, 1967). Além disso, a principal atividade política de Reich consistia em ajudar a fundar clínicas de higiene sexual patrocinadas pelos comunistas para a classe trabalhadora, na Austria e na Alemanha.
As idéias de Reich e suas clínicas eram muito controvertidas para a época e seu programa de para as clínicas de orientação sexual incluía características modernas ainda hoje. Entre seus tópicos destacavam-se:
Reich nasceu no então Império Austro-húngaro, em sua parte mais oriental, numa família sem muitas posses e numa pequena vila. Era filho de Leon e Cecília Reich. Ainda jovem, mudou-se para Bukovina, onde o pai administrava uma fazenda. Teve nacionalidade austríaca até 1938, e falava o idioma alemão.
Em 1914 o pai morre de pneumonia (a mãe já tinha falecido em 1910) e Reich cuida da fazenda, ao tempo em que prossegue os estudos – mas no ano seguinte a fazenda é destruída durante os conflitos da I Guerra Mundial, e Reich alista-se no exército austríaco.
Em 1918, com o fim dos conflitos, Reich ingressa no curso jurídico da Universidade de Viena, mas logo transfere-se para a Faculdade de Medicina. Formando-se em 1923, inicia seus trabalhos com o tratamento de pacientes com distúrbios mentais, na Universidade Neurológica e Psiquiátrica, junto a Paul Schilder. Inclui no tratamento técnicas de hipnose e de psicoterapia.
Em 1924, faz sua pós-graduação, sendo membro integrante da sociedade psicanalítica de Viena, até 1930. Foi casado com Annie Reich, de que separou-se em 1932, vivendo com Elsa Lindenberg, com quem veio a casar-se em 1939.
Em 1933 é forçado pelo nazismo a sair da Alemanha, mudando-se para Oslo, na Noruega, laborando no Instituto de Psicologia da universidade local. Ali vive até 1939, quando muda-se para Nova York, cuidando de divulgar suas idéias, agora na língua inglesa, tendo seu “A função do orgasmo” sido neste idioma publicado a primeira vez em 1942.
Nos Estados Unidos Reich cria um instituto para o estudo do “orgônio universal”, que intenta utilizar em tratamentos – inclusive do câncer.
Reich dava grande ênfase à importância de desenvolver uma livre expressão dos sentimentos sexuais e emocionais dentro do relacionamento amoroso maduro. Reich enfatizou a natureza essencialmente sexual das energias com as quais lidava e descobriu que a bioenergia era bloqueada de forma mais intensa na área pélvica de seus pacientes.
Ele chegou a acreditar que a meta da terapia deveria ser a libertação dos bloqueios do corpo e a obtenção de plena capacidade para o orgasmo sexual, o qual sentia estar bloqueado na maioria dos homens e das mulheres.
Onde quer que fosse, Reich era tratado como louco, e suas idéias como pura mistificação. Seus seguidores atribuem a prisão, bem como as anteriores perseguições, a uma eventual conspiração da sociedade freudiana. Em 1954 passa a ser investigado pela FDA (Federal Food and Drug Administration), que lhe rende um processo e posterior aprisionamento, após infrutíferas tentativas de apelação. Encarcerado desde 12 de março de 1957, morre de ataque cardíaco em 3 de novembro.
De acordo com Reich, o caráter é composto das atitudes habituais de uma pessoa e de seu padrão consistente de respostas para várias situações. Inclui atitudes e valores conscientes, estilo de comportamento (timidez, agressividade e assim por diante) e atitudes físicas (postura, hábitos de manutenção e movimentação do corpo).
O conceito de caráter já havia sido discutido anteriormente por Freud, em sua obra Caráter e Erotismo Anal. Reich elaborou este conceito e foi o primeiro analista a tratar pacientes pela interpretação da natureza e função de seu caráter, ao invés de analisar seus sintomas.
Reich sentia que o caráter se forma como uma defesa contra a ansiedade criada pelos intensos sentimentos sexuais da criança e o conseqüente medo da punição. A primeira defesa contra este medo é o Mecanismo de Defesa do Ego conhecido por repressão, o qual refreia os impulsos sexuais por algum tempo. À medida que as Defesas do Ego se tornam cronicamente ativas e automáticas, elas evoluem para traços ou couraça caracterológica.
Esse conceito de couraça caracterológica de Reich inclui a soma total de todas as forças defensivas repressoras organizadas de forma mais ou menos coerente dentro do próprio ego. Para ele, o desenvolvimento de um traço neurótico de caráter indicaria a solução de um problema reprimido ou, por outro lado, ele torna o processo de repressão desnecessário ou transforma a repressão numa formação relativamente rígida e aceita pelo ego.
Assim pensando, Reich afirma que os traços de caráter neuróticos não são a mesma coisa que sintomas neuróticos. A diferença entre esses traços neuróticos e os sintomas neuróticos repousa no fato de que sintomas neuróticos, tais como os medos, fobias, etc., são experienciados como estranhos ao indivíduo, como elementos exteriores à psique, enquanto que traços de caráter neuróticos (ordem excessiva ou timidez ansiosa, por exemplo) são experimentados como partes integrantes da personalidade.
A pessoa pode se queixar do fato de ser tímida, mas esta timidez não parece ser significativa ou patológica como são os sintomas neuróticos. As defesas de caráter são particularmente efetivas e, além disso, difíceis de se erradicarem pelo fato de serem bem racionalizadas pelo indivíduo e experimentadas como parte de seu auto-conceito.
Reich se esforçou continuamente para tornar seus pacientes mais conscientes de seus traços neuróticos de caráter. Ele imitava com freqüência suas características, gestos ou posturas, ou fazia com que seus pacientes repetissem ou exagerassem uma faceta habitual do comportamento, por exemplo, um sorriso nervoso. À medida que os pacientes cessavam de tomar como certa sua constituição de caráter, aumentava sua motivação para mudar.
Reich descobriu que cada atitude de caráter tem uma atitude física correspondente e que o caráter do indivíduo é expresso corporalmente sob a forma de rigidez muscular ou couraça muscular. Reich começou a trabalhar, então, no relaxamento da couraça muscular. Ele descobriu que a perda da couraça muscular libertava energia libidinal e auxiliava o processo de psicanálise. O trabalho psiquiátrico de Reich lidava cada vez mais com a libertação de emoções (prazer, raiva, ansiedade) através do trabalho com o corpo. Ele descobriu que isto conduzia a uma vivência muito mais intensa do que o material infantil trabalhado pela psicanálise.
Reich começou, primeiramente, com a aplicação de técnicas de análise de caráter e das atitudes físicas. Ele analisava em detalhes a postura de seus pacientes e seus hábitos físicos a fim de conscientizá-los de como reprimiam sentimentos vitais em diferentes partes do corpo. Fazia os pacientes intensificarem uma tensão particular a fim de tornarem-se mais conscientes dela e de aliviar a emoção que havia sido presa naquela parte do corpo. Ele descobriu que só depois que a emoção assim “engarrafada” fosse expressa, é que a tensão crônica poderia ser aliviada por completo. Aos poucos, Reich começou a trabalhar diretamente com suas mãos sobre os músculos tensos a fim de soltar ás emoções presas a eles.
Em seu trabalho sobre couraça muscular, Reich descobriu que tensões musculares crônicas servem ara bloquear uma das três excitações biológicas: ansiedade, raiva ou excitação sexual. Ele concluiu que a couraça física e a psicológica eram essencialmente a mesma coisa. Com esse raciocínio, as couraças de caráter eram vistas agora como equivalentes à hipertonia muscular.
O termo Caráter Genital foi usado por Freud para indicar o último estágio do desenvolvimento psicossexual. Reich adotou-o para se referir especificamente à pessoa que adquiriu potência orgástica. Para ele a potência orgástica era a capacidade de abandonar-se, livre de quaisquer inibições, ao fluxo de energia biológica, era a capacidade de descarregar completamente a excitação sexual reprimida por meio de involuntárias e agradáveis convulsões do corpo.
Reich descobriu que assim que seus pacientes renunciavam à sua couraça e desenvolviam potência orgástica, muitas áreas de funcionamento neurótico mudavam de forma espontânea. No lugar de rígidos controles neuróticos, os indivíduos desenvolviam uma capacidade para auto-regulação. Reich descreveu indivíduos auto-reguladores como naturais, mais do que morais. Eles agem em termos de suas próprias inclinações e sentimentos internos, ao invés de seguirem algum código externo ou ordens pré-estabelecidas por outros.
Depois da terapia reichiana, muitos pacientes que antes eram neuroticamente promíscuos, desenvolviam grande ternura e sensibilidade e procuraram, de forma espontânea, relacionamentos mais duráveis e realizadores. Os(as) pacientes cujos casamentos eram estéreis e sem amor, descobriram na terapia reichiana que já não poderiam mais ter relações sexuais por um mero senso de obrigação.
Os caracteres genitais não estão aprisionados em suas couraças e defesas psicológicas. Eles são capazes de se encouraçar, quando necessário, contra um ambiente hostil. Entretanto, sua couraça é feita mais ou menos conscientemente e pode ser dissolvida quando não houver mais necessidade dela.
Reich escreveu que caracteres genitais trabalharam sobre o complexo de Édipo, de maneira que o material edipiano já não é mais tão intensamente carregado ou reprimido. O superego, para ele, tornam-se “sexo-afirmativo”, portanto o Id e o Superego passam a estar em harmonia. O Caráter Genital é capaz de experimentar livre e plenamente o orgasmo sexual, descarregando por completo toda libido excessiva. Dessa forma, o orgasmo, o clímax da atividade sexual, seria caracterizado pela entrega à experiência sexual e pelo movimento desinibido, involuntário, ao contrário dos movimentos forçados ou até violentos dos indivíduos encouraçados.
Em seu trabalho sobre Couraça Muscular, Reich descobriu que a perda da rigidez crônica dos músculos resultava freqüentemente em sensações físicas particulares, em sentimentos de calor e frio, formigamento, coceira e uma espécie de despertar emocional. Ele concluiu que essas sensações eram devidas a movimentos de uma energia vegetativa ou biológica liberada.
Reich também descobriu que a mobilização e a descarga de bioenergia são estágios essenciais no processo de excitação sexual e orgasmo. Ele chamou a isto de Fórmula do Orgasmo, um processo de quatro partes o qual Reich julgava ser característico de todos os organismos vivos.
Depois do contato físico, a energia se acumula em ambos os corpos e, por fim, é descarregada no orgasmo, o qual se constitui essencialmente num fenômeno de descarga da bioenergia. O ato sexual teria a seguinte seqüência:
Aos poucos Reich estendeu seu interesse pelo funcionamento físico dos pacientes à pesquisa de laboratório em Fisiologia e Biologia e, finalmente dedicou-se à pesquisa em Física. Ele chegou a acreditar que a bioenergia no organismo individual não é nada mais do que um aspecto de uma energia universal, presente em todas as coisas. Ele derivou o termo energia “orgônica” a partir de organismo e orgasmo. Dizia que a Energia Orgônica cósmica funciona no organismo vivo como energia biológica específica. Assim sendo, governa o organismo total e se expressa nas emoções e nos movimentos puramente biofísicos dos órgãos.
A extensiva pesquisa de Reich sobre Energia Orgônica e tópicos relacionados à ela foi ignorada ou repudiada pela maioria dos cientistas. Seus achados contradizem muitos axiomas e teorias estabelecidos pela Física e Biologia, e é certo que o trabalho de Reich não deixa de ter falhas experimentais. Entretanto, sua pesquisa nunca foi rejeitada ou mesmo revista com cuidado e seriamente criticada por qualquer crítico científico respeitável.
Segundo Reich, a Energia Orgônica teria as seguintes propriedades principais:Desde que Reich anunciou a descoberta da Energia Orgônica até hoje, nenhuma repetição bem intencionada de qualquer experimento crítico em Energia Orgônica foi divulgada, confirmando ou refutando seus resultados. Apesar do ridículo, da difamação e das tentativas de se repudiar Reich e sua orgonomia, não existe nenhuma contra-evidência de seus experimentos em qualquer publicação científica, muito menos uma refutação sistemática dos trabalhos científico que sustentam sua posição.
Reich achava que a couraça muscular está organizada em sete principais segmentos de armadura, que são compostos de músculos e órgãos com funções expressivas relacionadas. Estes segmentos formam uma série de sete anéis mais ou menos horizontais, em ângulos retos com a espinha e o torso. Os principais segmentos da couraça estão centrados nos olhos, boca, pescoço, tórax, diafragma, abdome e pelve.
Reich definiu crescimento como o processo de dissolução da nossa couraça psicológica e física, tornando-nos, gradualmente, seres humanos mais livres, abertos e capazes de gozar um orgasmo pleno e satisfatório.
De acordo com Reich, a Energia Orgônica flui naturalmente por todo o corpo, de cima a baixo, paralela à espinha. Os anéis da couraça formam-se em ângulo reto com este fluxo e operam para rompê-lo. Reich afirma que não é por acaso que na cultura ocidental aprendemos a dizer sim movendo a cabeça para cima e para baixo, na direção do fluxo de energia do corpo, enquanto que aprendemos a dizer não movendo a cabeça de um lado para o outro, na direção transversa da couraça.
A couraça serve para restringir tanto o livre fluxo de energia como a livre expressão de emoções do indivíduo. O que começa inicialmente como defesa contra sentimentos de tensão e ansiedade excessivos, torna-se uma camisa-de-força física e emocional. No organismo humano encouraçado, a Energia Orgônica é presa nos espasmos musculares crônicos.
Após a perda de um anel da couraça, o orgon do corpo não começa de imediato a correr livremente. Logo que os primeiros blocos da couraça são dissolvidos, nós descobrimos que, com os fluxos e as sensações orgônicas, a expressão do “dar” se desenvolve cada vez mais. Entretanto, couraças ainda existentes evitam seu desenvolvimento total.
A terapia reichiana consiste em dissolver cada segmento da couraça, começando pelos olhos e terminando na pelves. Cada segmento é uma unidade mais ou menos independente com a qual se precisa lidar separadamente.
Três instrumentos principais são usados para dissolver a couraça:
A couraça dos olhos é expressa por uma imobilidade da testa e uma expressão “vazia” dos olhos, que nos vêem por detrás de uma rígida máscara. A couraça é dissolvida fazendo-se com que os pacientes abram bem seus olhos, como se estivessem com medo, a fim de mobilizar as pálpebras e a testa, forçando uma expressão emocional e encorajando o movimento livre dos olhos, fazer movimentos circulares com os olhos e olhar de lado a lado.
O segmento oral inclui os músculos do queixo, garganta e a parte de trás da cabeça. O maxilar pode ser excessivamente preso ou frouxo de forma antinatural. As expressões emocionais relativas ao ato de chorar, morder com raiva, gritar, sugar e fazer caretas são todas inibidas por este segmento. A couraça pode ser solta encorajando-se o paciente a imitar o choro, a produzir sons que mobilizem os lábios, a morder e a vomitar e pelo trabalho direto com os músculos envolvidos.
Este segmento inclui os músculos profundos do pescoço e também a língua. A couraça funciona principalmente para segurar a raiva ou o choro. Pressão direta sobre os músculos profundos do pescoço não é possível, portanto, gritar, berrar e vomitar são meios importantes para soltar este segmento.
Este segmento inclui os músculos longos do tórax, os músculos dos ombros e da omoplata, toda a caixa torácica, as mãos e os braços. Ele serve para inibir o riso, a raiva, a tristeza e o desejo. A inibição da respiração, que é um meio importante de suprimir toda emoção, ocorre em grande parte no tórax. A couraça pode ser solta através do trabalho com respiração, especialmente o desenvolvimento da expiração completa. Os braços e as mãos são dos para bater, rasgar, sufocar, triturar e entrar em contato com o desejo.
Este segmento inclui o diafragma, estômago, plexo solar, vários órgãos internos e músculos ao longo das vértebras torácicas baixas. A couraça é expressa por uma curvatura da espinha para frente, de modo que há um espaço considerável entre a parte de baixo das costas do paciente e o colchão. É muito mais difícil expirar do que inspirar. A couraça inibe principalmente a raiva extremada. Os quatro primeiros segmentos devem estar mais ou menos livres antes que o diafragma possa ser solto através do trabalho repetido com respiração e reflexo do vômito (pessoas com bloqueio intenso neste segmento acham virtualmente impossível vomitar).
O segmento abdominal inclui os músculos abdominais longos e os músculos das costas. Tensão nos músculos lombares está ligada ao medo de ataque. A couraça nos flancos de uma pessoa produz instabilidade e relaciona-se com a inibição do rancor. A dissolução da couraça, neste segmento, é relativamente simples, desde que os segmentos mais altos estejam abertos.
Este segmento contém todos os músculos da pelve e membros inferiores. Quanto mais intensa a couraça, mais a pelve é puxada para trás e saliente nesta parte. Os músculos glúteos são tesos e doloridos, a pelve é rígida, “morta” e assexual. A couraça pélvica serve para inibir a ansiedade e a raiva, bem como o prazer.
A ansiedade e a raiva resultam das inibições das sensações de prazer sexual, e é impossível experienciar livremente o prazer nesta área até que a raiva tenha sido liberada dos músculos pélvicos. A couraça pode ser solta primeiramente mobilizando a pelve e fazendo com que o paciente chute os pés repetidas vezes e também bata no colchão com sua pelve.
Reich descobriu que à medida que seus pacientes começavam a desenvolver capacidade para plena entrega genital, toda sua existência e estilo de vida mudavam basicamente. Achava Reich que a unificação do reflexo do orgasmo também restaurava as sensações de profundidade e seriedade. Os pacientes lembram-se do tempo da sua primeira infância, quando a unidade de suas sensações corporais não estava perturbada.
Tomados de emoção, falam do tempo em que, crianças, sentiam-se identificados com a natureza e com tudo que os rodeava, do tempo em que se sentiam “vivos” e como finalmente tudo isto fora despedaçado e esmagado pela educação.
Estes indivíduos começavam a sentir que a rígida moralidade da sociedade, que anteriormente reconheciam como certa, era uma coisa estranha e antinatural. Atitudes em relação ao trabalho também mudavam de forma nítida.
Aqueles que faziam seu trabalho como uma necessidade mecânica, via de regra largavam seus empregos para procurar um trabalho novo e vital que preenchesse suas necessidades e desejos interiores. Aqueles que já estavam interessados em sua profissão, muitas vezes desabrochavam com energia, interesses e habilidades novas.
A Couraça é o maior obstáculo ao crescimento segundo Reich. O indivíduo encouraçado seria incapaz de dissolver sua couraça e, portanto, seria incapaz de expressar as emoções biológicas primitivas. Ele conhece a sensação de agrado mas não aquela de prazer orgônico. Ele não pode emitir um suspiro de prazer e, se tentar, irá produzir um gemido, um berro reprimido ou um impulso para vomitar. Ele é incapaz de deixar sair um grito de raiva ou imitar um punho atingindo o colchão com raiva.
Reich sentiu que o processo de encouraçamento havia criado duas tradições intelectuais distorcidas, as quais formaram a base da civilização: a religião mística e a ciência mecanicista. Os mecanicistas são tão bem encouraçados que não têm idéia real de seus próprios processos de vida ou de sua natureza interna. Eles têm um medo básico de emoções profundas, vivacidade e espontaneidade. Eles tendem a desenvolver um conceito rígido e mecânico da natureza e estão primariamente interessados nos objetos externos e nas ciências naturais.
Comentando sua idéia, achava que pelo fato de uma máquina ter que ser perfeita, por conseguinte, o pensamento e as ações do homem da ciência também teriam que ser perfeitos. Perfeccionismo é uma característica essencial do pensamento mecanicista. Ele não tolera erros e incertezas, e as situações de mudança são inoportunas. Mas este princípio, quando aplicado a processos da natureza, inevitavelmente conduz à confusão, pois a natureza não opera mecanicamente, mas funcionalmente.
Os místicos não desenvolveram sua couraça tão completamente. Eles permanecem, em parte, em contato com sua própria energia vital, e são capazes de grande compreensão interna (insight) por causa deste contato parcial com sua intimidade. Entretanto, Reich via essa compreensão interna (insight) como distorcida, uma vez que os místicos tendem a se tornar ascéticos e anti-sexuais, a rejeitar sua própria natureza física e a perder o contato com seus corpos. Eles repudiam a origem da força vital em seus próprios corpos e localizam-na numa alma hipotética, que eles sentem ter apenas uma tênue conexão com o corpo.
Sobre os místicos, achava Reich que no rompimento da unidade de sentimento do corpo pela supressão sexual e no contínuo anseio de restabelecer contato consigo mesmo e com o mundo, encontra-se a raiz de todas as religiões negadoras do sexo. Deus seria a idéia mistificada da harmonia vegetativa entre o eu e a natureza.
Outro obstáculo ao crescimento é a repressão social e cultural dos instintos naturais e da sexualidade do indivíduo. Reich sentia que esta era a maior fonte de neuroses e que ela ocorre durante as três principais fases da vida, ou seja, durante a primeira infância, puberdade e idade adulta.
Os bebês e as crianças pequenas são confrontados com uma atmosfera familiar neurótica, autoritária e repressora do ponto de vista sexual. Em relação a este período de vida, Reich basicamente reafirma as observações de Freud a respeito dos efeitos negativos das exigências dos pais, relativas ao treinamento da toalete, às auto-restrições e ao bom comportamento por parte das crianças pequenas.
Durante a puberdade, os jovens são impedidos de atingir uma vida sexual real e a masturbação é proibida. Talvez até mais importantes que isto, a sociedade em geral torna impossível, aos adolescentes, lograr uma vida de trabalho significativa. Por causa deste estilo de vida antinatural, torna-se especialmente difícil aos adolescentes ultrapassar sua ligação infantil com os pais.
Por fim, na idade adulta, a maioria das pessoas se vê envolvida na armadilha de um casamento compulsivo, para o qual estão sexualmente despreparadas. Reich também salienta que os casamentos desmoronam em conseqüência das discrepâncias sempre intensificadas entre as necessidades sexuais e as condições econômicas. As necessidades sexuais podem ser satisfeitas com um e o mesmo companheiro durante algum tempo. Também o vínculo econômico, a exigência moralista e o hábito humano favorecem a permanência da relação matrimonial. Isso acaba resultando na infelicidade do casamento. A situação familiar que se desenvolve segue de forma a recriar a mesma atmosfera neurótica para a próxima geração de crianças.
Reich sentia que indivíduos criados numa atmosfera que nega a vida e o sexo desenvolvem um medo do prazer, o qual é representado por sua Couraça Muscular. Essa Couraça do Caráter é a base do isolamento, da indigência, do desejo de autoridade, do medo da responsabilidade, do anseio místico, da miséria sexual e da revolta neurótica, assim como de uma condescendência patológica.
Reich não era otimista demais no que dizia respeito aos possíveis efeitos de suas descobertas. Ele acreditava que a maioria das pessoas, por causa de sua intensa couraça, seria incapaz de compreender suas teorias e distorceria suas idéias. Para ele, um ensino sobre a vida, dirigido e distorcido por indivíduos encouraçados, irá acarretar um desastre final a toda a humanidade e às suas instituições. O resultado mais provável do princípio da potência orgástica será uma perniciosa filosofia de bolso, espalhada por todos os cantos. Tal como uma flexa que, ao desprender-se do arco, salta firmemente retesada, a procura de um prazer genital rápido, fácil e deletério devastará a comunidade humana.
A couraça serve para nos desligar de nossa natureza interna e também da miséria social que nos circunda. Natureza e cultura, instinto e moralidade, sexualidade e realização são elementos que se tornam incompatíveis. A unidade e congruência de cultura e natureza, trabalho e amor, moralidade e sexualidade, unidade esta desejada desde tempos imemoriais, continuará a ser um sonho enquanto o homem continuar a condenar a exigência biológica de satisfação sexual natural (orgástica). A democracia verdadeira e a liberdade baseadas na consciência e responsabilidade estão também condenadas a permanecer como uma ilusão até que esta evidência seja satisfeita.
Reich, como a grande maioria dos autores modernos, via mente e corpo como uma só unidade. Aos poucos ele passou de um trabalho analítico, baseado apenas na linguagem, para a análise dos aspectos físico e psicológico do caráter e da couraça caracterológica, dando maior ênfase no trabalho com a Couraça Muscular e no desenvolvimento de um livre fluxo de bioenergia.
Reich via o relacionamento social como função do caráter do indivíduo. O indivíduo médio vê o mundo através do filtro de sua couraça. Caracteres genitais, tendo ultrapassado seu encouraçamento rígido, são os únicos verdadeiramente capazes de reagir de forma aberta e honesta aos outros.
Reich acreditava firmemente nos ideais comunistas enunciados por Marx, aclamando a livre organização na qual o livre desenvolvimento de cada um se tornaria a base do livre desenvolvimento de todos. Reich formulou o conceito de democracia do trabalho, uma forma natural de organização social na qual as pessoas cooperam harmonicamente para favorecer suas necessidades e interesses mútuos, e tentou efetivar esses princípios no Instituto Orgon.
Reich não se interessou diretamente pela vontade, embora tenha enfatizado a importância de um trabalho significativo e construtivo. Um de seus princípios era de que “você não precisa fazer nada de especial ou novo. Tudo o que você precisa fazer é continuar o que tem feito: lavrar seu campo, manejar seu martelo, examinar seus pacientes, levar suas crianças à escola ou ao parque de diversões, falar sobre os fatos do dia, penetrar sempre mais profundamente nos segredos da natureza. Todas essas coisas você já faz. Mas você pensa que nenhuma delas tem importância… Tudo o que você tem a fazer é continuar o que você sempre fez e sempre quis fazer: seu trabalho, deixar suas crianças crescerem felizes, amar a mulher“.
Reich descobriu que as tensões crônicas servem para bloquear o fluxo de energia subjacente às emoções mais intensas. A couraça impede que o indivíduo experimente emoções fortes e, portanto, limita e distorce a expressão de sentimentos. As emoções deste modo bloqueadas não são eliminadas, pois jamais podem ser completamente expressas. Segundo Reich, um indivíduo só se liberta de uma emoção bloqueada experienciando-a de forma plena.
Reich notou também que a frustração do prazer, muitas vezes conduz à raiva e à fúria. Na terapia reichiana, em primeiro lugar é preciso lidar com as emoções negativas, para que os sentimentos positivos que elas encobrem possam ser completamente experienciados.
Reich se opunha a qualquer separação de intelecto, emoções e corpo. Ele afirmava que o intelecto é, na verdade, uma função biológica, e que ele pode ter uma carga afetiva tão forte quanto qualquer emoção. Reich argumentava que o desenvolvimento completo do intelecto requer o desenvolvimento de uma verdadeira genitalidade. A primazia do intelecto pressupõe uma disciplinada economia de libido, isto é, primazia genital. A primazia intelectual e genital têm a mesma relação mútua que êxtase sexual e neurose, sentimento de culpa e religião, histeria e superstição.
Acreditava Reich que, via de regra, o intelecto opera como mecanismo de defesa, de tal forma que a linguagem falada muitas vezes funciona também como uma defesa. Ela obscurece a linguagem expressiva do núcleo biológico. Em muitos casos, isto vai tão longe que as palavras já não expressam nada e a linguagem falada já não é nada mais do que uma atividade sem sentido dos respectivos músculos.
Para Reich, o Self é o núcleo biológico saudável de cada indivíduo. A maioria das pessoas não está em contato com o Self por causa da couraça física e das defesas psicológicas. Indagava Reich: “- O que é que impedia uma pessoa de perceber sua própria personalidade (Self)? Afinal, a personalidade (himself) é o que a pessoa é. Gradualmente comecei a entender que é o ser total que constitui a massa compacta e obstinada que obstrui todos os esforços da análise. A personalidade inteira do paciente, o seu caráter, a sua individualidade resistiam à análise”.
Segundo Reich, a interação de impulsos reprimidos e forças defensivas repressoras cria uma terceira camada entre as duas correntes libidinais opostas: uma camada de falta de contato. Esta falta de contato não está interposta entre as duas forças. É antes, uma expressão da interação concentrada das duas.
O contato requer um livre movimento de energia. Ele só se torna possível quando o indivíduo dissolve sua couraça e torna-se plenamente consciente do corpo e de suas sensações e necessidades, entrando em contato com o núcleo, os impulsos primários. Enquanto há a presença de bloqueios, o fluxo de energia e a consciência são restritos, e a autopercepção é bastante diminuída e distorcida.
Além de treino na técnica terapêutica, o terapeuta deve ter feito um progresso considerável em seu crescimento e desenvolvimento pessoais. Ao trabalhar tanto psicológica quanto fisicamente com um indivíduo, o terapeuta deve ter superado todos os medos de sons sexuais abertamente emitidos e do “ondular orgástico”, livre movimento de energia no corpo.
Baker, um dos principais terapeutas reichianos nos Estados Unidos, recomenda que nenhum terapeuta deveria tentar tratar pacientes que tenham problemas que ele não foi capaz de solucionar em si mesmo, e nem deveria esperar que um paciente faça coisas que ele não pode fazer e que não foi capaz de fazer. Outro reichiano eminente escreveu que o pré-requisito indispensável em qualquer método usado pelo terapeuta para libertar as emoções contidas na musculatura é que ele esteja em contato com suas próprias sensações e que seja capaz de empatizar completamente com o paciente e de sentir em seu próprio corpo o efeito das constrições particulares da energia do paciente.
Reich era ele próprio considerado um terapeuta brilhante e teimoso. Mesmo sendo um analista ortodoxo, ele era extremamente honesto e até brutalmente direto com seus pacientes. Nic Waal, um dos melhores psiquiatras da Noruega, escreveu o seguinte a respeito de suas experiências em terapia com Reich:
]]>“- Eu era capaz de suportar ser subjugado por Reich porque eu gostava da verdade. E, coisa bastante estranha, eu não era subjugado por isto. No decorrer de toda esta atitude terapêutica em relação a mim, sua voz era amorosa e ele sentava-se a meu lado e fazia-me olhar para ele. Reich me aceitava e subjugava apenas minha vaidade e minha falsidade. Mas eu entendi, naquele momento, que a honestidade e o amor verdadeiros, tanto de um terapeuta quanto dos pais, por vezes é a coragem de ser aparentemente cruel sempre que necessário. Entretanto, isto exige muito do terapeuta, de seu treinamento e de seu diagnóstico.”
“A carga de energia (organótica) dos tecidos celulares do sangue determina o grau de suscetibilidade para infecção ou disposição para doenças”.
Wilhelm Reich
No século passado, o cientista natural Wilhelm Reich descobriu em suas pesquisas clínicas e laboratoriais a existência da Energia Orgone, que está presente em tudo e todos, mas com maior manifestação nos seres vivos. E que a nossa capacidade em absorver e reter o Orgone é quem nos mantem saudáveis e os bloqueios a esta energia em nosso corpo nos adoece.
Para auxiliar no tratamento das pessoas que possuem dificuldades em reter e fluir a energia no organismo ele desenvolveu o Acumulador de Orgone ou conhecida como Caixa Orgônica, que funciona como uma bateria de recarga de energia vital (orgônio), simplificando.
No próximo dia 14/02/20 teremos a oportunidade de conhecer a CAIXA ORGONICA e escutar sobre no evento “Apresentação do Relatório de Orgonoterapia”, com Paulo Borges, que é Psicologo e atua como Orgonoterapeuta em Recife.
O que a infância tem a ver com isso?
Reich, seguindo a teoria psicanalista de Freud, demonstrou que as nossas couraças musculares e caracteriais são criadas e desenvolvidas em nossa infância. Nos dias atuais a Neurociência já possui estudos científicos ratificando a ontogenia dos principais problemas psicológicos. Existe uma base biológica ou energética, segundo os conceitos reichianos, no entanto, podemos chamá-la de pré-disposição, o que significa que poderá ser ativada ou não, dependendo da quantidade afeto e liberdade em nossa tenra infância.
Reich amplia o conceito psicanalitico do desenvolvimento infantil incluindo também o período de concepção e gestacional como motor de surgimento de biopatias e outras manifestações do desequilíbrio energético no processo do individuo.
Não é uma questão de sorte ou de fatalismo, mas de afeto e amor. O casal de amantes durante o abraço genital carregam em si energia, temperamento, emoção e encouraçamento. Esta combinação durante a fecundação produzirá o que Federico Navarro denominou de campos energéticos. Esta influência diretamente relacionada à concepção e desenvolvimento intra-uterino influenciará o temperamento e a gestão energética que o individuo terá durante toda a sua existência, podendo colocá-lo mais susceptível a processos de somatização ou biopatias.
Reich falava sobre flexibilização das couraças neuróticas ou a possibilidade de criar couraças em psicóticos. O que nos impede de ter uma livre circulação energética não é a couraça em si, mas a sua rigidez ou tensão. No mundo em que vivemos é impossível existir sem ter couraças, mas estas, podem ser flexíveis, que podemos usar quando julgarmos necessários. O problema é que na infância, por conta da completa falta de defesa ante à sistemática agressão por nosso conjunto familiar, não pudemos manter nosso Eu intacto, senão criando couraças musculares rígidas ou incompletas.
Então, fomos criando estruturas psico-física-energéticas completamente inequivocadas, que muitas vezes nos leva à compulsão, controle, masoquismo, raiva ou histeria para a defesa de nosso Eu mais profundo, uma vez que fomos feridos no Amor. Enquanto esperávamos um Amor que nos fizesse crescer e nos tornar independentes e amorosos, encontramos um “amor” falso, deturpado, enganador, controlador, etc. Essa ferida chamada Edípica, nos impediu de experimentar o Amor que liberta.
Feridos, passamos a nos ferir e a ferir os outros, como forma de perpetuar este “falso amor”.
Não temos nada além do amor.
Rumi
Não temos antes, princípio nem fim.
A alma grita e geme dentro de nós:
– Louco, é assim o amor.
Colhe-me, colhe-me, colhe-me!
Neste processo da busca do que chamamos Amor, que é nossa própria identidade, nosso Eu, ativamos as couraças criadas na experiência da infância e vamos nos afastando de nossa Essência e, então, adoecemos. Adoecemos por falta do Amor. O Amor que buscamos em nossa família de origem e que não foi capaz de nos dar, apenas um perfume falsificado daquilo que era Essência. As doenças vamos dando nome diversos, como arritmias, enxaquecas, gastrites, bursites, impotências; ou medos, ansiedades, raivas, tristezas, depressões, e por ai vai.
A pergunta que fica é como flexibilizar todas as couraças que foram instaladas em nosso corpo, mente sobre nossa verdadeira natureza e nosso Eu? A resposta é apenas uma: movendo-se. Saindo do lugar onde nos encontramos e partir ao encontro das dores, das enfermidades, do “inferno” instalado em nosso corpo e mente por conta da contaminação deste “Falso Amor”. Precisamos sempre ter em mente que o estado em que chegamos levou uma vida toda, então o processo da volta, vai levar um chão. Como disse Geraldo Vandré:
]]>Vem vamos embora que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora não espera acontecer.
Mas foi quando Reich tirou o paciente do divã freudiano para colocá-lo sentado em uma poltrona, foi que conseguiu visualizar de forma mais clara a linguagem dos sinais e a comunicação do corpo. O caráter é a forma do indivíduo agir e reagir por intermédio de seu comportamento. Ele expressa nosso temperamento e nossa personalidade.
Não há um comportamento sem esforço muscular e se essa necessidade de expressar-se for impedida por uma repressão ou um estresse, a emoção fica retida nos músculos e forma a couraça. A couraça, portanto, manifesta-se no corpo. É uma emoção congelada.
Portanto, o corpo fala. Expressa nossos sentimentos, nossos desejos, nossas frustrações. Essa é a leitura de sinais que podemos observar nas pessoas.
Mas, além disso, o corpo registra nossa história. Tudo o que acontece de ruim em nossas vidas, trazem marcas na mente e no corpo. Assim, nosso corpo vai se moldando como uma arvore. Se ela estiver num deserto árido, vai crescer fraca, torta. Se estiver num campo que sofre as intempéries como frio, seca, chuva em excesso, etc, vai crescer de forma desproporcional. Se estiver em um terreno com solo em cuidado e não sofrer quase nada, vai crescer bela e frondosa. O corpo humano também é assim. Se for gerado e desenvolvido em um ambiente hostil, vai ter problemas na mente que irá se refletir no corpo. Isso é o caráter.
O corpo é um registro da nossa história.
Portanto, do ponto de vista reichiana, na análise reichiana trabalhamos com a leitura dos sinais e do caráter. Um está diretamente ligado ao outro.
Analisar os sinais e o caráter do paciente dentro do processo psicoterapêutico temos uma direção do caminho a tomar para montarmos um projeto de tratamento para cada paciente e dessa forma, ajudá-lo a tomar consciência de seus comportamentos de forma modificá-los.
Leitura de sinais
Em se tratando da leitura de sinais, podemos considerar o significado de alguns deles enquanto o paciente está dentro do consultório psicológico, coo por exemplo:
Enfim, esses são apenas alguns exemplos que podemos considerar numa leitura de sinais.
Leitura do caráter
Em se tratando da leitura do caráter é quando olhamos o corpo como um todo e em suas partes considerando que a neurose está congelada no corpo em forma de couraça e isso molda o corpo de acordo com a história pessoal de cada pessoa. Sem desconsiderar a constituição genética, podemos perceber que algumas pessoas tem os olhos menos expressivos que outras, tem a mandíbula mais tensa, o pescoço mais endurecido, ombros mais erguidos, costas mais largas e duras, etc. Essa formação física, está também ligada ao caráter.
Para considerar a leitura do caráter, Reich mapeou o corpo em sete segmentos de couraça. E o bloqueio em cada um desses segmentos poderá ser hipoorgonótico (pouca energia) ou hiperorgonótico (muita energia). Mas não entraremos nesses detalhes nesse texto.
Portanto, indicaremos na sequencia como ficam as partes do corpo quando estão encouraçadas e qual a ligação disso com os traços de caráter. É importante considerar que o que causa a couraça é o estresse sofrido pela criança desde sua gestação, sempre ligado ao medo.
Para identificarmos os traços de caráter de uma pessoa, devemos considerar três condições:
a) Leitura corporal – que é feita com a observação do corpo e suas couraça;
b) Massagem reichiana – que identifica por meio do toque os pontos tensos (encouraçados) do corpo;
c) Anamnese, histórico e comportamento do indivíduo – que são as informações colhidas verbalmente quando o paciente está em terapia, mas a observação do terapeuta ao comportamento do paciente.
Somente considerando essas três condições é que podemos ter uma identificação clara dos traços de caráter de uma pessoa.
Mas a proposta aqui é falar apenas da primeira condição (leitura corporal) e do que é visível no corpo, seguindo o mapeamento emocional das couraças feito por Reich, sem precisarmos tocar ou termos dados do histórico do paciente e relacionar essa leitura ao caráter. Então, apresentamos um pequeno, um pequeníssimo resumo de algumas partes do corpo que são visíveis quando encouraçadas e que podemos relacionar ao caráter para que você possa ter apenas uma breve idéia de como é feita esse leitura do caráter por meio do corpo.
Olhos
Os olhos fazem parte do primeiro segmento de couraça mapeados no corpo por Reich, chamado de segmento ocular. Quando encouraçados, visivelmente podemos observar olhos sem brilhos, vazios, duros, arregalados ou caídos, etc. Em termos de comportamento, a couraça nos olhos compromete a percepção do indivíduo dele mesmo e do mundo em que vive, dando a ele ou ela uma condição de fantasia, falta de foco, desatenção, etc. Esse bloqueio nos olhos, quando total, designa o indivíduo psicótico e quando parcial, na visão reichiana de Federico Navarro é chamado de Núcleo Psicótico.
Pele
Também faz parte do primeiro segmento de couraça (ocular) e está ligada ao toque. Quando encouraçada visivelmente podemos observar uma pele sem brilho, enrugada, desidratada, ressecada, etc. Em termos de comportamento, a couraça na pele compromete o toque que por sua vez propicia o vínculo, a aceitação do outro e coloca a pessoa numa situação de isolamento do convívio social. Esse bloqueio é característico do indivíduo que na visão reichiana de Federico Navarro é chamado de Núcleo Psicótico.
Boca
A boca faz parte do segundo segmento de couraça mapeado no corpo por Reich, chamado de segmento oral. Quando encouraçada visivelmente podemos observar uma boca tensa, com movimentos rígidos da mandíbula, lábios apertados, ou então uma boca grande, mas sem energia, sem vida do tipo que popularmente chamamos de “boca mole”, etc. Em termos de comportamento, aqui podemos falar de um indivíduo quando tem uma oralidade reprimida ou insatisfeita. Quando reprimida é porque não mamou ou mamou pouco no peito e isso lhe dá uma condição de repressão, isolamento, timidez, boca apertada, etc. Quando insatisfeita é porque mamou um certo tempo e foi desmamado bruscamente ou mamou muito, além do que deveria e isso Le confere uma condição comportamental de insatisfação na vida, querer sempre mais, etc. E nesse caso, sua boca é grande. Em geral, a couraça no segmento oral compromete a autonomia porque são pessoas que vivem em busca de relacionamentos, parceiras para se “escorar” porque apresentam dificuldades em tocar a vida sozinhas. Esse bloqueio é característico do indivíduo que na visão reichiana de Federico Navarro é chamado de Borderline.
Pescoço
O pescoço faz parte do terceiro segmento de couraça mapeado no corpo por Reich, chamado de segmento cervical. É considerado a sede do autocontrole. Quando encouraçado pode estar ligado a várias estruturas de caráter, como veremos. Visivelmente podemos observar um pescoço tenso, duro, projetado para frente (quando o indivíduo tem um traço de caráter oral), enterrado nos ombros (quando tem um traço de caráter masoquista), apenas tenso (quando o indivíduo tem um traço obsessivo-compulsivo) ou endurecido com o queixo elevado, numa atitude soberba (quando o indivíduo tem um traço narcisista).
Peito
O peito faz parte do quarto segmento de couraça mapeado no corpo por Reich, chamado de segmento torácico. Quando encouraçado, também pode estar ligado a algumas estruturas caracterológicas. Visivelmente podemos observar, por exemplo, quando murcho, sem energia, como se estivesse vazio ou “triste”, está ligado ao caráter borderline. Quando estufado, ao caráter fálico-narcisista e histérico.
Diafragma
O diafragma faz parte do quinto segmento de couraça mapeado no corpo por Reich, chamado de segmento diafragmático. Quando encouraçado, visivelmente podemos observar uma linha logo abaixo das costelas, laterais do corpo e nas costas. E sempre iremos perceber uma lordose diafragmática que é quando as vértebras da coluna lombar se desalinham formando um sulco na coluna em função do bloqueio do diafragma. Esse bloqueio pode estar ligado a todas as estruturas de caráter visto que todos nós somos em alguma medida mais ou menos ansiosos, mas é mais comum encontrarmos o bloqueio no caráter masoquista. No caso do masoquista, é visível também a ausência de cintura. Ele é todo reto nas laterais do corpo. Em termos de comportamento, a couraça no diafragma traz uma manifestação de ansiedade.
Abdômen
O abdômen faz parte do sexto segmento de couraça mapeado no corpo por Reich, chamado de segmento abdominal. É um segmento que está ligado em sua parte superior ao diafragma e em sua parte inferior à pelves. Quando encouraçado, visivelmente podemos observar um abdômen flácido ou estufado (característico do borderline) ou tenso e duro (característico do masoquista e obsessivo-compulsivo). Também é visível os músculos lombares contraídos em decorrência de um “medo de ser atacado pelas costas”. Em termos de comportamento, a couraça no abdômen traz um padrão de querer possuir, retenção, avareza, tendência a dar ou a reter, etc. Em termos de comportamento, quando a tendência da pessoa é de reter (masoquista e obsessivo-compulsivo), geralmente são pessoas mais egoístas, avarentas, que não conseguem expressar seus afetos pelos outros. Sofrem de prisão de ventre e vivem constantemente “enfezadas” tanto no sentido fisiológico (acúmulo de fezes) ou emocional (raivosa). Quando a tendência é de soltar mais (oral), geralmente são pessoais mais afetivas e que querem sempre ajudar o próximo, às vezes num tom exagerado demais.
Pelves
A pelve faz parte do sétimo segmento de couraça mapeado no corpo por Reich, chamado de segmento pélvico. O bloqueio nesse segmento é decorrente do medo da castração ligada à situação edipiana que não conseguiu vivenciar de forma saudável que desenvolve um superego rígido, medo do julgamento, sexualidade invasora no sentido de que amam tudo que seja explosão de vida, mas são egocêntricos e querem ser sempre o centro do mundo. É um bloqueio presente em todos os traços de caráter, mas mais comumente encontrado no masoquista, no obsessivo-compulsivo e no histérico. O masoquista terá uma pelve retraída, nádegas apertadas com glúteos praticamente ausentes. A parte interna das coxas são tensas. O obsessivo-compulsivo terá uma pelve rígida e tensa. Seu movimento de quadril é duro como um bloco de concreto. Já no histérico, o corpo mais harmônico, com andar sensual, quadril largos, etc. Mas o bloqueio da pelve mostra uma anteversão, projetada para dentro ou para fora, demonstrando seus conflitos com a sexualidade.
Bem, é isso. Mas queremos alertar aos que pretendem fazer uso desse recurso em seu trabalho, seja em psicoterapia, seja em qualquer outra situação, que não use isso como um “manual de banca de revistas”. Considere que o corpo fala, mas que precisamos saber em qual situação ele está “falando” e o que quer comunicar. Portanto, não interprete, mas analise. Interpretação é subjetiva e sempre de acordo com o terapeuta, inclusive com suas limitações, seus traços de caráter e suas couraças. Análise é de acordo com o que o paciente te mostra, vê, enxerga, etc, onde juntos, podem encontrar caminhos para ajuda-lo a resolver seus conflitos, flexibilizar suas couraças e ter uma vida mais saudável.
Artigo de Autoria do Prof. Dr. José Henrique Volpi, publicado no website do Centro Reichiano.
]]>Reich vê o ser humano como uma expressão de energia que ele chamou de orgônio, cuja identidade se expressa por meio da interação mente-corpo. Considera o indivíduo sadio aquele que alcançou a maturidade do caráter genital, Fisiologia Energética e Mapeamento Emocional do Corpo Humano segundo a Medicina Tradicional Chinesa e a Psicologia Corporal, cuja carga energética circula livremente pelo corpo, sem obstáculos.
Dessa forma, em termos de saúde física e emocional, qualquer distúrbio na expressão do livre fluxo do movimento dessa energia, responderá pela formação de uma doença, seja ela física ou psicológica. Da mesma forma, qualquer alteração somática e/ou psicológica nos remeterá à alteração do fluxo energético natural.
Desde a década de 20 Reich já vinha inserindo o corpo em seu trabalho clínico dentro do tratamento psicanalítico. Criou sua primeira técnica de trabalho à qual chamou de Análise do Caráter onde demonstrou que o corpo fala e expressa por meio do caráter o temperamento e a personalidade da pessoa. E a partir dessa compreensão, da leitura corporal do caráter que se faz para conhecer a personalidade da pessoa é que Reich passou a tratar seus pacientes fora do divã, sendo o primeiro psicanalista a modificar a técnica da psicanálise, cujo método tradicional empregava o uso do divã.
Distúrbio na expressão do livre fluxo do movimento da energia, responderá pela formação de uma doença, seja ela física ou psicológica.
Volpi.
Na década de 30, os trabalhos de Reich avançaram ainda mais para essa questão mente-corpo quando identificou a couraça muscular, contração da musculatura decorrente de conflitos emocionais. A couraça, portanto, nada mais é do que a neurose congelada no corpo. Isso é o que se conhece por psicossomática, quando um conflito psíquico decorrente de vários fatores, comprometem o corpo gerando uma tensão como por exemplo, um torcicolo, uma alergia ou até mesmo um câncer.
Com a descoberta da couraça muscular, Reich amplia o nome da técnica da Análise do Caráter para Vegetoterapia caracteroanalítica, incluindo em um só conceito os trabalhos sobre a mente e o corpo. Isso levou-o a perceber que o corpo, em sua linguagem emocional, quando encouraçado retem sua energia em partes específicas, às quais ele chamou de anéis ou segmentos:
Alterações do movimento energético, nas fases evolutivas do desenvolvimento somato-psíquico pelas quais o ser humano passa ao longo de sua vida, manifestam-se como bloqueio da energia em um desses segmentos ou anéis, provocando uma estagnação dessa energia na região mais enfraquecida do corpo, respondendo dessa forma pela formação de uma doença que compromete tanto o corpo, como a mente.
Portanto, a doença irá se manifestação naquela região (anel ou segmento) que estiver encouraçado. Com base nesse pensamento, podemos afirmar que o corpo expressa o que a mente sente e a mente expressa o que o corpo sente, ligados sempre pela alteração de um movimento energético.
O primeiro segmento (ocular), é bloqueado na gestação, parto e primeiros dias de vida, em função do estresse do medo. Ameaças de aborto, drogas e outros problemas da gestação, parto prematuro, fórceps, ausência da mãe nos primeiros dez dias de vida, são alguns dos fatores que contribuem para o bloqueio energético desse segmento. Portanto, esse estresse, que chamaremos de primário, será marcado como uma predisposição a esse bebê, quando na presença de um estresse posterior, que chamaremos de secundário, a desenvolver doenças na parte do corpo correspondente (sistema nervoso, olhos, ouvido, pele, nariz).
Um estresse (primário) sofrido durante o período de amamentação irá comprometer o segundo segmento (oral) e propiciará a criança com uma predisposição a desenvolver doenças ligadas à boca (oralidade) e com isso, na presença de estresses secundários, trará a manifestação de doenças como por exemplo, o bruxismo.
E assim sucessivamente com os demais segmentos do corpo mapeados por Reich, ligados sempre a um estresse, um bloqueio energético e um traço de caráter equivalente ao bloqueio.
Na visão reichiana, o ser humano é resultante da boa ou má relação do primeiro campo energético intra-uterino que se estabelece entre a mãe e o bebê (campo fusional), relação essa que se estende para a família (campo familiar), para a sociedade (campo social) e para a natureza e o cosmos (campo cósmico). Portanto, nossa saúde física e emocional irá depender dessa relação energética em cada um desses campos, ou seja, da forma como passamos por cada um deles. E essa relação é que irá estabelecer a formação de nosso terreno biológico que se manifesta em termos qualitativos em quatro terrenos que indicam a predisposição do indivíduo a determinadas doenças.
1 – alcalino oxidado – Se nossa relação com o primeiro campo (fusional), durante o período de gestação, for perturbada, estressante, iremos comprometer a energia e por consequência a saúde física e emocional do bebê, propiciando a instauração de um terreno energético alcalino oxidado, que predispõe o indivíduo à formação de doenças ou acabam sendo um gatilho para desencadear as mesmas, ligadas ao sistema nervoso como parkinson, alguns problemas de pele, obesidade mórbida, etc.
2 – ácido oxidado – Se a perturbação ou estresse ocorrer no período da formação do bebê no segundo campo (simbiótico), teremos a instauração de um terreno energético ácido oxidado, que predispõe o indivíduo à formação de doenças como diabetes, obesidade secundária, alergias, hipertensão, etc.
3 – ácido reduzido – Se a perturbação ou estresse ocorrer no período da formação do bebê no terceiro campo (familiar), teremos a instauração de um terreno energético ácido reduzido, que predispõe o indivíduo à formação de doenças como gastrite, úlcera, angina péctoris, infarto, colites, cistites, etc.
4 – alcalino reduzido – Se a perturbação ou estresse ocorrer no período da formação do bebê no quarto campo (social), teremos a instauração de um terreno energético alcalino reduzido, que predispõe o indivíduo à formação de doenças chamadas somatopsíquicas, que são àqueles onde a pessoa sente algo em uma parte do corpo, como por exemplo uma dor no peito e acredita que está infartando, mesmo que os exames clínicos demonstrem que ela não tem nenhum problema de ordem física.
A Psicologia Corporal não encara a doença apenas no sentido psicossomático (mente-corpo), mas por uma deficiência energética da pulsação do organismo, em decorrência da couraça, seja a doença originada pela mente, ou pelo corpo. É um olhar somatopsicodinâmico.
Dessa forma, por meio da técnica da vegetoterapia caracteroanalítica, Reich demonstrou ser possível resgatar novamente a pulsação da região do corpo onde a doença se faz presente, encouraçada, de forma a permitir a circulação da energia e o alívio do sintoma da doença ou até mesmo sua cura.
A pedido de Reich, a técnica da vegetoterapia foi sistematizada por Federico Navarro que criou uma forma específica, por meio de movimentos criados para esse fim (actings), flexibilizar as couraças e resgatar a pulsação energética do organismo que foi prejudicada ou interrompida pela mesma. Segundo Navarro, a couraça é uma defesa, uma armadura e a vegetoterapia não busca eliminar a couraça, mas levar o paciente a uma tomada de consciência e autogestão da mesma. A vegetoterapia é uma metodologia terapêutica que busca dissolver gradualmente a couraça e não rompê-la bruscamente como acontece em muitas outras terapias psico-corporais. Portanto, é uma proposta de tratamento, que exige um projeto terapêutico individual para cada paciente, que vai ter seu tempo de tratamento de acordo com suas couraças.
Segundo a Psicologia Corporal, para tratar de uma doença psicossomática ou somatopsíquica, temos que trabalhar com a mente e com o corpo, flexibilizando as couraças. Esse seria um trabalho completo e profundo, mas que exige paciência e persistência porque não é apenas uma consulta e sim, um tratamento.
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Autoria: Prof. Dr. José Henrique Volpi
Artigo publicado no Centro Reichiano