couraças https://minasi.com.br Alcançando a integralidade através de terapia holística. Transforme sua vida através de aconselhamento personalizado e treinamento motivacional. Tue, 26 Oct 2021 15:41:44 +0000 pt-BR hourly 1 https://i0.wp.com/minasi.com.br/wp-content/uploads/2024/09/cropped-MeuEuMelhor.png?fit=32%2C32&ssl=1 couraças https://minasi.com.br 32 32 103183256 Os resultados de um estudo de 50 anos mostram que surras têm efeitos negativos significativos na saúde mental das crianças https://minasi.com.br/surras/ https://minasi.com.br/surras/#respond Tue, 26 Oct 2021 15:41:44 +0000 https://minasi.com.br/?p=2573 Recentemente, a Universidade do Texas em Austin e a Universidade de Michigan publicaram um estudo citando que a surra está ligada à agressão, comportamento anti-social, problemas de saúde mental, dificuldades cognitivas, baixa autoestima e uma série de outros resultados negativos. As universidades usaram dados coletados de mais de 150.000 pessoas em um período de 50 anos e concluíram que não há benefícios positivos para surras em crianças. Em vez disso, existem 13 problemas de saúde mental negativos significativos que surgem das palmadas.

Elizabeth T. Gershoff, a principal autora do estudo, disse à CBS News que quando as crianças entram na escola, pelo menos 85% delas foram espancadas. Ela também afirma que surras são, em última análise, um eufemismo para bater nos filhos. Algumas pessoas podem argumentar que acabaram bem ou que precisam bater nos filhos para definir claramente quem está no comando. A esses comentários, Gershoff diz que as pessoas ficavam bem “apesar de apanharem, não por causa disso” e que há maneiras melhores e mais saudáveis de disciplinar as crianças.

As crianças precisam de disciplina em suas vidas, e a melhor maneira de fazer isso é estabelecer limites claros, ser consistentes quanto a eles, ser organizados e ser um modelo. Resumindo, o castigo corporal só leva a efeitos negativos na saúde mental das crianças a longo prazo e abre um precedente para violência futura.

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O corpo, esse tagarela! https://minasi.com.br/o-corpo-esse-tagarela/ https://minasi.com.br/o-corpo-esse-tagarela/#respond Wed, 11 Dec 2019 14:19:28 +0000 https://minasi.com.br/?p=1848 Wilhelm Reich foi o precursor das psicoterapias corporais. Desde sua época enquanto psicanalista seguidor de Freud, sempre inseriu o corpo em seu processo analítico.

Mas foi quando Reich tirou o paciente do divã freudiano para colocá-lo sentado em uma poltrona, foi que conseguiu visualizar de forma mais clara a linguagem dos sinais e a comunicação do corpo. O caráter é a forma do indivíduo agir e reagir por intermédio de seu comportamento. Ele expressa nosso temperamento e nossa personalidade.

Não há um comportamento sem esforço muscular e se essa necessidade de expressar-se for impedida por uma repressão ou um estresse, a emoção fica retida nos músculos e forma a couraça.  A couraça, portanto, manifesta-se no corpo. É uma emoção congelada.

Portanto, o corpo fala. Expressa nossos sentimentos, nossos desejos, nossas frustrações. Essa é a leitura de sinais que podemos observar nas pessoas.

Mas, além disso, o corpo registra nossa história. Tudo o que acontece de ruim em nossas vidas, trazem marcas na mente e no corpo. Assim, nosso corpo vai se moldando como uma arvore. Se ela estiver num deserto árido, vai crescer fraca, torta. Se estiver num campo que sofre as intempéries como frio, seca, chuva em excesso, etc, vai crescer de forma desproporcional. Se estiver em um terreno com solo em cuidado e não sofrer quase nada, vai crescer bela e frondosa. O corpo humano também é assim. Se for gerado e desenvolvido em um ambiente hostil, vai ter problemas na mente que irá se refletir no corpo. Isso é o caráter.

O corpo é um registro da nossa história.

Portanto, do ponto de vista reichiana, na análise reichiana trabalhamos com a leitura dos sinais e do caráter. Um está diretamente ligado ao outro.

Analisar os sinais e o caráter do paciente dentro do processo psicoterapêutico temos uma direção do caminho a tomar para montarmos um projeto de tratamento para cada paciente e dessa forma, ajudá-lo a tomar consciência de seus comportamentos de forma modificá-los.

Leitura de sinais

Em se tratando da leitura de sinais, podemos considerar o significado de alguns deles enquanto o paciente está dentro do consultório psicológico, coo por exemplo:

  • Testa franzida em direção ao nariz = desconfiança.
  • Sobrancelhas elevadas e testa franzida = espanto.
  • Olhos arregalados = medo, apreensão.
  • Morder os lábios = receio em falar ou não alguma coisa.
  • Franzir o canto da boca = descontentamento.
  • Projetar o queixo = auto-afirmação, desafiar.
  • Pescoço duro = controle
  • Ombros erguidos = receio, medo de ser repreendido.
  • Ombros para frente e peito apertado = medo de ser invadido.
  • Ombros para trás e peito estufado = desafiar, mostrar poder.
  • Nádegas apertadas = medo de fazer algo errado

Enfim, esses são apenas alguns exemplos que podemos considerar numa leitura de sinais.

O corpo é uma máquina do tempo: mostra nossa história.

Leitura do caráter

Em se tratando da leitura do caráter é quando olhamos o corpo como um todo e em suas partes considerando que a neurose está congelada no corpo em forma de couraça e isso molda o corpo de acordo com a história pessoal de cada pessoa. Sem desconsiderar a constituição genética, podemos perceber que algumas pessoas tem os olhos menos expressivos que outras, tem a mandíbula mais tensa, o pescoço mais endurecido, ombros mais erguidos, costas mais largas e duras, etc. Essa formação física, está também ligada ao caráter.

Para considerar a leitura do caráter, Reich mapeou o corpo em sete segmentos de couraça. E o bloqueio em cada um desses segmentos poderá ser hipoorgonótico (pouca energia) ou hiperorgonótico (muita energia). Mas não entraremos nesses detalhes nesse texto.

Portanto, indicaremos na sequencia como ficam as partes do corpo quando estão encouraçadas e qual a ligação disso com os traços de caráter. É importante considerar que o que causa a couraça é o estresse sofrido pela criança desde sua gestação, sempre ligado ao medo.

Para identificarmos os traços de caráter de uma pessoa, devemos considerar três condições:

Segmentos de couraça

a) Leitura corporal – que é feita com a observação do corpo e suas couraça;

b) Massagem reichiana – que identifica por meio do toque os pontos tensos (encouraçados) do corpo;

c) Anamnese, histórico e comportamento do indivíduo – que são as informações colhidas verbalmente quando o paciente está em terapia, mas a observação do terapeuta ao comportamento do paciente.

 Somente considerando essas três condições é que podemos ter uma identificação clara dos traços de caráter de uma pessoa.

Mas a proposta aqui é falar apenas da primeira condição (leitura corporal) e do que é visível no corpo, seguindo o mapeamento emocional das couraças feito por Reich, sem precisarmos tocar ou termos dados do histórico do paciente e relacionar essa leitura ao caráter. Então, apresentamos um pequeno, um pequeníssimo resumo de algumas partes do corpo que são visíveis quando encouraçadas e que podemos relacionar ao caráter para que você possa ter apenas uma breve idéia de como é feita esse leitura do caráter por meio do corpo.

Olhos

Olhos

Os olhos fazem parte do primeiro segmento de couraça mapeados no corpo por Reich, chamado de segmento ocular. Quando encouraçados, visivelmente podemos observar olhos sem brilhos, vazios, duros, arregalados ou caídos, etc. Em termos de comportamento, a couraça nos olhos compromete a percepção do indivíduo dele mesmo e do mundo em que vive, dando a ele ou ela uma condição de fantasia, falta de foco, desatenção, etc. Esse bloqueio nos olhos, quando total, designa o indivíduo psicótico e quando parcial, na visão reichiana de Federico Navarro é chamado de Núcleo Psicótico.

Pele

Pele

Também faz parte do primeiro segmento de couraça (ocular) e está ligada ao toque. Quando encouraçada visivelmente podemos observar uma pele sem brilho, enrugada, desidratada, ressecada, etc. Em termos de comportamento, a couraça na pele compromete o toque que por sua vez propicia o vínculo, a aceitação do outro e coloca a pessoa numa situação de isolamento do convívio social. Esse bloqueio é característico do indivíduo que na visão reichiana de Federico Navarro é chamado de Núcleo Psicótico.

Boca

A boca faz parte do segundo segmento de couraça mapeado no corpo por Reich, chamado de segmento oral. Quando encouraçada visivelmente podemos observar uma boca tensa, com movimentos rígidos da mandíbula, lábios apertados, ou então uma boca grande, mas sem energia, sem vida do tipo que popularmente chamamos de “boca mole”, etc. Em termos de comportamento, aqui podemos falar de um indivíduo quando tem uma oralidade reprimida ou insatisfeita. Quando reprimida é porque não mamou ou mamou pouco no peito e isso lhe dá uma condição de repressão, isolamento, timidez, boca apertada, etc. Quando insatisfeita é porque mamou um certo tempo e foi desmamado bruscamente ou mamou muito, além do que deveria e isso Le confere uma condição comportamental de insatisfação na vida, querer sempre mais, etc. E nesse caso, sua boca é grande. Em geral, a couraça no segmento oral compromete a autonomia porque são pessoas que vivem em busca de relacionamentos, parceiras para se “escorar” porque apresentam dificuldades em tocar a vida sozinhas. Esse bloqueio é característico do indivíduo que na visão reichiana de Federico Navarro é chamado de Borderline.

Pescoço

Pescoço

O pescoço faz parte do terceiro segmento de couraça mapeado no corpo por Reich, chamado de segmento cervical. É considerado a sede do autocontrole. Quando encouraçado pode estar ligado a várias estruturas de caráter, como veremos. Visivelmente podemos observar um pescoço tenso, duro, projetado para frente (quando o indivíduo tem um traço de caráter oral), enterrado nos ombros (quando tem um traço de caráter masoquista), apenas tenso (quando o indivíduo tem um traço obsessivo-compulsivo) ou endurecido com o queixo elevado, numa atitude soberba (quando o indivíduo tem um traço narcisista).

Peito

Peito

O peito faz parte do quarto segmento de couraça mapeado no corpo por Reich, chamado de segmento torácico. Quando encouraçado, também pode estar ligado a algumas estruturas caracterológicas. Visivelmente podemos observar, por exemplo, quando murcho, sem energia, como se estivesse vazio ou “triste”, está ligado ao caráter borderline. Quando estufado, ao caráter fálico-narcisista e histérico.

Diafragma

O diafragma faz parte do quinto segmento de couraça mapeado no corpo por Reich, chamado de segmento diafragmático. Quando encouraçado, visivelmente podemos observar uma linha logo abaixo das costelas, laterais do corpo e nas costas. E sempre iremos perceber uma lordose diafragmática que é quando as vértebras da coluna lombar se desalinham formando um sulco na coluna em função do bloqueio do diafragma. Esse bloqueio pode estar ligado a todas as estruturas de caráter visto que todos nós somos em alguma medida mais ou menos ansiosos, mas é mais comum encontrarmos o bloqueio no caráter masoquista. No caso do masoquista, é visível também a ausência de cintura. Ele é todo reto nas laterais do corpo. Em termos de comportamento, a couraça no diafragma traz uma manifestação de ansiedade.

Abdômen

Barriga pra dentro, peito pra fora!

O abdômen faz parte do sexto segmento de couraça mapeado no corpo por Reich, chamado de segmento abdominal. É um segmento que está ligado em sua parte superior ao diafragma e em sua parte inferior à pelves. Quando encouraçado, visivelmente podemos observar um abdômen flácido ou estufado (característico do borderline) ou tenso e duro (característico do masoquista e obsessivo-compulsivo). Também é visível os músculos lombares contraídos em decorrência de um “medo de ser atacado pelas costas”. Em termos de comportamento, a couraça no abdômen traz um padrão de querer possuir, retenção, avareza, tendência a dar ou a reter, etc. Em termos de comportamento, quando a tendência da pessoa é de reter (masoquista e obsessivo-compulsivo), geralmente são pessoas mais egoístas, avarentas, que não conseguem expressar seus afetos pelos outros. Sofrem de prisão de ventre e vivem constantemente “enfezadas” tanto no sentido fisiológico (acúmulo de fezes) ou emocional (raivosa). Quando a tendência é de soltar mais (oral), geralmente são pessoais mais afetivas e que querem sempre ajudar o próximo, às vezes num tom exagerado demais.

Pelves

A pelve faz parte do sétimo segmento de couraça mapeado no corpo por Reich, chamado de segmento pélvico. O bloqueio nesse segmento é decorrente do medo da castração ligada à situação edipiana que não conseguiu vivenciar de forma saudável que desenvolve um superego rígido, medo do julgamento, sexualidade invasora no sentido de que amam tudo que seja explosão de vida, mas são egocêntricos e querem ser sempre o centro do mundo. É um bloqueio presente em todos os traços de caráter, mas mais comumente encontrado no masoquista, no obsessivo-compulsivo e no histérico. O masoquista terá uma pelve retraída, nádegas apertadas com glúteos praticamente ausentes. A parte interna das coxas são tensas. O obsessivo-compulsivo terá uma pelve rígida e tensa. Seu movimento de quadril é duro como um bloco de concreto.  Já no histérico, o corpo mais harmônico, com andar sensual, quadril largos, etc. Mas o bloqueio da pelve mostra uma anteversão, projetada para dentro ou para fora, demonstrando seus conflitos com a sexualidade.

Bem, é isso. Mas queremos alertar aos que pretendem fazer uso desse recurso em seu trabalho, seja em psicoterapia, seja em qualquer outra situação, que não use isso como um “manual de banca de revistas”. Considere que o corpo fala, mas que precisamos saber em qual situação ele está “falando” e o que quer comunicar. Portanto, não interprete, mas analise. Interpretação é subjetiva e sempre de acordo com o terapeuta, inclusive com suas limitações, seus traços de caráter e suas couraças. Análise é de acordo com o que o paciente te mostra, vê, enxerga, etc, onde juntos, podem encontrar caminhos para ajuda-lo a resolver seus conflitos, flexibilizar suas couraças e ter uma vida mais saudável.

Artigo de Autoria do Prof. Dr. José Henrique Volpi, publicado no website do Centro Reichiano.

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A casa de hóspedes  https://minasi.com.br/a-casa-de-hospedes/ Sun, 13 Aug 2017 13:04:38 +0000 http://minasi.com.br/2017/08/a-casa-de-hospedes/ O Ser humano é uma casa de hóspedes.Todas as manhãs uma nova chegada.

Uma alegria, uma depressão, uma maldade, alguma consciência momentânea vem como um visitante inesperado.


Devemos recebê-los: Bem-vindos; e entretê-los todos!

Mesmo se eles são uma multidão de tristezas, que violentamente arranquem  toda a sua mobília da casa, ainda assim, devemos tratar cada convidado honrosamente.

Ele pode estar te limpando para um novo deleite.

O pensamento sombrio, a vergonha, a malícia, encontrá-los na porta rindo e convidá-los a entrar.

Agradeça pelo que vier.

Porque cada um foi enviado como um guia do além.

— Jellaludin Rumi, tradução por Coleman Barks

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O Eneagrama e os traços de caráter segundo Reich https://minasi.com.br/o-eneagrama-e-os-tracos-de-carater-segundo-reich/ Mon, 30 May 2016 00:29:35 +0000 http://minasi.com.br/?p=327 O Eneagrama é um mapa para a essência. No caminho para a essência, a personalidade permanece como um obstáculo. As 9 personalidades, segundo o Eneagrama, possuem paixões energéticas básicas (medo, raiva e ansiedade), que podem ser definidos por bloqueios caracterizais análogos aos de Wilhelm Reich. Através do trabalho desenvolvido por Reich, Navarro e Lowen é possível fazer uma intersecção das Couraças Reichinanas e os tipos psicológicos do Eneagrama e propor terapias breves para o desbloqueio e melhor circulação energética do indivíduo.

Palavras-chave: Eneagrama. Corpo. Couraças. Energia. Psicologia. Reich.

Apresentação de slides:

Desde os primórdios o ser humano tem o desejo e a necessidade de se descobrir, conhecer-se e alcançar níveis maiores de consciência sobre os processos de sua mente e do comportamento individual e das sociedades. Neste contexto podemos encontrar o Eneagrama.

O vocábulo Eneagrama vem do Grego, ENE (ennea) que significa o número nove; e Grama, também do Grego (grammos), como traço ou marca, ou seja, nove traços ou nove personalidades.

A origem do Eneagrama, enquanto sabedoria de transmissão oral não é documentada ou clara. Alguns autores (Cláudio Naranjo, Helen Palmer) apontam que variações do símbolo já se faziam presentes há mais de 4.000 anos na geometria Pitagoriana. Há relatos de que irmandades Sufis também já utilizavam o Eneagrama para estudar o comportamento humano. Segundo Domingos Cunha (2005) é certo que em Alexandria, por volta dos séculos III e IV existiu uma contribuição marcante dos trabalhos dos Padres do Deserto, com destaque para um monge cristão chamado Evagrio do Ponto. A partir da sua vivência com outros monges no Egito, Evagrio publicou um tratado onde descrevia oito “doenças espirituais” que afligiam o ser humano. Ele as classificou como “paixões”, tão grande era sua consequência danosa para o indivíduo. Posteriormente, essas paixões foram adaptadas pela Igreja para definir os Sete Pecados Capitais e aparecem também nos conceitos do Eneagrama.

Foi George Gurdjieff (1890-1950), um russo-armênio, quem introduziu o símbolo, o conceito do Eneagrama no mundo moderno do século XX, através do Instituto para o desenvolvimento harmonioso do Homem, fundado em 1910. Após Gurdjieff, vários nomes se destacaram no Eneagrama até a atualidade como Oscar Inchaço, Claudio Naranjo, Helen Palmer, Domingos Cunha, entre outros.

O símbolo de nove pontas

O símbolo é composto de um triângulo equilátero apontando para os números 9, 3, 6. Uma figura hexagonal conectando os outros pontos 1, 4, 2, 8, 5, 7. E um círculo envolvendo todos os pontos. Cada ponto significa uma personalidade, segundo os estudos do Eneagrama, atribuído então 9 personalidades básicas.

Os Eneatipos e as fixações das paixões

Os Centros Vitais

Segundo o Eneagrama, o ser humano possui três centros de energia, com 3 eneatipos em cada, que são a base das características da personalidade e das paixões a elas vinculadas.

A palavra paixão há muito encerra uma conotação doentia. Desse modo, em Anthropologie, Kant (2006) diz que “a emoção é como a água que rompe um dique; a paixão como uma torrente que toma seu leito cada vez mais fundo. A emoção é como a embriaguez que nos faz adormecer; a paixão é como uma doença resultante de uma constituição defeituosa ou de um veneno”

As personalidades se dividem em nove tipos, distribuídas dentro dos Centros Vitais. Cada Eneatipo pode, ainda, ser dividido em três instintos: Sexual, Conservacional ou Social, totalizando 27 personalidades distintas. Naranjo (1996) escreve assim distribuindo os eneatipos segundo os Centros Vitais:

Talvez o esquema retratado na Figura seja o modelo circunflexo mais convincente até aqui. Concordando também com a opinião atual em função do agrupamento das síndromes do DSM, a presente caractereologia reconhece três grupos fundamentais: o grupo esquizoide, com uma orientação voltada para o pensamento (que denominarei aqui de tipos do Eneagrama V, VI e VII), o grupo histeróide, com uma orientação voltada para o sentimento (tipos do eneagrama II, III e IV) e outra estrutura corporal (que Kretschmer poderia ter chamado coletivamente de epileptoide) formada por indivíduos cuja constituição encerra a ectomorfía mais baixa e são predominantemente voltados para a ação. (NARANJO, 1995, p. 100).

eneagrama

Figura 1 – O Eneagrama – (NARANJO, 1995, p 60)

A Psicologia Corporal

O médico e psicanalista Wilhelm Reich desenvolveu todo um estudo onde o corpo retém os traumas emocionais, observando em seu consultório diversas pessoas que não se libertavam de seus traumas e problemas psicológicos usando os estudos de Freud. Esses traumas corporais ele nomeou de couraças.

Através da leitura do corpo poderia se perceber os bloqueios energéticos e propor terapias para a dissolução dessas couraças e a livre circulação energética nos indivíduos.

Couraças reichianas
Couraças reichianas

 

Tipo 1 – A Ira

Uma “virtude irada”, assim Naranjo (1996) define o Tipo I. Catalisando sua emoção (raiva) e o cognitivo (perfeccionista) o Tipo 1 leva a sério a vida. Tudo é transformado em objeto de compulsão ou obsessão leve, moderada ou severa, de forma de que ninguém consegue fazer melhor que ele, já que seus padrões de perfeição são definidos por sua própria paixão.

Mais que qualquer outro traço, podemos considerar a “raiva” a base emocional e a essência da paixão da estrutura deste caráter. Uma sensação de injustiça diante de seus esforços e das responsabilidades que assumiu desproporcional em relação aos outros. A raiva está presente em uma forma de irritação, reprovação e hostilidades permanentes, que sempre são reprimidas ou desviadas e não expressadas. Junto com a base que é a raiva aparece a crítica, a exigência, o perfeccionismo, o controle excessivo, a autocritica e a disciplina configurando o caráter de obsessão e compulsão.

As couraças reichianas

O tipo I do eneagrama corresponde à personalidade histriônica do DSM, o obsessivo-compulsivo.

Reich (2011, p. 201) descreve assim sobre o compulsivo-obsessivo, que entendo como base do Tipo I: “Mesmo se o senso de ordem do neurótico compulsivo não estiver presente, um senso pedante de ordem é típico do caráter compulsivo. Tanto nas coisas grandes quanto nas pequenas, ele vive a vida de acordo com um padrão preconcebido e irrevogável.”

O que é mais importante é que ele acentua o que poderia ser encarado como o outro lado do autocontrole: o bloqueio emocional.

Ao mesmo tempo em que ele tem má-vontade com relação aos afetos, ele é fortemente inacessível a eles. Ele se mostra geralmente calmo e insensível em suas manifestações de amor e ódio. Em alguns casos, isso pode se transformar em um total bloqueio com relação aos afetos.

Dentro da Vegetoterapia, Navarro (1995) nos coloca que o traço de cobertura caracterial compulsiva (fálico-anal ou hístero-anal) como borderline, ou seja Oral reprimido, em sua base. Tem uma necessidade de cobrir o núcleo psicótico inconsciente reprimido e controlado, a fim de evitar sua explosão.

Há essa tendência de indivíduos ruminar a raiva que impede a concentração nas “coisas” primárias de forma que o secundário acaba tomando o lugar do primário. Este é o mecanismo de defesa de pessoas rígidas.

Percebemos um diafragma comprometido pela participação do “masoquismo” e uma sensação de ter transgredido a “lei” constantemente.

É constante, no compulsivo, o aspecto psicológico da dúvida e da indecisão: por isso, a problemática de ser ou não ser, que equivale à dúvida infantil de reter ou não as fezes e soltarei… A dúvida e a indecisão dessas pessoas caracterizam sua ambivalência, que é a expressão da sua rigidez pelo bloqueio do quarto nível (pescoço e tórax) (NAVARRO, 1995, p. 79)

Toda a caracterialidade do Tipo 1 pode ser notada na sua corporalidade: uma rigidez militar, um rosto duro, um autocontrole que os torna desajeitados pelo bloqueio pescoço-pélvis. 

Tipo II – o Orgulho

O tipo II é definido pelos autores do eneagrama como os doadores ou aqueles que se dão, ou seja, ele busca trocar a “doação” por afeto, não importando o que ele necessita mas sim a necessidade do outro. Configurando assim o orgulho.

Na raiz de seu comportamento está a paixão do orgulho, uma exaltação imaginária do valor e da atração pessoal, a necessidade de ser o centro das atenções. A carência de amor dos indivíduos do tipo II o torna suscetível e melindroso, uma possessividade e uma demanda de ser reconhecido.

A busca compulsiva do prazer sustenta naturalmente a persona alegre dos indivíduos histriônicos, com seu suposto contentamento e animação. Outra característica é a autoconfiança e a obstinação, traço esse que envolve “conseguir o que quer” mesmo à custa de uma “cena emocional” ou pratos quebrados.

No DSM, o Tipo II do eneagrama é encontrado sob o rótulo de “Distúrbio de Personalidade Histriônica”, para o qual são apresentados os seguintes critérios de diagnóstico.

As couraças reichianas

Reich (2011) descreve o caráter histérico como possuindo os seguintes traços:

  • Visível comportamento sexual
  • Um tipo específico de agilidade física
  • Coquetismo indisfarçado
  • Apreensão quando o comportamento sexual parece estar próximo de atingir sua meta
  • Fácil excitabilidade
  • Forte sugestionabilidade
  • Imaginação vívida e mentira patológica

O tipo II está relacionado à caracterialidade hístero-vaginal ou fálico-histérica, mas apresenta um núcleo bordelense Oral compensador. Em sua origem há um período edípico em uma relação de sedução ao pai ou à mãe. Navarro (1995) diz que, se foi vivido de forma conturbado na puberdade, isso torna-se um complexo de Édipo.

O histérico é hiperorgonótico com a caracterialidade bem resolvida, mas muito infantil, apresentando um bloqueio intermitente na pélvis que explica a sexualidade contraditória ao seu comportamento. Tem uma atitude sexual evasiva e agilidade corporal, mas retraídas na concretização sexual, o que demonstra uma presença do superego ligado ao julgamento dos outros. Para esta caracterialidade a aprovação do outro, demonstrada na carência do amor, implica numa tensão do diafragma, provocado pelo sentimento de culpa, caracterizando o clássico masoquismo do histérico. Além disso, tem uma tendência a mudar de humor e de opinião por uma sugestionabilidade.

Tipo III – A Vaidade

A paixão de viver para os olhos dos outros, a vaidade, pode-se configurar a definição do tipo III do Eneagrama. Viver para a autoimagem é um sinônimo de falar do narcisismo, um traço de caráter que está presente fortemente neste tipo.

O tipo III pressente ao centro emocional ou grupo histeróide, onde a vaidade ou autoengano é uma característica comum. Vemos um controle dos sentimentos e uma identificação com o de outros.

Segundo Naranjo (1996) o tipo III não possui uma definição no DSM, ele diz que isso pode estar relacionado ao fato de ser uma “personalidade da moda” na sociedade americana. Mas encontramos no mesmo uma classificação como um transtorno da personalidade cuja característica essencial é um padrão invasivo de grandiosidade, necessidade de admiração e falta de empatia.

A personalidade III emite uma imagem bem-sucedida onde a aparência é fundamental em um “eu idealizado” e onde a pessoa parece adorá-lo, uma aparente autoconfiança abundante, que parece invejável a todos que se desgastam com a própria insegurança; ele não tem dúvidas (conscientes); ele é o ungido, o homem do destino, o profeta, o benfeitor da humanidade. Um espirito competidor, realizador, empreendedor.

As couraças reichianas

Uma vez que toda couraça psíquica pressupõe um equivalente somático, uma couraça muscular (REICH, 1996), a couraça narcisista do tipo III do eneagrama, recobre todo o corpo, com acentuação no pescoço, peito e diafragma. Esses indivíduos, quando mapeado por um diagnóstico corporal reichiano, poderá apresentar bloqueio de primeiro nível – no segmento ocular – trazendo uma condição paranóide; no segundo nível (oral) uma tendência à vulnerabilidade, depressividade e no terceiro (cervical) um comportamento controlador, moralista (VOLPI, 2003).

Esse traço possui energia acima da média, porém, mal distribuído pelo corpo o que lhe atribui uma denominação hiperorgonótico desorgonótico. Esse aspecto energético concede um dinamismo, uma determinação, que o faz perseguir e atingir seus objetivos com certa facilidade.

Esse tipo do eneagrama diante de uma situação de fracasso, estresse ou algo que o faça confrontar “sua verdade”, esta energia poderá refluir na direção dos olhos, trazendo uma condição paranoica ou em direção à boca, apresentando uma condição depressiva (NAVARRO, 1995).

Segundo Volpi (VOLPI, 2003, p. 9):

O distúrbio básico na personalidade narcisista consiste na ausência de sentimento. Por isso, quando o narcisista tem sua vaidade ofendida, reage com frieza, sadismo e agressividade. Ele não tolera a ideia do fracasso. Às vezes se enfurece como um louco ou se deprime por não poder alcançar o que o ideal do ego exige e abre em seu caráter uma ferida narcísica que, na maioria das vezes passa a agir com uma dinâmica de barganha demagógica de modo a obter uma amenização da virulência dos ataques mobilizados contra ele. A determinação em vencer está mais baseada no medo do fracasso do que na própria recompensa que irá obter por lutar e vencer.

Tipo IV – A Melancolia

A inveja é o estado emocional do tipo IV do Eneagrama e envolve uma sensação de carência e o anseio em direção ao que sente falta. Há frustração, que é consequência natural, além do desejo de conduzir a situações dolorosas. Neste tipo percebemos uma tendência à depressão como um pântano, ou seja, uma situação onde quanto mais se entra mais se afunda.  O aspecto mais característico do tipo IV, além da motivação invejosa, pode ser visto na tendência para a auto vitimização e a frustração.

Podemos definir o tipo IV como uma personalidade depressiva, auto derrotista e masoquista, que no DSM se caracteriza como distúrbio de humor.

Trata-se de um tipo de pessoa excessivamente amargurada e para quem tudo está de certo modo estragado. E, para pessoas deste tipo, tudo isso não é necessariamente óbvio, ele pode manifestar alegria e uma atividade hipomaníaca como uma forma de escapar da tristeza. É comum se compararem com aqueles que “vivem felizes” tornando o sofrimento uma coisa nobre e contemplem a si mesmos de maneira aristocrática, uma forma de dar um sentido de sublimação de sua dor, que pode encontrar na arte, na religião uma transcendência.

Na estrutura da personalidade encontramos a Inveja como elemento central, em uma forma de ver aquilo que me falta, uma ganância, um impulso desejoso.

Com o foco no sofrimento, que surge através de uma autoimagem desabonadora e a frustração da carência exagerada, devemos citar a utilização da dor como vingança e a esperança inconsciente de obter o amor. Neste sentido a emotividade é uma tendência exagerada nesta personalidade, como um copo que está sempre cheio e transbordante, assim são as emoções para o tipo IV.

 Couraças reichianas

No tipo IV, do eneagrama, encontramos uma oralidade acentuada, um borderline com oralidade insatisfeita por uma sensação de falta de maternagem suficiente. Isso o conduz a essa sensação de falta e à inveja: porque o outro tem o que eu não tenho?

No nível inconsciente a ganância visa basicamente esvaziar, secar e devorar o seio, ou seja, seu objetivo é a introjeção destrutiva ao passo que a inveja não apenas procura roubar dessa maneira, mas insere também uma maldade.

Em virtude do traço caracterial masoquista percebemos o bloqueio hiporgonótico do diafragma, chamado de “grande boca”, é encontrado sempre que há um núcleo psicótico no indivíduo e provoca o masoquismo primário.

A origem do masoquista está em cada emoção que provoca ansiedade, isto é, um certo tipo de medo, um medo de morrer que, do ponto de vista energético, é o medo do orgasmo, de deixar-se, de abandonar-se completamente ao outro. 

Tipo V – A Avareza

A paixão do tipo V é a avareza, um refrear e reter. Uma ganância que se manifesta através da retenção. No entanto essa retenção só representa metade da psicologia do Tipo V do eneagrama, a outra metade é desistir com excessiva facilidade, com uma atitude de resignação em relação ao amor e às pessoas. Podemos falar desse indivíduo como desapegado, reservado, autista e esquizoide.

Existe um tipo de personalidade no DSM que é definido com base em um único traço, o qual, por causa disso, pode ser um diagnóstico atribuído a mais de um dos tipos de caráter deste livro: a personalidade passivo-agressiva.  As exigências externas nessa personalidade são muito próximas as características do tipo V do eneagrama.

Como traços marcantes de sua personalidade, podemos citar a retenção, avareza e mesquinhez, ou seja, falta de generosidade em questões de dinheiro, energia e tempo.; Dificuldade em ceder as coisas ao outro por questão de uma atitude de sobrevivência; Desapego emocional do outro desenvolvendo um distanciamento do outro, uma “qualidade” de ser solitário; Medo de ser “engolido pelos outros”; Autonomia, o qual surge o pensamento de que eu me basto; Ausência do sentimento, ou seja, distanciamento do mundo do corpo e do sentir, conduzindo a uma sensação de vazio constante; Adiamento da ação; Orientação cognitiva, pessoas introvertidas e adoradoras de livros.

Couraças reichianas

A personalidade V do Eneagrama fica bem próxima de uma condição esquizoparanoide em suas manifestações mais crônicas. Há traços de autismo e esquizoidíssimo no seu afastamento do contato com o outro. O desapego patológico que aparece em graus leve, moderado e crônico dá indícios de comprometimentos do núcleo psicótico.

É característico dessas pessoas um sistema hiporgonótico e flacidez muscular, uma vez que toda a energia está retida na cabeça. Notamos também uma necessidade de controle veemente. Esse controle causa uma acentuação do bloqueio de 3º nível, do pescoço, em uma defesa narcisista intensa e uma obsessão pelo controle externo, evitando áreas onde o expõe às emoções e ao contato com o corpo. Também encontramos um bloqueio de 5º nível, diafragmático, onde o medo dessa exposição gera uma ansiedade corrente, encurtando a respiração e aumentando a sensação de vazio.

Tipo VI – A Covardia

A paixão presente no tipo VI do Eneagrama pode ser definida como timidez e covardia; uma hesitação ou inibição ansiosa em agir na presença do medo. A contraparte cognitiva do medo pode ser encontrada em uma atitude de auto-invalidação, auto-oposição e culpa – um tornar-se inimigo de si mesmo.

A definição do DSM do caráter paranoico é bem próxima a do tipo VI do eneagrama. O caráter fóbico da psicanálise, agora refletido no distúrbio da personalidade “esquiva”, bem como no da personalidade “dependente”, é outro. No entanto, existe também um estilo mais obsessivo, geralmente diagnosticado como um distúrbio de personalidade mista entre a paranoica e a obsessiva.

Podemos perceber nos indivíduos uma hostilidade paranoica. Como uma defesa diante da submissão a um dos pais, uma defesa contra o amor, uma defesa contra a tentação de um sedutor “amor através da submissão”, que o medo inspira na criança.

Enquanto os indivíduos mais “fracos” se submetem a essa obediência amorosa à autoridade dos pais, o subtipo “forte” (chamado de contra-fóbico) vai se defender dessa tentação à submissão.

Como traços marcantes de sua personalidade, podemos citar:

  • Medo, covardia e ansiedade
  • Hiperintencionalidade excessivamente alerta – uma vigilância exagerada
  • Orientação teórica – Não apenas intelectual, mas lógica
  • Afabilidade cativante – a afeição usada como forma de desarmar o opositor
  • Rigidez – ligado a lei, obediência, devoção às responsabilidades
  • Orientação para autoridade e ideais
  • Acusação de si e dos outros – um sistema de acusação e punição.
  • Dúvida e a ambivalência.

Couraças reichianas

No centro desta personalidade está um Eu fraco, possivelmente castrado e obrigado a obedecer desde as primeiras fases. Seu Eu não consegue se impor diante da autoridade exterior, fazendo um papel masoquista de submissão.

Encontramos bloqueios de 1º nível, onde o medo impõe uma forma de olhar distorcida da realidade, projetando seus medos através de uma vigília constante do meio onde está inserido. Ainda no nível 3, uma necessidade de controle de tudo o que se coloca a sua volta, já que não pode confiar em si mesmo. O bloqueio desta couraça reforça sua baixa energia. Nos níveis 4º e 5º encontramos bloqueios por sua ambivalência e dúvidas, mostram o Eu enfraquecido, peito infantil e ação fraca. Um elevado índice de ansiedade ligada ao medo, trás o bloqueio do diafragma, expondo pernas fracas e dificuldade de ação.

Tipo VII – A Gula

A melhor definição da paixão do tipo VII do Eneagrama é a gula, mas como o termo é sempre relacionado à comida, sua força diminui. Se consideramos a gula de uma forma mais ampla percebemos nela um hedonismo aderido à psique, enevoando (através da confusão um obstáculo à busca do equilíbrio).

Considerando o DSM, encontramos o tipo VII sob o nome de “narcisista”. Os narcisistas são expansivos, colocam poucos limites às suas fantasias e racionalização, e deixa a imaginação correr frouxa. (Millon, 1981)

Podemos também traduzir a gula como uma “oralidade receptiva”. Uma necessidade de se dar através da boca, um anseio de obter tudo, uma obstinação por falar, um transbordamento da palavra.

Como traços marcantes de sua personalidade, podemos citar a gula, permissividade hedonista, rebeldia, falta de disciplina, satisfação imaginária dos desejos, sedução agradável, narcisismo.

Couraças reichianas

A gula e o narcisismo são as características centrais dessa personalidade, além de uma imaginação e racionalização exageradas.

Podemos perceber no tipo, um duplo núcleo psicótico, com bloqueio de primeiro nível, e excesso do uso Neo-cortex, como forma de fuga das emoções e dores.

A gula, que é sua característica mais marcante, em uma busca de sempre mais, encontramos um borderline ou oral insatisfeito, com energia retida neste segmento.

O narcisismo com bloqueio no nível do pescoço e do tórax, há um desejo de que a vida seja a mais positiva possível.

Tipo VIII – A Luxúria

O tipo VIII do Eneagrama é a personalidade do excesso, por isso a evocação à paixão da luxúria, que procura a intensidade, não somente no sexo, mas em todo tipo de estímulo – atividades, ansiedades, prazeres e assim por diante.

No DSM podemos associar o distúrbio da personalidade antissocial ao tipo VIII do Eneagrama.

Como traços marcantes de sua personalidade podemos citar a luxúria, punitividade, rebeldia, dominância, insensibilidade, exibicionismo (narcisismo), autonomia, predominância sensório motora.

Couraças reichianas

É natural encontrar no tipo VIII do Eneagrama, uma oralidade insatisfeita latente, por conta da luxúria, ou seja, percebe-se isso através do excesso na comida, no prazer e no trabalho. Esse tipo possui um bloqueio de 2º nível com uma tendência hiperorgonótico neste segmento. O excesso de narcisismo, reconhecido pelo exibicionismo de suas habilidades e posicionamento, expõe um bloqueio no 4º nível. Finalmente, pela sua característica fálica, percebemos o bloqueio de 7º nível – pélvico. Segundo Navarro (1995), o caráter fálico-narcisista de 7º nível é um dos mais difíceis na terapia, pois quando se agarra na calda, escapa pela cabeça; agarrado na cabeça, escapa pela cauda.

Tipo IX – A Preguiça

A paixão do tipo IX do Eneagrama pode ser definida como “preguiça” ou “indolência”, traduzida do grego “accidia”, um termo cunhado na época dos mosteiros e definido como a preguiça do monge diante de suas orações no sol das 15:00 horas. Usando termos mais modernos, a “accidia” é uma perda de interioridade, uma recusa em ver e uma resistência à mudança. Poderíamos resumir em “não perturbe a ordem e a harmonia”.

Como traços marcantes de sua personalidade podemos citar a inércia psicológica, adaptação excessiva, resignação, generosidade, mediocridade e distração.

No DSM encontramos o tipo IX como “personalidade dependente”.

Couraças reichianas

O tipo IX do Eneagrama perdeu seu centro motor, o centro da ação e por isso o vemos sempre atrasados nos compromissos, nos estudos, na vida. A dificuldade em ver e perceber a vida tal como ela, e a adaptação excessiva, nos sugerem um bloqueio de 1º nível, uma distorção do campo da visão.

A oralidade está muito presente, por causa de sua insatisfação e sensação de que a vida foi injusta consigo, então ele precisa ser recompensado, cuidado e amparado.

O bloqueio diafragmático é notório por sua grande ansiedade, onde percebemos um bloqueio de 4º e 5º níveis, impedindo o fluxo energético para as pernas, faltando ação. É fácil perceber um indivíduo Hiporgonótico.

Considerações Finais

Ao juntar a teoria das personalidades do Eneagrama, e sua fácil leitura dos comportamentos e das motivações, com a psicologia corporal reichiana, podemos vislumbrar um processo terapêutico a partir da leitura corporal desses indivíduos. E assim, pensar em terapias breves usando essas metodologias como forma de auxiliar esse tratamento e reintegração global da pessoa.

Referências

O estudo foi apresentado no 21º Congresso de Psicologias Corporais, em Curitiba e o artigo está disponível em seu site para download.

  • American Psychiatry Association. Diagnostic and Statistical Manual of Mental disorders – DSM-5. 5th.ed. Washington: American Psychiatric Association, 2013.
  • CUNHA, Domingos, CSh. Crescendo com o Eneagrama na Espiritualidade. São Paulo: Paulus, 2005.
  • DERRIDA, Jaques. Gramatologia. São Paulo: Editora Perspectiva, 1973.
  • GALLEN, M-A.- Neidhardt, H. El Eneagrama De Nuestras Relaciones. (Colección Serendipity 11). Desclée de Brouwer. Bilbao, 1997.
  • KANT, Immanuel – Antropologia do ponto de vista pragmático. São Paulo: Iluminuras, 2006
  • MILLON, Theodore, Disorders of Personatity: DSM IIZ. Axis II. Nova York: John Wiley & Sons, 1981.
  • NARANJO, Claudio. Os nove Tipos de Personalidade. Rio de Janeiro: Editora Objetiva, 1996.
  • NAVARRO, Federico. Caracterológica pós-reichiana. São Paulo: Summus, 1995.
  • REICH, Wilheim, Análise do Caráter. São Paulo: Martins Fontes: 2011 – 4ª edição.
  • VOLPI, José Henrique. Poder, fama e ferida narcísica: uma compreensão caractero-energético do narcisista. Curitiba: Centro Reichiano, 2003. Disponível em: www.centroreichiano.com.br/artigos.htm. Acesso em: 28/02/16.
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