auto conhecimento https://minasi.com.br Alcançando a integralidade através de terapia holística. Transforme sua vida através de aconselhamento personalizado e treinamento motivacional. Wed, 08 May 2024 10:05:00 +0000 pt-BR hourly 1 https://i0.wp.com/minasi.com.br/wp-content/uploads/2024/09/cropped-MeuEuMelhor.png?fit=32%2C32&ssl=1 auto conhecimento https://minasi.com.br 32 32 103183256 Fases do Desenvolvimento Infantil e os Traços de Caráter https://minasi.com.br/fases-do-desenvolvimento-infantil-e-os-tracos-de-carater/ https://minasi.com.br/fases-do-desenvolvimento-infantil-e-os-tracos-de-carater/#respond Wed, 08 May 2024 10:05:00 +0000 https://minasi.com.br/?p=3328 A jornada do desenvolvimento humano é fascinante e complexa, especialmente durante a infância. A psicanálise, com suas raízes profundas no trabalho de Sigmund Freud, oferece uma visão intrigante sobre as fases do desenvolvimento infantil. Paralelamente, a psicologia corporal nos apresenta uma perspectiva única sobre como nossos corpos e mentes interagem para formar traços de caráter distintos.

As Fases do Desenvolvimento Infantil na Psicanálise

Freud revolucionou a compreensão do desenvolvimento infantil ao introduzir os estágios psicossexuais: oral, anal, fálico, latência e genital[6]. Cada estágio é caracterizado por desafios e conflitos específicos que, quando navegados com sucesso, levam a uma personalidade saudável e bem ajustada. Por exemplo, o estágio oral foca na experiência e gratificação através da boca, enquanto o estágio anal lida com questões de controle e independência.

Donald W. Winnicott, um pediatra e psicanalista inglês, expandiu essa visão ao enfatizar a importância da relação mãe-bebê e introduzir o conceito de “dependência absoluta” nos primeiros meses de vida[7]. Winnicott acreditava que a capacidade de um bebê de sentir-se onipotente, graças à resposta imediata de seus cuidadores, era crucial para o desenvolvimento saudável.

Traços de Caráter na Psicologia Corporal

A psicologia corporal, influenciada pelos trabalhos de Wilhelm Reich, Alexander Lowen e Frederico Navarro, examina como as experiências emocionais se manifestam fisicamente. Cinco traços de caráter são identificados: esquizoide, oral, psicopata, masoquista e rígido[1]. Cada traço reflete uma estratégia de adaptação desenvolvida na infância em resposta ao ambiente e às relações interpessoais.

Por exemplo, o traço esquizoide pode se desenvolver em resposta a uma desconexão emocional precoce, levando a um comportamento mais distante e isolado. O traço oral, por outro lado, pode surgir de uma necessidade de dependência emocional e busca de aprovação.

A Integração das Duas Perspectivas

A integração das fases do desenvolvimento infantil na psicanálise com os traços de caráter da psicologia corporal oferece uma visão holística do crescimento humano. Entender como os estágios iniciais da vida influenciam tanto a mente quanto o corpo é essencial para abordagens terapêuticas eficazes e para a promoção do bem-estar emocional e físico.

A psicanálise e a psicologia corporal, juntas, nos ajudam a compreender melhor as complexidades da personalidade humana e a importância das experiências da infância. Elas nos ensinam que cada indivíduo é o resultado de uma tapeçaria intrincada de influências psicológicas e físicas, tecida desde os primeiros dias de vida.

A beleza dessa jornada de desenvolvimento é que, apesar de nossos traços de caráter serem formados cedo, eles não são imutáveis. Com a consciência e o apoio adequados, podemos aprender a usar nossos traços de caráter como ferramentas para uma vida mais plena e realizada.

A psicanálise e a psicologia corporal continuam a ser campos vibrantes de estudo e prática, oferecendo insights valiosos para todos aqueles interessados no desenvolvimento humano. Eles nos convidam a olhar para dentro de nós mesmos e para os outros com empatia, compreensão e uma apreciação mais profunda da jornada da vida.

Referências:

[1]: https://luizameneghim.com/blog/tracos-de-carater/ “”
[2]: https://relacoes.umcomo.com.br/artigo/analise-corporal-entenda-os-5-tracos-de-carater-30552.html “”
[3]: https://bing.com/search?q=Tra%C3%A7os+de+car%C3%A1ter+da+psicologia+corporal “”
[4]: https://www.fundacaocasagrande.org.br/noticias/o-traco-de-carater-rigido-uma-armadura-corporal/ “”
[5]: https://www.mulher.com.br/comportamento/analise-do-carater-teoria-diz-que-tracos-do-rosto-e-corpo-explicam-seu-comportamento “”
[6]: https://psicanaliseblog.com.br/teorias-psicanaliticas-sobre-o-desenvolvimento-infantil/ “”
[7]: https://www.psicanaliseclinica.com/desenvolvimento-infantil-winnicott/ “”
[8]: https://www.gerarprosperarpsicanalise.com.br/post/psican%C3%A1lise-e-o-desenvolvimento-infantil-compreendendo-os-caminhos-da-mente “”
[9]: https://saudeinterior.org/desenvolvimento-psicossexual-fases-de-freud/ “”
[10]: https://www.psicanaliseclinica.com/tecnica-do-brincar-em-melanie-klein/ “”

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https://minasi.com.br/fases-do-desenvolvimento-infantil-e-os-tracos-de-carater/feed/ 0 3328
Couraças musculares e o Eneagrama https://minasi.com.br/couracas-musculares-e-o-eneagrama/ https://minasi.com.br/couracas-musculares-e-o-eneagrama/#respond Wed, 01 May 2024 10:55:00 +0000 https://minasi.com.br/?p=3326 A intersecção entre as couraças musculares e os tipos do eneagrama oferece uma perspectiva fascinante sobre a psicologia humana e o desenvolvimento pessoal. As couraças musculares, um conceito introduzido por Wilhelm Reich, referem-se às tensões crônicas no corpo que atuam como barreiras contra a expressão de emoções e impulsos. Reich acreditava que essas couraças podiam ser mapeadas e correlacionadas com traços de personalidade específicos, influenciando a maneira como as pessoas interagem com o mundo ao seu redor.

O eneagrama, por outro lado, é um sistema de tipologia de personalidade que descreve nove tipos distintos, cada um com suas motivações, medos e desejos únicos. Esses tipos são frequentemente usados para promover o autoconhecimento e o crescimento pessoal, ajudando as pessoas a entenderem suas próprias limitações e potenciais.

A combinação desses dois sistemas pode proporcionar insights valiosos para terapias e práticas de desenvolvimento pessoal. Por exemplo, alguém com uma couraça muscular associada ao tipo histérico no eneagrama pode apresentar um comportamento sexual visível, uma agilidade física específica e um coquetismo indisfarçado. Essas características podem ser vistas como defesas contra a vulnerabilidade emocional e podem ser abordadas através de terapias que focam na liberação dessas tensões corporais.

A análise reichiana, uma extensão do trabalho de Reich, busca liberar essas couraças musculares para permitir um fluxo mais livre de energia e emoções. Isso pode levar a uma maior expressão emocional e a uma sensação de bem-estar. Ao entender como as couraças musculares se relacionam com os tipos de personalidade do eneagrama, os terapeutas podem criar abordagens mais personalizadas para ajudar os indivíduos a alcançarem um equilíbrio mais saudável entre mente e corpo.

A pesquisa e a prática contínuas nessa área podem revelar ainda mais sobre como nossas emoções e traços de personalidade se manifestam fisicamente e como podemos trabalhar para superar as barreiras que nos impedem de viver uma vida plena e autêntica. Para aqueles interessados em explorar mais sobre esse tópico, há uma riqueza de recursos disponíveis, incluindo artigos acadêmicos e workshops que oferecem uma visão mais profunda das couraças musculares e dos tipos do eneagrama[1][2].

Referências:

[1]: https://centroreichiano.com.br/artigos/Anais_2016/Eneagrama-e-tracos-de-carater-segundo-Reich-MINASI-Elias-VOLPI-Jose-Henrique.pdf “”
[2]: https://ibrath.com/como-wilhelm-reich-contribuiu-para-a-teoria-das-couracas-musculares/ “”
[3]: https://minasi.com.br/2017/12/couracas-musculares-como-nossas-emocoes-se-fixam-em-nosso-corpo/ “”
[4]: https://www.centroreichiano.com.br/artigos/Artigos/Os-sete-segmentos-de-couracas-e-seus-bloqueios-luisa-fragoso-e-jose-henrique-volpi.pdf “”

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A Análise Reichiana (Psicologia Corporal) e o Eneagrama https://minasi.com.br/a-analise-reichiana-psicologia-corporal-e-o-eneagrama/ https://minasi.com.br/a-analise-reichiana-psicologia-corporal-e-o-eneagrama/#respond Fri, 26 Apr 2024 10:38:00 +0000 https://minasi.com.br/?p=3323

A Análise Reichiana (psicologia corporal) e o Eneagrama são duas abordagens fascinantes que oferecem insights profundos sobre a personalidade humana. Ambas as teorias buscam entender como os indivíduos se comportam, reagem e interagem com o mundo ao seu redor, mas cada uma delas o faz à sua maneira única.

A Análise Reichiana (psicologia corporal), por exemplo, identifica 3 Estruturas, a saber, Mimética, Limítrofe e Neurótica, que podem traços de caráter que chamamos de coberturas: Obsessivo-compulsivo, Masoquista, Histérico e Fálico[1]. Esses traços são vistos como mecanismos de defesa que se formam durante a infância e influenciam tanto a mente quanto o corpo. A ideia é que esses traços de caráter moldam nossa identidade, emoções e comportamentos, e podem se tornar armadilhas ou recursos valiosos, dependendo de como os entendemos e lidamos com eles.

Por outro lado, o Eneagrama categoriza a personalidade em nove tipos distintos, divididos em três centros de inteligência: emocional, mental e instintivo[6]. Cada tipo do eneagrama tem suas próprias motivações, medos e desejos, que influenciam a maneira como as pessoas percebem o mundo e interagem com os outros. O eneagrama não só descreve esses tipos de personalidade, mas também oferece um caminho para o crescimento pessoal e espiritual, incentivando os indivíduos a se conectarem com sua essência e a superarem as limitações impostas pelo ego.

Quando comparamos as duas teorias, podemos encontrar algumas semelhanças interessantes. Ambas reconhecem que os padrões de personalidade se formam cedo na vida e têm um impacto significativo no comportamento adulto. Além disso, tanto a psicologia corporal quanto o eneagrama sugerem que a autoconsciência e o trabalho pessoal podem levar a uma vida mais plena e satisfatória.

Olhando de mais perto, percebemos semelhanças entre o sistema de traços de caráter e a tipologia dentro do Eneagrama. Sem desejar sobrepor ou sobre-avaliar um deste, mas percebendo o que podemos agregar de um e de outro no processo do autoconhecimento e do trabalho terapêutico.

No entanto, também existem diferenças. A psicologia corporal tende a enfatizar como as experiências da infância moldam o corpo e a mente, enquanto o eneagrama se concentra mais na dinâmica do ego e na busca pela essência. Além disso, a psicologia corporal é mais focada na relação entre o corpo e os traços de caráter, enquanto o eneagrama oferece um sistema mais espiritualizado e holístico para entender a personalidade.

Em última análise, tanto a psicologia corporal quanto o eneagrama oferecem caminhos valiosos para o autoconhecimento e o desenvolvimento pessoal. Ao explorar as semelhanças e diferenças entre essas duas abordagens, podemos obter uma compreensão mais rica e matizada de nós mesmos e dos outros. Seja você um profissional da área ou alguém em busca de crescimento pessoal, há muito o que aprender com a psicologia corporal e o eneagrama.

Referências:
[1]: https://www.xavierserranohortelano.com/evaluacionestructural.php “”
[2]: https://www.psicanaliseclinica.com/carater/ “”
[3]: https://amenteemaravilhosa.com.br/personalidade-temperamento-e-carater/ “”
[4]: https://repositorio.animaeducacao.com.br/bitstream/ANIMA/36178/1/TCC%20revisado_Analise%20comparativa.pdf “”
[5]: https://pt.estudyando.com/perspectiva-do-traco-teoria-e-definicao/ “”
[6]: https://br.psicologia-online.com/os-9-tipos-de-personalidade-do-eneagrama-321.html “”
[7]: https://ieneagrama.com.br/tipos/ “”
[8]: https://felipepretel.com/blog/post/eneagrama-guia-completo/ “”
[9]: https://psicologosemmanaus.com.br/eneagrama/ “”

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Molduras para pessoas – traços de caráter https://minasi.com.br/molduras-para-pessoas-tracos-de-carater/ https://minasi.com.br/molduras-para-pessoas-tracos-de-carater/#respond Fri, 11 Aug 2023 12:34:58 +0000 https://minasi.com.br/?p=3136

As manifestações individuais presentes no coletivo muitas vezes nos deixam perplexos. Como uma pessoa pode agir ou reagir desta ou daquela forma? O que acontece para que seja assim? Como podemos melhorar interna e externamente, tornando o ambiente mais fluido e menos burocrático ou agressivo?

A resposta está em nosso desenvolvimento mais primitivo, em nossa infância.

Os traços de caráter são marcas e soluções que conseguimos implementar em nossa infância, para lidar com a dor da castração à nossa potência ou ausência do amor. Eles são como as guias que colocamos em nosso cão de estimação para que ele faça o que desejamos ou nos obedeça. De certa forma, na infância, como nossos genitores não conseguiram lidar com a energia livre da criança, dando contornos seguros para que ela pudesse se desenvolver de forma livre, desenvolvendo uma moral natural através da ética, acabam por nos colocar essas “guias” que Wilhelm Reich chamou de couraças musculares de caráter.

cachorro sendo segurado pela guia
O traço de caráter é uma contenção de nossa energia

Então, tanto o aspecto comportamental, sentimental e de pensamento coincidem com as couraças musculares no sentido de conduzir a criança à submissão. Esse congelamento da energia imposto pelos pais produzem na criança acomodações físicas e psíquicas para que o sofrimento seja menor. Isto ocorre no amadurecimento do aparato muscular, cada fase ligada ao segmento que está energeticamente sendo aprontado.

Isto, coloca a criança diretamente ligada ao seu corpo e sujeita à sua relação com as figuras materna e paterna. Aqui não falamos de trauma mas de um treinamento constante, diário, de submissão insistente, de forma a moldar corpo e psique. Cada fase deste desenvolvimento vai liberar ou constranger energia e ação.

Com o passar dos anos esta forma de moldar corpo e psique se torna permanente formando o traço do caráter que acompanhará a pessoa por toda a sua vida. Isto é como uma escala que se movimenta: podendo ser momentos de maior ou menor intensidade na manifestação da couraça do caráter.

Com os traços de caráter aprendemos a nos socializar

Podemos citar os principais traços:

Compulsivo – se fixando até aproximadamente 4 anos

Masoquista – se fixando até aproximadamente 4 anos

Fálico – se fixando até aproximadamente na adolescencia

Histérico – se fixando até aproximadamente na adolescencia

Cada um desses traços de estrutura neurótica pode ser misturado entre si e tomar uma intensidade, com um ou outro se tornando mais presente, dependendo de como a criança se sentiu em cada fase do seu desenvolvimento, em relação à pressão que sofria para se adequar ao sistema da família e à sociedade.

Estes traços podem se manifestar em uma estrutura neurótica ou uma cobertura para uma estrutura limítrofe, onde a base dos problemas está num momento mais primitivo do desenvolvimento infantil, onde o aparato muscular não tinha capacidade de suportar a carga de adaptação necessária.

Estas estruturas pressupõem formas de relação com as figuras de autoridade a partir da experiência com as figuras materna e paterna, produzindo adesões ou rompimentos quando se alcança a idade adulta. Refletindo nas relações suas experiências de adaptação.

Todo este processo é inconsciente, ou seja não há participação da vontade e decisão, mas como o próprio Reich o definiu, uma reação do corpo, que é o próprio inconsciente frente à pressão para se ajustar. Então, podemos dizer que mesmo as reações adultas são inconscientes ou comandadas por esta instância.

Estes traços vão marcar a forma como o individuo vai se relacionar nas relações mais íntimas, familiares e também na sua interação social, dentro do mundo do trabalho e sociedade. Isto vai constituir uma personalidade ou um jeito de funcionar externamente que de certa forma, estará tentando evitar aquela pressão e angústia enfrentada na sua infância, dentro do sistema familiar. Toda a sua busca será por nunca entrar neste conflito, que para o inconsciente tem perigo de sofrimento e morte.

Dentro do ambiente de trabalho, pode se submeter às pessoas, tentando não mostrar raiva ou qualquer atitude que resguarde seu campo. Tal submissão pode demonstrar uma polidez externa, que cobre um ódio e raiva enorme interior. Sorrisos, cooperação, aceitações incondicionais, pouca ou nenhuma manifestação de seus desejos ou pensamentos, evitação, formação de grupos de resistência, liderança democrática, onde não é aplicável, etc…

De outro lado está a raiva exposta, imposição de suas vontades, conflitos abertos e sem solução, vinganças, lideranças ditatoriais, onde não é aplicável, exigências absurdas de produtividade, utilização de imagem pessoal como opressão do outro, etc…

E ainda resta a sedução, os jogos dúbios, os convencimentos elogiosos falsos, a malemolência, etc…

São todas manifestações dos traços de caráter diante de sistemas de relações no trabalho e na sociedade.

A forma de sair destes comportamentos e condicionados é movimentar a couraça, sair do congelamento que ainda funciona sobre a pessoa, assumindo riscos em enfrentar a sua dor interior para que também o grupo se beneficie de seu movimento. A couraça corporal de caráter é um congelamento evitativo da dor, quanto mais se movimenta e flexibiliza, mais energia e movimento se ganha o individuo e a comunidade.

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Transtorno de ansiedade na prática https://minasi.com.br/transtorno-de-ansiedade-na-pratica/ https://minasi.com.br/transtorno-de-ansiedade-na-pratica/#respond Mon, 07 Aug 2023 21:23:45 +0000 https://minasi.com.br/?p=3128 A OMS (Organização Mundial da Saúde) tem emitido alertas sobre dois assuntos muito importantes nos dias atuais: a depressão e o transtorno da ansiedade, como problemas dentro da saúde mental que atingem a população global. Isso é fácil de notar pelo número de pessoas nos consultórios psiquiátricos e psicológicos com problemas para lidar com estes assuntos em seu dia a dia.

O Transtorno da ansiedade é um Fenômeno Social

Começar do topo, porque o transtorno da ansiedade não é um fenômeno individual, é um problema de saúde pública no mundo todo e principalmente no Brasil. Novos dados divulgados por uma pesquisa da Universidade Federal de Pelotas nos apontam que: 26,8% dos brasileiros receberam diagnóstico médico de ansiedade.

Isto significa que numa população de 203.000.000 de pessoas, conforme o censo de 2021, atualmente 56.000.000 receberam um diagnóstico médico de um tipo de transtorno. Considerando que muita gente nem vai ao médico, poderíamos supor que este número chegue com facilidade próximo de 50% da população brasileira na manifestação de transtorno de ansiedade.

Podemos imaginar que isso deveria ser um problema de adultos, preocupados com os boletos do dia a dia ou com filhos, casamentos, trabalho, mas esta mesma pesquisa aponta que um terço (31,6% – 10.000) da população mais jovem, de 18 a 24 anos, é ansiosa principalmente entre as mulheres (34,2%).

Estes dados apontam que precisamos mudar a forma como nossa sociedade está se estruturando, diminuir a pressão e aumentar o prazer e o relaxamento.

Quando falamos sobre ansiedade a nível individual, pessoal, temos que fazer um contraponto e tentar perceber o que é transtorno, adoecimento e o que é a vida normal e comum?

Ansiedade x transtorno da ansiedade

A ansiedade (energia do fazer, atuar, realizar) enquanto energia é importante e necessária na vida. Sem ela, ficaríamos pensando e pensando e nada colocaríamos em prática. Isso me lembra o sujeito que estava deitado na rede e grita para a mãe: A gente tem remédio para veneno de cobra? E a mãe responde: “Não. Você foi picado?” E o sujeito interpela: “Está vindo uma lá no jardim.” Ou seja, nossa capacidade de ação, da ação certa.

Eu considero o transtorno da ansiedade como um alarme de incêndio ou um detector de fumaça. O sofrimento está na camada externa, no topo da sensação. E o motivo não está fora. Ele está dentro de cada um. O problema não é o externo, mas como eu entendo, sinto e ajo dentro de mim.

Se o detector de fumaça ou alarme de incêndio dispara o que devemos fazer? Desligar o alarme ou procurar a origem da fumaça ou do incêndio? É mais fácil, cômodo, desligar o alarme, tirar as suas pilhas, desliga-lo da tomada de energia do que entrar para os porões esquecidos do inconsciente em busca dos motivos individuais que estão fazendo disparar o alarme.

O elástico tem uma função e uma capacidade de elasticidade. Você estica e ele volta ao seu estado natural, agora, o que acontece se eu o esticar e manter esticado por muito tempo? Ou se eu o colocar em um local muito mais frio? Vai alterar suas propriedade e capacidade de funcionamento.

A ideia de que somos capazes de tudo, de que podemos tudo é uma distorção de nossa época. Cada um de nós funciona de uma forma especifica, segundo a sua história pessoal, segundo o funcionamento da sua família original. Quando nos sentimos forçados a funcionar ou a agir de um jeito muito diferente do que somos, acontece aqui um Stress, ou melhor dizendo, um distress. E temos uma capacidade interior, individual de suportar isso. Se passo a funcionar muito além de minha capacidade por um longo período de tempo, começa o transtorno, que pode ir piorando numa escala até o adoecimento severo, crônico.

O transtorno da ansiedade pode começar apenas com pensamentos redundantes sobre um assunto; pode começar com um sentimento de medo ou de fuga; pode começar com sensações físicas nas mais diversas formas. À medida que o medo aumenta e se foge do problema, conflito ou situação, os sintomas tendem a se agravar, como no exemplo do alarme de incêndio, gritando mais alto dentro do organismo e da psiquê.

A Personalidade atuando

Cada pessoa funciona de uma forma diferente das outras, mesmo gêmeos univitelinos vão apresentar sensação, emoção e comportamento distintos. A forma como percebemos a vida desde o ventre de nossa mãe nos molda para o que acontece no dia a dia. Então, no caso da ansiedade também será assim. Pode-se ser mais energético com a vida, tentando resolver os conflitos e as situações sem deixar acumular, mas pode-se ser mais mental e afastando a atitude e a ação e funcionando no planejamento e pensamento. Isto certamente vai afetar como o transtorno da ansiedade pode atingir e a sensação em relação aos acontecimentos. Quanto mais se distancia da ação e da resolução e se aproxima do medo, mais congelamento e mais a ansiedade vai funcionar como um automóvel, onde engata a marcha, acelera e ao mesmo tempo puxa o freio de mão, fazendo com que os pneus girem, mas o carro não saia do lugar. Esta é a imagem do transtorno: uma quantidade enorme de energia produzida e sem destinação.

OLHAR, SENTIR, AGIR

Para sair deste lugar precisa querer olhar para as camadas inferiores da ansiedade e perceber do que temos medo. O que freia a nossa ação? Por que não faço o que desejo?

Olhar

A primeira etapa é olhar para o que estou sentindo e para isto, vamos realizar em dois movimentos oculares:

Ponto fixo

Para realizar este movimento, siga os seguintes passos:

  1. Sente-se em uma cadeira, poltrona ou qualquer lugar onde os seus pés alcancem o chão.
  2. Descruze as pernas e coloque os dois pés firmes no solo
  3. Usando uma caneta, lápis ou o próprio dedão da mão (que pode ser esquerda ou direita), extenda o braço a uma distância de aproximadamente 30 cm do rosto.
  4. Posicione o objeto entre os dois olhos e mantenha ele firme
  5. Olhe para o objeto e mantenha o olhar fixo, lembrando de respirar
  6. Fique nesta posição por aproximadamente 2 minutos.
  7. Enquanto olha para o objeto, pense sobre o que te aflige.
  8. Depois de terminar, anote suas sensações, pensamentos e emoções

Lateralização dos olhos

Para realizar este movimento, siga os seguintes passos:

  1. Sente-se em uma cadeira, poltrona ou qualquer lugar onde os seus pés alcancem o chão.
  2. Descruze as pernas e coloque os dois pés firmes no solo
  3. Usando uma caneta, lápis ou o próprio dedão da mão (que pode ser esquerda ou direita), estenda o braço a uma distância de aproximadamente 30 cm do rosto.
  4. Movimente o objeto para as laterais direita e esquerda da cabeça
  5. Acompanhe o objeto com os olhos, sem mexer a cabeça, apenas com o movimento ocular, lembrando de respirar
  6. Continue o movimento por aproximadamente 2 minutos.
  7. Enquanto olha para o objeto, pense sobre o que tem medo.
  8. Depois de terminar, anote suas sensações, pensamentos e emoções

SENTIR

Respiração

Com o auxilio de uma bexiga de aniversário vazia siga os seguintes passos:

  1. Sente-se em uma cadeira, poltrona ou qualquer lugar onde os seus pés alcancem o chão.
  2. Descruze as pernas e coloque os dois pés firmes no solo
  3. Encha o seu abdômen (barriga) de ar.
  4. Sopre a bexiga sem tomar fôlego, até esvaziar bem os pulmões.
  5. Repita este movimento por aproximadamente 2 minutos.
  6. Enquanto enche a bexiga, pense sobre o que te aflige.
  7. Depois de terminar, anote suas sensações, pensamentos e emoções

AGIR

O que pode acontecer enquanto pratica estes movimentos?

Pode não acontecer nada, apenas respirar e movimentar os olhos e isso já é muito, porque vai estar pensando e elaborando as situações. Também, podem emergir sensações, sentimentos, emoções ou pensamentos. Tudo isso pertence a você.

O que fazer com o que emerge?

  1. permitir a existência da sensação, emoção, sentimento
  2. expressar o que senso, sinto
  3. elaborar seja individualmente pensando, conversando com alguém ou num processo de terapia.

REFERÊNCIAS

https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-noticias/noticias/37237-de-2010-a-2022-populacao-brasileira-cresce-6-5-e-chega-a-203-1-milhoes

https://www.clinicakowalski.com.br/post/por-que-o-homem-vai-menos-ao-medico#:~:text=Isso%20ocorre%20desde%20motivos%20como,m%C3%A9dico%20pelo%20maior%20per%C3%ADodo%20poss%C3%ADvel.

Navarro, Frederico – Caracteriologia Pós-Reichiana – Summus, 1995

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https://minasi.com.br/transtorno-de-ansiedade-na-pratica/feed/ 0 3128
Mecanismos de defesa no Eneagrama https://minasi.com.br/mecanismos-de-defesa-no-eneagrama/ https://minasi.com.br/mecanismos-de-defesa-no-eneagrama/#respond Thu, 16 Mar 2023 20:42:33 +0000 https://minasi.com.br/?p=3054 Quando você está em uma situação incerta ou abaixo do ideal, como você reage? Você fica frustrado e na defensiva ou retraído e isolado? Talvez você negue totalmente suas emoções e dê desculpas por seu comportamento. Ou talvez você não tenha certeza de sua reação, com a qual não estaria sozinho – a maioria desses mecanismos de defesa vive profundamente em nosso subconsciente. 

As pessoas usam mecanismos de defesa como forma de evitar emoções difíceis, pensamentos ou partes de si mesmas que consideram inaceitáveis. Embora nem todos os mecanismos de defesa sejam “ruins” per se, eles podem limitar seu crescimento e acesso à totalidade de quem você é. Ao entender como eles operam em sua vida, você pode enfrentar sua sombra e, como resultado, ter mais controle sobre suas reações.

Dado que o Eneagrama ajuda a desfazer nossas estruturas de ego, cujos mecanismos de defesa nos mantêm presos, é uma ferramenta maravilhosa para cultivar a consciência de seus padrões de defesa.

Específico para cada tipo é um medo central que os limita. Cada tipo também pertence a um Centro de Inteligência com uma emoção comum – medo para os tipos mentais, vergonha para os tipos emocionais e raiva para os tipos instintivos. Embora os humanos sejam seres complexos e usem uma variedade de defesas, cada tipo tende a se inclinar para uma defesa primária, dada a forma como sua emoção comum e medo central são expressos. É então usado como uma estratégia de enfrentamento para minimizar ansiedade, raiva ou tristeza indesejadas.

Descubra o mecanismo de defesa associado ao seu tipo abaixo, bem como uma estratégia de como você pode redirecionar esses padrões para viver em sua essência. 

TIPO UM, O REFORMADOR: FORMAÇÃO REATIVA

Os tipo UM trabalham para evitar a raiva, que consideram “errada” ou “ruim”, por meio da formação reativa. Isso significa agir exatamente da maneira oposta à qual eles pensam ou sentem. Por exemplo, se eles acham que seu novo colega de trabalho é uma ameaça, em vez de questioná-lo ou não gostar dele, eles se esforçam para ser gentis com ele. Esta é a tentativa do UM de manter sua raiva e ansiedade sob controle. Alguns têm um forte crítico interno que os repreende por pensamentos, sentimentos ou ações que vão contra o que eles pensam que “deveriam” ser. No entanto, quando não estão cientes dessa defesa, eles podem internalizar ainda mais a raiva e se tornar reativos e críticos quando ela finalmente vier à tona.

Como trabalhar através da formação reativa:

  • Processo verbal – quando você fala sobre algo, pode entender melhor suas reações. Aviso: Você está se contradizendo, passando de elogios para críticas sobre alguma coisa?
  • Verifique seu corpo – como um tipo instintivo, ligado ao corpo, você armazena muita tensão lá. Você está percebendo ombros tensos, mandíbula cerrada ou um buraco no estômago? Use esses sinais como um convite para explorar como você realmente se sente.
  • Faça as pazes com seu crítico interno – se você perceber que está exagerando, explore todas as emoções subjacentes que estão impulsionando esses pensamentos.

TIPO DOIS, O PRESTATIVO: REPRESSÃO

Os tipos Dois trabalham para manter sua imagem de serem úteis por meio da repressão de suas necessidades e sentimentos pessoais. Isso pode ser extremamente difícil de reconhecer, pois é um bloqueio inconsciente de emoções, desejos, medos e necessidades de entrar em sua consciência. Seu cérebro consciente decide que é mais fácil “esquecer” essas coisas completamente para que você não pareça carente – mas o problema é que você realmente não esquece. Você se apega aos dados e expressa sua ansiedade buscando segurança e validação de outras pessoas, em vez de explorar o que realmente precisa. 

Como trabalhar através da repressão:

  • Faça check-ins diários consigo mesmo. Pergunte a si mesmo do que você precisa mais, não menos. Se nada vier à sua mente, continue se perguntando. Entre em sintonia com seu corpo e veja se consegue captar alguma sugestão. 
  • Reserve um tempo sozinho em sua agenda pelo menos uma vez por semana para processar seus pensamentos e emoções longe de todos os outros
  • Observe quando você está precisando de mais segurança e o que isso pode estar lhe dizendo. Na mesma nota, onde você pode estar ficando mais de pavio curto e reativo? Ambos são indicadores de um desejo não satisfeito.

TIPO TRÊS, O EMPREENDEDOR: IDENTIFICAÇÃO 

Os Tipos Três querem manter uma imagem exemplar de sucesso. Quando sentem que isso é ameaçado, inconscientemente adotam as características ou atributos de alguém que admiram em suas próprias personalidades. Isso se chama identificação. Um exemplo de como isso pode acontecer é um TIPO TRÊS que está lutando para começar a fazer amizade com alguém que considera bem-sucedido e modelar seu comportamento em seu próprio negócio – muitas vezes, sem perceber. Isso porque pode ser muito doloroso para Três lidar com a rejeição que eles podem enfrentar por serem autenticamente eles mesmos. No entanto, se não estiverem cientes, podem continuar mudando de identidade e personalidade sem nunca descobrir o poder de seu verdadeiro eu.

Como trabalhar através da identificação:

  • Observe como seu medo do fracasso influencia suas decisões, comportamentos e pensamentos. Use isso como uma oportunidade para verificar sentimentos mais profundos. 
  • Pare de comemorar o que você faz e, em vez disso, celebre quem você é fora de suas conquistas. Explore seus valores, ideais e outras áreas de interesse para fundamentar seu senso de valor próprio.
  • Respiração profunda – observe sua energia motriz para entrar em ação e permita-se desacelerar, respirar e observar antes de seguir em frente. Afirme a si mesmo que você está exatamente onde precisa estar.

TIPO QUATRO, O INDIVIDUALISTA: INTROJEÇÃO

Os Tipos Quatros evitam a rotina e o comum por meio da introjeção, que é querer manter um senso único de si mesmo. Este é um mecanismo de defesa contra-intuitivo em que você internaliza o feedback negativo e absorve as crenças de alguém no poder. Por exemplo, se um pai o critica por uma decisão pessoal que você tomou, você leva isso a sério, pensa que fez a escolha errada e se culpa. Ao mesmo tempo, os dados positivos são rejeitados. Isso o mantém preso no padrão Quatro de acreditar que algo dentro de você está faltando ou é deficiente. É mais fácil para você lidar com o dano causado a si mesmo do que enfrentar a rejeição ou a situação em questão. 

Como trabalhar através da introjeção:

  • Desenvolva um hábito positivo de conversa interna. Isso aumenta seu senso de valor próprio e também pode facilitar a lidar com sentimentos dolorosos.
  • Observe como você tende a se culpar e se concentrar nas partes “danificadas” de si mesmo. Comece a comemorar seu progresso, vitórias e partes incríveis de si mesmo que o tornam “você”.
  • Quando estiver sobrecarregado com feedback ou emoções negativas, tente uma prática de respiração onde possa observar e abrir espaço para seus sentimentos. Reserve um momento para realmente senti-los e, em seguida, deixe-os ir a cada expiração, sabendo que eles não definem você.

TIPO CINCO, O OBSERVADOR: ISOLAMENTO

Os Tipos Cinco usam o isolamento como uma forma de proteger seus recursos internos e evitar se sentirem esgotados. Isso pode estar se isolando fisicamente ou se retirando mentalmente de seu mundo emocional. Compartimentando seus pensamentos de seus sentimentos, seus sentimentos de seus somáticos e assim por diante, eles permanecem em suas cabeças e adquirem conhecimento como uma forma de sentir segurança e auto-estima. No entanto, isso também pode impedir que os Tipos Cinco desenvolvam a conexão e o envolvimento de que precisam com os outros, bem como com todo o seu eu.

Como trabalhar no isolamento:

  • Observe quando você está se afastando com mais frequência, física ou emocionalmente, e identifique seus gatilhos. Existe algo mais enraizado que você precisa explorar?
  • Saia da sua cabeça e entre no seu corpo com movimentos diários – pode ser tão simples quanto dar um passeio onde você se concentra na respiração e estar no momento presente
  • Conecte-se com outras pessoas – fale sobre o que você está sentindo com alguém de confiança ou verifique seus entes queridos com mais regularidade. Isso pode parecer contra-intuitivo, mas você descobrirá uma abundância de energia quando se envolver (claro, você pode e deve reservar um tempo para recarregar depois!).

TIPO SEIS, O LEGALISTA: PROJEÇÃO

O oposto da introjeção, o Tipo Seis usa a projeção como forma de evitar a rejeição e manter sua imagem de leal. Este é o lançamento de seus próprios pensamentos, emoções, comportamentos, inseguranças ou motivações para outras pessoas. Embora isso possa ser positivo ou negativo, é uma maneira inconsciente de Seis lidar com sua ansiedade, criando uma sensação de certeza e minimizando situações potencialmente ameaçadoras. Um exemplo disso é ir a uma festa e não conhecer ninguém. Você acha que todo mundo está criticando você por estar sozinho, quando na verdade você está projetando sua própria insegurança sobre isso vindo de outras pessoas. O irônico é que, embora a projeção seja uma defesa contra a ansiedade difusa, ela pode realmente aumentar os níveis de ansiedade quando a mente se torna hiperativa com possibilidades e situações que podem nem ser verdadeiras. 

Como trabalhar através da projeção:

  • Observe como a ansiedade se sente em sua mente e corpo. Sua cabeça gira e seu coração dispara? Reconhecer seus gatilhos pode ajudar a minimizar possíveis padrões de projeção.
  • Entenda a raiz da sua ansiedade. Dúvida e preocupação são emoções familiares, mas de onde elas realmente vêm? É frustração, tristeza ou outra coisa que você precisa explorar?
  • Definir limites. Muitas vezes você se sente obrigado a fazer tudo, o que pode gerar ansiedade. Proteger seu espaço, tempo e energia pode diminuir sua reatividade e níveis de estresse.

TIPO SETE, O ENTUSIASTA: RACIONALIZAÇÃO

Os Tipos Sete são otimistas, otimistas e querem manter sua disposição ensolarada. Caso isso seja ameaçado, eles usam a racionalização para evitar lidar com a dor. Essa é a tendência de explicar ou justificar seus pensamentos, sentimentos e comportamentos inaceitáveis ​​como forma de evitar suas verdadeiras emoções. Como o Sete deseja projetar que tudo está bem e bom, eles usam a racionalização como uma reformulação positiva das situações. Por exemplo, digamos que eles estão atrasados ​​para uma reunião importante. Em vez de tomar posse, um Sete pode justificar seu comportamento explicando que teve uma nova ideia ainda melhor do que a original. A racionalização os mantém presos em suas cabeças, evitando sentimentos de ansiedade, tristeza, raiva, culpa ou desconforto.

Como trabalhar através da racionalização:

  • Observe sua tendência de reformular as situações sob uma luz positiva – claro, não é uma coisa ruim ver frestas de esperança, mas isso também pode ser uma indicação de que há algo enterrado sob a superfície.
  • Saia da cabeça e entre no corpo com caminhadas diárias, nas quais você se concentra em seu estado interno e não em estímulos externos. Esteja ciente de quais emoções surgem e reserve um tempo para explorá-las!
  • Fique presente – você tende a confiar no planejamento futuro como escapismo, mas ficar presente permite que você examine seus pensamentos e sentimentos para que possa se sentir contente como está.

TIPO OITO, O CONFRONTADOR: NEGAÇÃO

Os Tipos Oito querem ser vistos como fortes, então eles usam a negação como uma forma de evitar a vulnerabilidade. Essa é uma forma inconsciente de lidar com a ansiedade ou a dor, na qual, em vez de vivenciar uma situação, você se recusa a reconhecê-la por completo – e, o mais importante, os intensos pensamentos e sentimentos que ela traz. Digamos que um Oito brigue com um amigo próximo. Em vez de confrontar a nocividade disso, eles podem negar a dor que é então expressa por meio da raiva, da expansividade e de fazer outras coisas para se manter “ocupado”. Os Tipos Oito são muito cautelosos e não confiam facilmente como forma de evitar se machucar. Ao negar a realidade de uma situação, ajuda a minimizar a gravidade dela ou mesmo a assumir responsabilidade nela. 

Como trabalhar através da negação:

  • Observe como quanto mais você aumenta a energia instintiva do seu corpo, mais você se distancia de suas emoções. Use essa consciência como um sinal para verificar o que você está sentindo por trás da raiva.
  • Reformule a maneira como você vê a vulnerabilidade – e se você visse a exibição de emoções como uma força, não uma fraqueza?
  • Esteja ciente de como você pode externar a culpa, seja ela dirigida a outras pessoas ou algo fora de seu controle. Pare, respire e considere se você está evitando a raiz de alguma coisa. 
  • Explore seus medos – você pode ter medo de enfrentar um problema e nem mesmo saber disso, e é por isso que pode ajudar a reconhecer o medo em primeiro lugar.

TIPO NOVE, O PACIFICADOR: NARCOTIZAÇÃO 

Noves querem manter um senso de equilíbrio interno, usando narcotização para lidar com situações estressantes. Este é o ato de “entorpecer” com atividades rítmicas familiares como forma de evitar sentir dor ou ansiedade. Pense em alguém tendo problemas com limites de colegas de quarto, por exemplo. Em vez de abordar o assunto diretamente, um Nove pode passar mais tempo com outros amigos ou escolher um novo hobby para se manter ocupado. Qualquer atividade habitual, seja trabalho, tarefas domésticas, comida e bebida ou entretenimento, permite que Noves “adormeçam sozinhos”. É evitar o conflito – interno ou externo – que faz com que Noves percam a conexão com suas identidades. 

Como trabalhar através da narcotização:

  • Observe quando e com que frequência você recorre a atividades rítmicas para desabafar e explore o que pode estar evitando.
  • Fique à vontade com sua raiva – pode ser um caminho poderoso para entender seus verdadeiros desejos e necessidades, explorando emoções mais profundas. 
  • Pratique tomar uma posição e afirmar-se com mais regularidade. Isso pode ser pequenas decisões diárias ou resolver um conflito. Adquirir o hábito de falar abertamente ajuda você a se conectar mais consigo mesmo e evitar a evasão.

FONTE: TRUITY

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Eneagrama: Dicas e caminhos para crescimento https://minasi.com.br/eneagrama-dicas/ https://minasi.com.br/eneagrama-dicas/#respond Tue, 17 Jan 2023 14:27:15 +0000 https://minasi.com.br/?p=3015 Um dos patrimônios que a humanidade nos dá é a busca por conhecer-se. Isto está presente em diversas tradições religiosas e sistemas filosóficos, através da história humana. O Eneagrama é destas buscas de entender o porquê e o como de nosso jeito de estar no mundo.

Aqui, algumas dicas para o crescimento de quem já conseguiu se perceber. O Eneagrama não é uma forma de colocar etiquetas nas pessoas, mas um caminho de espiritualidade para o desenvolvimento pessoal. Sempre está falando em primeira pessoa e as relações a partir desta perspectiva.

Espero que ajude em seu crescimento.

Eneatipo UM: O Perfeccionista

Se você for do Eneatipo UM lembre-se:

eneatipo 1
Eneatipo 1
  • De prestar atenção ao tom de voz para que:
  • Não soe como censura ou moralista, quando afirma o que está correto ou errado;
  • Não seja repetitivo e estressante quando estiver se sentindo ferido ou desrespeitado.
  • Que quando se controla ou se sente culpado você poderá:
    • parecer irritado
    • Usar o sarcasmo e o cinismo
  • De elogiar as pessoas quando fizerem ou disserem algo que lhe agrada, para que se sintam valorizadas.
  • Quando estiver se sentindo desrespeitado fale sobre os seus sentimentos e como você pensa.
  • Antes de sugerir melhoras certifique-se que você entendeu o que está acontecendo.
  • Se gostar de uma pessoa diga-lhe: às vezes, sua postura crítica passa uma imagem de pessoa inacessível e não tendo certeza de que você gosta dela procura manter distância, mesmo que também goste de você.

Ao falar com uma pessoa do Eneatipo UM, lembre-se:

  • Fazer-lhe perguntas em um tom não crítico ajuda-a a perceber os seus próprios sentimentos, já que ela pode não saber como se sente.
  • Para apresentar uma idéia nova, faça-a de maneira lógica e não emocional, pois aceitarão melhor.
  • Que são sensíveis às críticas e manipulações, portanto, seja direto.
  • Que ao se mostrarem irritadas, isto pode não ter nada a ver com você, pode ser algo completamente diferente e a pessoa nem sabe disso.
  • Que ao ver algo errado, deve dize-lo, assim como se desculpar por seus próprios erros e críticas, pois as pessoas desse Eneatipo gostam de saber que não são as únicas que erram.

Eneatipo DOIS: O ajudante, o prestativo

eneatipo 2

Se você for do Eneatipo DOIS lembre-se:

  • Que é um ouvinte atencioso, mas não se esqueça de falar de você.
  • De ser você mesmo na conversa, em vez de agradar a outra pessoa.
  • Sentindo-se feridas ou tratadas injustamente, diga-o de maneira calma e o quanto antes.
  • Fale de suas necessidades e não culpe os demais por não satisfaze-las, nem todos têm a sua intuição para as necessidades das pessoas.
  • Quando desejar uma opinião peça-a diretamente, não induza a pessoa com quem está a responder de um modo indireto.
  • Quando as pessoas recusarem a sua ajuda, aceite sem se sentir rejeitada.
  • De dar espaço às pessoas para resolverem os seus problemas.

Ao falar com uma pessoa do Eneatipo DOIS. lembre-se:

  • De convidá-la a falar de si mesma, pois tenderá a falar só de você.
  • De dizer-lhe que lhe dá prazer fazer algo para ela, quando o fizer.
  • De perguntar-lhe como está se sentindo e do que precisa quando parecer emocionada, distraída ou ansiosa.
  • Não se frustre se a pessoa não souber como se sente ou mudar a conversa para você, simplesmente mostre que está interessado nela.
  • Não as deixe isoladas no trabalho ou em um projeto. Certifique-se de permitir a comunicação.
  • Diga-lhe que aprecia o que ela faz por você.
  • Mostre-lhe que você gosta dela, independente dela ajudá-lo ou do seu modo de agir.
  • Na comunicação seja sincero e objetivo, pois são sensíveis à manipulação e à insinceridade e se retirarão se sentirem isso.

Eneatipo TRÊS: O Engodo, O hiper-realizador

eneatipo 3

Se você for do Eneatipo TRÊS. lembre-se:

  • Você se distrai visualmente, portanto, procure um lugar onde possa ouvir atentamente as pessoas.
  • De fazer um esforço para ouvir as pessoas e reconhecer os seus pontos fortes, pois a maioria não tem a mesma ambição que você.
  • Pare. Dê o tempo necessário para ouvir as impressões dos outros, especialmente das pessoas queridas.
  • As pessoas vão considerá-lo melhor, não pior, por revelar como se sente, portanto, revele-se.
  • De estar atento para não sufocar os outros: fale como se sente e ouça o que os outros têm a lhe dizer.
  •  De dizer às pessoas que aprecia sua contribuição no trabalho e entre amigos,

Ao falar com uma pessoa do Eneatipo TRÊS. lembre-se:

  • A possibilidade de atingir um resultado melhor é o melhor caminho para ela mudar o jeito de fazer uma coisa ou pelo menos pensar a respeito.
  •  Se não quiser que se afastem, não insista num ponto.
  • Evite crítica, pois elas só farão com que represente mais.
  • Procure entrar em seu nível de energia para se comunicar melhor, e quando estiverem lado a lado, talvez você possa alterar o passo.
  • Numa conversa se se distraírem ou passarem para outro aspecto rapidamente, não leve para o lado pessoal, pergunte se podem se acalmar um pouco e por quê.
  • As pessoas do Eneatipo Três custam a acreditar que são queridas, portanto, se gostar de sua companhia não deixe de dizer.

Eneatipo QUATRO: O Individualista, o romântico

O eneatipo 4
eneatipo 4

Se você for do Eneatipo QUATRO. lembre-se:

  • Grande parte das pessoas não está ligada aos sentimentos tanto quanto você.
  • De ater-se ao aqui e agora.
  • Não espere que as pessoas adivinhem o que está sentindo, diga-lhes para que possam ser soldarias a você.
  • Cuidado nas discussões para não ser presa das emoções.
  • Caso se sinta presa às emoções peça que a esclareçam, ajudando-a a permanecer sóbria.
  • Quando se sentir inferiorizada ou vitimada, diga às pessoas como se sente e peça que digam como vêem a situação, em  vez de usar o sarcasmo.

Ao falar com uma pessoa do Eneatipo OUATRO, lembre-se:

  • Ele pode perceber coisas que você nem imagina, portanto, respeita a sua intuição.
  • Não tente discutir as suas emoções, elas são para valer.  
  • Por mais acalorada que seja a discussão, respeite os sentimentos dela.
  • Demonstre os seus sentimentos do modo como estes lhe o ocorrerem.
  • Quando se mostrar “emburrada” pergunte-lhe o que está sentindo.
  • Mostre que se preocupa com ela e a valoriza, pois, por mais que não demonstre, ela tem baixa auto-estima.
  • Quando necessitar de ajuda, peça diretamente. Ela gostará de ajudá-lo, mesmo que aparentemente distraída.
  • De entrar no ritmo dela, para que se sinta compreendida. Então poderá relaxar e ficar mais à vontade.

Eneatipo CINCO: O Observador

eneatipo 5

Se você for do Eneatipo CINCO. lembre-se:

  • Quanto mais você se retrai, mais provoca o que não quer. Tente mostrar como se sente, ainda que precise só de um espaço.
  • Diga às pessoas que tem dificuldade de defender sua opinião.
  • Você precisa de um tempo antes de se decidir, portanto, diga às pessoas que sua presença prejudica sua reflexão.
  • As pessoas não se sentirão ludibriadas, se você reservar um tempo para uma conversa franca.
  • Sentindo-se pressionada, reclame para os outros que estão cobrando demais: eles não o fazem por mal.
  • Mosfre aos amigos que você tem sentimentos sim, mas que tem dificuldade de expressa-los no momento.
  • Refribua os sentimentos das pessoas com palavras, para que não se sintam rejeitadas ou menosprezadas.

Ao falar com uma pessoa do Eneatipo CINCO, lembre-se:

  • Ela tem dificuldades para se exprimir, portanto, não se ofenda se ela se mostrar retraída.
  • Ela é sensível a sinais não verbais e irá se retrair se você não se mostrar inofensivo e interessado.
  • Se precisar lhe falar, procure-a com antecedência.
  • Ela precisa de um tempo a sós para tomar decisões.  
  • Não se prenda ou pareça dependente, respeite os seus limites.
  • O fato de mostrar que confia nela, vai fazer com que se saia bem. Não precisa exagerar nos elogios.
  • Quando revelar seus sentimentos, faça-o de forma moderada; seja direto e sincero.
  • Quando não está à vontade pode parecer arrogante, indiferente ou imitada.
  •  Quando lhe pedir alguma coisa, não o faça como cobrança e sim como um favor.

Eneatipo SEIS: O Partidário, o questionador

eneatipo 6

Se você for do Eneatipo SEIS. lembre-se:

  • Ao questionar um fato, perceba se você não exagerou: pergunte aos amigos o que eles acham.
  • Você tem tendência a projetar: quando tiver certeza de que algo ruim está acontecendo, verifique a que provocação está respondendo, (isso tem a ver comigo?) veja como os outros se sentem e o que pensam.
  • Algumas pessoas precisam de contato regular como prova de sua amizade e confiabilidade
  • Diga às pessoas que pode parecer que você hesita, mesmo quando está comprometido, mas isso quando se comprometer a fazer algo que realmente fará.
  • Suas dúvidas podem ser entendias como desconfiança, parecendo que não acredita mais no que disse, portanto, converse a respeito do seu comprometimento.
  • Os outros podem não entender a mensagem por trás de suas ações, lembre-se de contar-lhes o que sente, assim como de apóia-los no que for preciso.
  • Quando se perceber dominando uma conversa, pergunte-se como se sente, e pense em discutir o assunto.

Ao falar com uma pessoa do Eneatipo SEIS, lembre-se:

  • Ela tem dificuldade para confiar por causa de sua mente hesitante. Caso desconfie de seus elogios ou cumprimentos não leve para o lado pessoal.
  • Ouvi-la e mostrar que entendeu ajuda-a a confiar em você.
  • Comunique-se de forma precisa e realista. Lembrandose que é fácil para esse eneatipo projetar motivos ocultos e segundas intenções.
  •  Compartilhe com ela com bom humor, encoraje-a a ver o lado positivo das coisas e a rir.
  • Nunca critique ou julgue os seus medos.
  • Se agir de forma constante, coerente e de acordo com suas palavras vai gerar confiança.
  • Ajude-a a sair do campo imaginário (suas projeções), fazendo-lhe perguntas do tipo: O que está acontecendo? O que acha da situação?
  • Mostre à pessoa que você gosta dela, de um modo não sentimental.Os gestos funcionam melhor que as palavras.

O Eneatipo SETE: O Epicurista, o bon-vivant

Eneatipo 7

Se você for do Eneatipo SETE. lembre-se:

  • De ouvir as pessoas: as opiniões e sentimentos delas podem ser tão verdadeiros quanto os seus.
  • Quando alguém lhe fizer confidências partilhando algum problema, pergunte se gostaria de alguma ajuda; não vá lhe dizendo o que poderia fazer.
  • De partilhar com os amigos como é dificil para você comentar suas emoções e o que é importante emocionalmente para você.
  • Diga às pessoas que é sensível a uma crítica, mesmo quando ela não é explicita, isto o deixa muito bravo. Peça-lhe para não levar para o lado pessoal.
  • A sua imaginação é muito fértil que é capaz de acreditar que falou uma coisa aos outros, quando não o fez. Confirme.
  • Antes de se por a agir porque mudou seus objetivos ou por em prática uma idéia melhor ou mais brilhante, avise as pessoas para dar-lhes a chance de cooperar com você, e para que não se sintam ignoradas.
  • Quando delegar uma tarefa a alguém — no trabalho ou em casa – e surgir uma idéia melhor para fazê-la, apresente-a à pessoa. Não se apresse em fazê-la sozinha.

Ao falar com uma pessoa do Eneatipo SETE lembre-se:

  • As pessoas deste Eneatipo tendem a divagar. Ajude-as a ficar no presente fazendo-lhes perguntas, inclusive sobre os seus sentimentos.
  • Tente deixá-la bem-humorada mantendo uma conversa animada.
  • Quando ela estiver falando de suas visões ouça-a e aprecie, pois ela está compartilhando uma parte do seu ser. Não tente anular suas idéias.
  • Se a idéia que vai lhe apresentar pode afetar os planos dela, dê-lhe algum tempo para incorporar suas observações, pois tenderá a resistir.
  • Ao dar-lhe uma idéia, apresente-a baseada em vantagens a curto e médio prazo do seu modo de fazer. Não critique nem dê instruções.
  • Quando for ajudá-la a enfrentar uma emoção dolorosa ou evasiva, seja firme, tenha fibra, e não leve para o lado pessoal se ela tentar colocá-lo como a pessoa errada. Simplesmente traga-a de volta ao assunto.

Eneatipo oito: O Chefe

Eneatipo 8

Se você for do Eneatipo OITO. lembre-se:

  • Que elevar a voz faz com que as pessoas parem de ouvir, e você pode falar mais alto do que imagina.  Quando achar que não o escutam não fique repetindo em voz mais alta, solicite à outra pessoa para ajudar a esclarecer, dizendo-lhe o que acha que entendeu do que você disse.
  • De esclarecer as pessoas que quando faz muitas perguntas, é porque deseja saber se entenderam e não para desagradá-las.
  • De ouvir as pessoas atentamente e refletir sobre o seu ponto de vista antes de dar-lhes uma resposta.
  • Nem todas as pessoas têm tantas respostas quanto você. Talvez seja melhor dar-lhes um tempo em vez de teimar em querer tudo para já.
  • Ao se sentir incomodado explique imediatamente. A pessoa pode não saber que você se incomodou.
  • De sua tendência de ser agressivo sem um motivo forte para isso. Ao agir assim, peça desculpas tão logo perceba.

Ao falar com uma pessoa do Eneatipo OITO, lembre-se:

  • Elas reagem negativamente a qualquer coisa parecida com manipulação.Procure dizer o que pensa, falando diretamente sem evitar assuntos.
  • Ao afirmar que fará algo, faça.
  • Se quiser que ela lhe dê atenção e ouça o que você tem a dizer numa discussão, mostre-lhe que entendeu o ponto de vista dela.
  • Muitas vezes a forma de manifestação delas é muito intensa e parece uma discussão ou agressão, quando é um modo agradável e seguro de se expressar. Por isso, diga-lhes se estiverem exagerando ou sendo demais para você, caso se sinta ameaçado.
  • Quando se sentir ferido em seus sentimentos avise-a: poderá ter feito sem querer.
  • Se você tem alguma regra não explicita sobre como quer que a relação se estabeleça, informe logo, e esteja disposto a discutir o assunto.
  • Ela reage rapidamente e tem dificuldade para perdoar caso se sinta humilhada. Portanto, não caçoe dela.
  • Evite mentiras, a menos que não se importe em ser atacado ou proscrito.

Eneatipo NOVE, O Mediador

Eneatipo 9

Se você for do Eneatipo NOVE. lembre-se:

  • Quando não souber o que quer ou sente, os outros poderão interpretar seu silêncio como rejeição. Por isso, fale como está se sentindo.
  • Demonstre sua opinião quando perceber que o seu silêncio é resistência passiva.
  • Ao ser interrogado se está com raiva, pense um pouco antes de responder.
  • Quando achar que não lhe deram ouvido, explique às pessoas antes de protestar longamente.
  • Demonstre sua raiva. Na maioria das vezes parecerá um pouco enérgico.
  • Atenha-se ao assunto, sempre que possível.
  • Ao ser interrogado procure descobrir o que a pessoa quer saber exatamente, para lhe dar uma resposta adequada.

Ao falar com uma pessoa do Eneatipo NOVE. lembre-se:

  • De prestar atenção e fazer com que perceba que você a ouviu.    
  • Demonstre que está acompanhando a conversa: elas costumam pensar que não lhe dão ouvidos ou a desprezam.
  • Ela parece estar muito presente nas conversas, mas podem estar se projetando e se refletindo no interlocutor. Portanto, faça perguntas para saber o que elas pensam.
  • Como é muito dispersiva, poderá ajudá-la a se concentrar fazendo-lhe perguntas.
  • Se quiser saber o que pensa e sente, não force as respostas, mas propicie uma área de interesse em que ela possa considerar e decidir: “Estive pensando, o que acha disso? Talvez concorde comigo: não sei, não, só estava pensando”.
  • Que ela poderá concordar com cada locutor enquanto eles estiverem falando, por isso numa reunião de negócios, antes que acabe, peça a sua opinião fazendo-lhe perguntas.

Pinturas de Ana Roldan

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7 atitudes que fortalecem sua saúde mental e corporal https://minasi.com.br/7atitudes/ https://minasi.com.br/7atitudes/#respond Fri, 19 Aug 2022 13:07:58 +0000 https://minasi.com.br/?p=2952 O Mindfulness se compõe de 7 atitudes básicas, identificadas por Kabat-Zinn: Não julgar, Paciência, Mente de Principiante, Confiança, Não forçar, Aceitação e Ceder. Estas atitudes encontram-se na maioria das tradições religiosas e espirituais e consistem um patrimônio da humanidade. São uma verdadeira medicina para os males da mente e do corpo.

Não julgar:

mãos que apontam e julgam

A atenção plena cultiva-se assumindo a postura de testemunhas imparciais de nossa própria existência. Fazer isso requer que tomemos consciência do constante fluxo de julgamentos e de reações a experiências tanto internas como externas nas que, pelo geral, vemos nós mesmos presos e onde aprendamos a sair delas. Quando começamos a praticar o prestar atenção à atividade de nossa própria mente, é comum que nos surpreenda o fato de nos dar conta de que constantemente geramos julgamentos sobre nossa experiência. A mente categoriza e rotula quase todo o que vemos. Reagimos a todo, o que experimentamos em termos de qual valor achamos que este fato ou esta coisa tem para nós. Algumas coisas, pessoas e acontecimentos são julgados como “bons” porque, por alguma razão, relacionam-se com que nos sintamos bem. Outros são condenados com a mesma celeridade, porque não achamos que tenham demasiada importância. As coisas, pessoas e acontecimentos neutros são quase dessintonizados por completo de nossa consciência. Por regra geral, não lhes concedemos atenção por considerá-los demasiado enfadonhos.

Este costume de categorizar e de julgar nossa experiência limita-nos a reações mecânicas, das que nem sequer nos damos conta e que, com frequência, carecem totalmente de base objetiva. Esses julgamentos têm tendência a dominar nossas mentes e nos dificultam de encontrar a paz em nosso interior. É como se a mente fosse um ioiô, subindo e baixando todo dia pelo barbante de nossas próprias ideias julgadoras. Se temos de achar uma forma mais eficaz de manejar o estresse de nossas vidas, o primeiro que precisaremos é tomar consciência desses julgamentos automáticos para ver através de nossos preconceitos e temores e nos libertar de sya tirania. Ao praticar a atenção plena, é importante reconhecer, quando faça sua aparição, esta qualidade mental julgadora, bem como assumir intencionadamente a postura de testemunha imparcial, recordando a nós mesmos que o único que temos que fazer é observar. Quando nos encontremos com que a mente julga, não devemos fazer com que deixe de fazêlo. Tudo o que precisamos é nos dar conta do que se sucede. Não há nenhuma necessidade de julgar os julgamentos e de complicar ainda mais as coisas.

Como exemplo, imaginemos que nos encontramos vigiando nossa respiração. Em um determinado momento, podemos dar conta de que nossa mente diz coisas como: “Isto é uma chateação”, ou “Isto não funciona”, ou “Não posso fazer isto”. Trata-se de julgamentos. Quando chegam à nossa mente, é da maior importância que os reconheçamos como pensamentos de julgamento e lembremos que a prática implica a suspensão de julgamentos e a mera observação de tudo o que acontece – que inclui nossos próprios pensamentos de julgamento – sem segui-lo ou agir sobre ela de qualquer maneira. Depois, podemos prosseguir com a observação de nossa respiração.

Paciência:

fishing man vacation people
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A paciência é uma forma de sabedoria. Isso mostra que entendemos e aceitamos o fato de que, às vezes, as coisas têm que acontecer quando é a vez delas. Uma criança pode tentar ajudar, rompendo o casulo, fazendo com que uma borboleta saia, ainda que, por regra geral, a borboleta não resulte em nada beneficiada pelo esforço. Qualquer adulto sabe que a borboleta só pode sair ao exterior quando lhe chega o momento e que não pode ser acelerado o processo. Da mesma maneira, quando praticamos a atenção plena, cultivamos a paciência para nossa própria mente e nosso próprio corpo. De forma expressa, recordamos que não há necessidade alguma de nos impacientar com nós mesmos por achar que nossa mente passa o tempo todo julgando, ou que estejamos tensos, nervosos ou assustados, ou por ter praticado durante algum tempo sem aparentes resultados positivos. Temos que nos conceder um espaço para ter essas experiências. Por que? Porque de qualquer jeito vamos tê-las! Quando cheguem, constituirão nossa realidade, serão uma parte de nossa vida que se desenvolve nesse momento, de maneira que tratemos a nós mesmos pelo menos tão bem como trataríamos à borboleta. Por que passar de maneira corrida por alguns momentos de nossa vida para chegar a outros?, por que sacrificar o presente por um futuro que não sabemos se será melhor? Após tudo isso, cada um deles constitui nossa vida nesse instante.

Quando praticamos estar assim com nós mesmos, estamos destinados a encontrar que nossa mente possui “uma mente própria”. Uma das atividades favoritas da mente é vagar pelo passado e pelo futuro e perder-se no pensamento. Alguns de seus pensamentos são agradáveis; outros, dolorosos e geradores de intranquilidade. Seja qual for o caso, o mero fato de pensar exerce um forte alerta em nossa consciência. A maioria das vezes, nossos pensamentos atropelam nossa percepção do momento atual e fazem com que percamos nossa conexão com o presente. A paciência pode ser uma qualidade especialmente útil para invocá-la quando a mente está agitada e pode nos ajudar a aceitar o errático desta, recordando que não temos por que ser arrastados por suas viagens. A prática da paciência nos recorda que não temos que encher de atividade e ideias nossos momentos para que estes se enriqueçam. Na verdade, isso nos ajuda a recordar que o que é verdade é precisamente o contrário. Ter paciência consiste singelamente em estar totalmente aberto a cada momento, aceitando em sua plenitude e sabendo que, igual que no caso da borboleta, as coisas se descobrem quando lhes convém.

Mente de principiante:

A riqueza da experiência do momento presente não é mais do a riqueza da própria vida. Com demasiada frequência, permitimos que nossos pensamentos e crenças sobre o que “sabemos” nos impeça de ver as coisas como são. Para ver a riqueza do momento presente, precisamos cultivar ao que vem se denominando “mente de principiante” ou mente disposta a ver tudo como se fosse a primeira vez.

focused girl meditating while practicing yoga lotus pose
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Esta atitude terá importância especial quando pratiquemos as técnicas de meditação formal. Seja qual for a técnica que particularmente empreguemos, seja ela a exploração do corpo ou a meditação sentada do yoga, deveremos adotar a mente do principiante cada vez que pratiquemos, para assim nos ver livres das expectativas baseadas em experiências prévias. Uma mente aberta de “principiante” nos permite ser receptivos ao nosso potencial e nos impede de ficar presos na rotina de nossa própria experiência, que muitas vezes acredita que sabe mais do que sabe. Nenhum momento é igual a outro. A cada um deles é único e possui possibilidades únicas. A mente de principiante recorda-nos esta verdade tão singela.

Podemos tentar o experimento de cultivar nossa mente de principiante em nossa vida diária. A próxima vez que vejamos a alguém com quem estejamos familiarizados, devemos nos perguntemos se vemos a essas pessoas com olhos novos, como assim é, ou se só vemos o reflexo de nossas próprias ideias a respeito delas. Devemos tentar isso com nossos próprios filhos, com nossa esposa, nossos amigos e colegas do trabalho, ou com nosso cão ou gato. Devemos tentar com os problemas quando estes aflorem. Devemos tentar com a natureza quando formos sair ao exterior. Podemos ver o céu, as estrelas, as árvores, a água e as rochas como são nesse preciso momento e com uma mente limpa e ordenada, ou apenas podemos vê-los através do véu de nossas próprias ideias e opiniões?

Confiança:

O desenvolvimento de uma confiança básica em si mesmo e em seus sentimentos constitui uma parte fundamental deste programa. É muito melhor confiar em nossa intuição e em nossa própria autoridade, ainda que possamos cometer alguns “erros” no caminho, do que buscar sempre um guia fora de nós mesmos. Se em algum momento algo não nos parece bem, por que não seguir essa sensação? Por que temos de taxá-la de inútil porque alguma autoridade ou grupo de pessoas pensa de maneira diferente? Esta atitude de confiar em nós mesmos e em nossa sabedoria e bondade básicas é muito importante em todas as facetas da prática da meditação.

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Algumas pessoas, que se veem envolvidas na meditação, observam-se tão enganchadas na reputação e autoridade de seus mestres, que não seguem seus próprios sentimentos nem sua intuição. Esta é uma atitude absolutamente oposta ao espírito da meditação, o qual ressalta o fato de que sejamos nós mesmos e que compreendamos o que isto significa. Quem quer que imite ao outro, seja este outro quem for, caminha em direção contrária.

É impossível converter-se em outro. Nossa única esperança reside em ser nós mesmos com mais plenitude. Esta é a razão, em primeiro lugar, para que pratiquemos a meditação. Os mestres, livros e fitas só podem ser guias, pontos indicadores. É de soma importância estar aberto e ser receptivo ao que possamos aprender de outras fontes, ainda que, em rigor, tenhamos que viver nossa própria vida e cada momento desta. Ao praticar a atenção plena, praticamos também a tomada de responsabilidade de ser nós mesmos e de aprender a escutar nosso próprio ser e a ter confiança nele. Quanto mais cultivemos esta confiança, mais fácil nos parecerá confiar em outras pessoas e ver também sua bondade básica.

Não forçar:

Quase todo o que fazemos, fazemos com uma finalidade: conseguir algo ou chegar a algum lugar. No entanto, esta atitude, na meditação, é diferente de qualquer outra atividade humana. Ainda que requeira muito trabalho e um verdadeiro tipo de energia, a verdade é que a meditação consiste em não fazer. Não há outro objetivo para nós sem ser que sejamos nós mesmos. A ironia é que encontra-se no que já o somos. Soa paradoxal e algo estanho. No entanto, este paradoxo e estranheza podem nos indicar o caminho para uma nova forma de ver a nós mesmos, uma forma na qual tentemos menos e sejamos mais, que nos chega expressamente mediante o cultivo da atitude de não nos esforçar.

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Por exemplo, se nos sentamos e meditamos, pensamos: “Vou relaxar ou me iluminar ou controlarei minha dor ou vou me converter em uma pessoa melhor”, o que ocorre é que temos introduzido em nossa mente a noção de onde deveríamos estar, vindo com ela a ideia de que não estamos bem nesse momento. “Se me encontrasse mais tranquilo, ou fosse mais inteligente, ou trabalhasse com mais afinco ou mais isto ou aquilo, ou se meu coração funcionasse melhor, ou se meu joelho não doesse, estaria bem, mas, neste momento, não estou”. Essa atitude prejudica o cultivo da atenção plena, o que implica simplesmente prestar atenção ao que acontece. Se estamos tensos, prestemos atenção nessa tensão. Se algo nos dói, devemos sentir o melhor que possamos com nossa dor. Se nos tornamos objeto de nossa própria crítica, observemos a atividade da mente julgadora. Estejamos atentos. Devemos lembrar que só permitimos que estejam presentes qualquer coisa e todas as coisas que experimentemos de uma hora para outra porque já estão aqui.

Aceitação:

A aceitação significa ver as coisas como são no presente. Se temos uma dor de cabeça, devemos aceitar o que temos. Se temos alguns quilos a mais, por que não os aceitar como descrição de nosso corpo nesse momento? Antes ou depois, teremos que adaptar às coisas como são e aceitá-las. Seja acerca de um diagnóstico de câncer, bem como na morte de alguém. Frequentemente, só se atinge a aceitação após ter atravessado períodos de negação muito emotivos, e, a seguir, de raiva. Estas etapas constituem o avanço natural no processo de nos adaptar ao que seja e fazem parte do processo de cura.

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No entanto, deixando de lado por um instante as grandes calamidades que, em geral, absorvem tanto tempo no decorrer do nosso dia-a-dia antes da cura, muitas vezes desperdiçamos uma grande quantidade de energia negando o que já é um fato e resistindo a ele. Ao trabalhar assim, o que fazemos basicamente é tentar forçar as situações para que sejam como gostaríamos que fossem, o que só gera mais de tensão e, de fato, impede que se produzam mudanças positivas. Podemos estar tão ocupados negando, forçando e lutando que não nos sobrem energias para sanar e crescer, e que as poucas que nos restem possam ser desvanecidas por nossa falta de consciência e intenção.

Se temos excesso de peso e nosso corpo não nos agrada, de nada serve esperar até que tenhamos o peso que gostaríamos ter para começar a nos agradar com ele e assim que gostemos de nós mesmos. Em determinado momento, e se não queremos nos ver presos em um frustrante círculo vicioso, poderíamos nos dar conta de que é perfeitamente correto gostar do peso que temos nesse momento porque é o único instante em que podemos nos gostar. Recordemos: o agora é o único tempo com que contamos para o que seja. Temos que nos aceitar como somos antes de que possamos mudar. Quando começamos a pensar desta maneira, o fato de perder peso deixa de ter importância. Além disso, torna-se bem mais fácil. Mediante o cultivo intencionado da aceitação, criamos as condições prévias para a cura.

A aceitação não quer dizer que tenhamos que gostar todo, ou que tenhamos que adotar uma postura passiva para tudo e abandonar nossos princípios e valores. Não significa que estejamos satisfeitos com as coisas como elas são, ou que tenhamos resignados a tolerar as coisas como “tenham que ser”. Isso não implica que devamos cessar nossas tentativas de romper com nossos próprios hábitos autodestrutivos, ou desistir de nosso desejo de mudar e crescer, ou tolerar a injustiça, por exemplo, ou evitar em nos envolver em mudar o mundo ao nosso redor porque seja assim e, portanto, careça de esperança. A aceitação, como nós a vemos, quer dizer simplesmente que temos estamos à vontade de ver as coisas como são. Esta atitude prepara o cenário para que, aconteça o que for, possamos agir de forma adequada em nossa vida. Muito provavelmente somos nós mesmos que sabemos o que fazer e temos a convicção interior de agir quando temos uma visão clara do que acontece, em vez de quando a nossa visão é obscurecida pelos julgamentos e desejos autosserviçais da nossa mente ou por causa de seus medos e preconceitos.

Em a prática da meditação, cultivamos a aceitação tomando cada momento como nos chega e estando completos com ele como é. Tentamos não impor nossas ideias sobre o que devemos sentir, pensar ou ver em nossa experiência, mas apenas lembrar de ser receptivos e abertos ao que sentimos, pensamos, ou vemos e aceitamos, porque é aqui e agora. Se mantemos nossa atenção atenta ao presente, podemos estar seguros de uma coisa: de que seja o que tenhamos diante de nós neste momento, isso nos mudará e proporcionará a ocasião de praticar a aceitação com independência do que nos surgirá no momento seguinte. Está muito claro de que há sabedoria no cultivo da aceitação.

Ceder:

Dizem que na Índia existe uma forma muito inteligente de caçar macacos. Segundo contam, os caçadores recortam em um coco um buraco suficientemente grande para que o macaco possa introduzir sua mão. Depois, perfuram dois buracos menores no outro extremo e passam por eles um arame, cujo atam à base de uma árvore. O macaco desce da árvore, introduz sua mão no buraco e agarra a banana que os caçadores introduziram no coco. O buraco foi recortado de forma que a mão aberta do macaco possa passar por ele, ainda que não seu punho fechado. Tudo o que o macaco tem que fazer para se libertar é soltar a banana, ainda que parece que a maioria dos macacos não o faça.

Frequentemente, e apesar de toda nossa inteligência, nossas mentes desempenham comportamentos semelhantes, razão pelo que o cultivo da atitude de ceder ou da falta de apego é fundamental para a prática da atenção plena. Quando começamos a prestar atenção em nossa experiência interior, descobrimos imediatamente que existem certas ideias e sensações que dão a impressão de que a mente quer ser aderir. Se são agradáveis, tentamos prolongá-las, esticá-las e retorná-las continuamente. Existem, de igual modo, muitas ideias, sensações e experiências que tratamos de evitar, ou das que tentamos nos libertar ou nos proteger porque são desagradáveis, dolorosas e porque, de uma ou outra forma, nos dão medo.

Na prática da meditação, nós, de forma deliberada, deixamos de lado a tendência de engrandecer determinados aspectos de nossa experiência e a recusar outros. Em vez disso, o único que fazemos é deixar que nossa experiência seja ela mesma e praticar observando-a em cada momento. Ceder é uma forma de deixar que as coisas sejam como são e de aceitá-las assim. Quando observamos como nossa mente adere e se afasta, vamos nos lembrar de nos desligarmos expressamente desses impulsos, mesmo que seja apenas para ver o que acontece.

Quando nos vemos julgando nossa experiência, deixemos que essas ideias julgadoras se vão. Devemos reconhecê-las e não as perseguir mais. Devemos deixá-las em paz e, ao fazer isso, permitir que se vão. Do mesmo modo, quando nos vêm ideias do passado ou do futuro, que as deixemos em paz. Apenas devemos permanecer alertas. Podemos nos converter em especialistas de nossos próprios apegos, com independência de quais sejam e de suas consequências em nossas vidas, e no que se sente nesses momentos em que, por fim, cedemos, bem como, também, de quais são as consequências disso. O fato de estarmos dispostos a olhar para as formas em que nos apegamos mostra, no fundo, muita experiência no contrário, de uma forma que, quer tenhamos ou não sucesso em nos desfazer, a atenção continua a nos ensinar se estivermos dispostos a olhar. O se soltar ou desatar-se não constitui nenhuma experiência do outro mundo. Fazemos isso todas as noites ao ir dormir. Nos atiramos em uma superfície acolchoada, sem luzes, em um lugar tranquilo e deixamos que nossas mentes e corpos se deixem ir. Se não o fazemos, não poderemos dormir. A maioria de nós experimentamos que a mente muitas vezes não se cala quando nos deitamos. Este é um dos primeiros sinais de um elevado estresse. Em tais casos, podemos nos sentir incapazes de se libertar de certas ideias porque nosso envolvimento com elas é demasiado poderoso. Se nos forçamos a dormir, é pior ainda. Portanto, se podemos dormir, isso significa que já somos especialistas em nos desprender. O que agora nos falta é praticar, aplicando esta habilidade também a situações em que estejamos despertos.

Uma maneira de apreciar a importância das atitudes características de Mindfulness é considerar seus opostos. Imagine uma pessoa que constantemente está julgando, criticando e se queixando, que acha que já sabe tudo, é impaciente, nega a realidade e trata de controlar obsessivamente cada aspecto desta. Quais avanços você acha possível de fazer na aprendizagem de Mindfulness ou de qualquer outra habilidade com estas atitudes?

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Minha mãe é narcisista? Será? E, agora? https://minasi.com.br/minha-mae-e-narcisista-e-agora/ https://minasi.com.br/minha-mae-e-narcisista-e-agora/#respond Mon, 20 Jun 2022 13:54:28 +0000 https://minasi.com.br/?p=2884 “Você só está vivo(a) graças a mim”. “Você me deve”. “Você não valoriza nada do que eu faço para você”. “Você não faz nada direito”. “Quando eu tinha a sua idade, já tinha feito mais e melhor”. Mães que usam frases como essas de forma recorrente apresentam uma chance de serem narcisistas ou de terem traços de narcisismo, sabia? E mais: há ainda uma probabilidade de que os indivíduos que ouvem declarações do tipo repitam o padrão com seus próprios filhos. “Uma pessoa narcisista tem traços de egocentrismo, de uma visão hiperinflada a respeito dela própria. Ela se supervaloriza sempre, em qualquer situação”, explica o psicanalista Artur Costa, professor da Associação Brasileira de Psicanálise Clínica (ABPC).

O nome vem da mitologia grega. Narciso era um belo jovem que, ao ver seu reflexo sobre um lago, apaixonou-se tão perdidamente por si mesmo, que caiu nas águas profundas e morreu afogado. “Existem pessoas que têm traços narcisistas em alguns momentos e ambientes, e pessoas que desenvolvem o transtorno psiquiátrico mesmo”, diferencia o especialista.

Quando esse traço ou esse transtorno se aplica a uma mãe, as consequências podem ser graves e, como já mencionamos, até levadas de geração a geração, perpetuando o problema. “Grande parte dos traumas acontece na infância e uma mãe narcisista pode causar traumas extremamente profundos nos filhos, mesmo enquanto eles ainda são muito pequenos. O dano é realmente muito potente e vai se refletir na vida adulta, inevitavelmente”, aponta Costa.

De acordo com estimativas levantadas nos Estados Unidos e publicadas no periódico científico The Journal of Clinical Psychiatry, a prevalência do transtorno em homens é muito maior – cerca de 75% dos casos diagnosticados são em pacientes do sexo masculino. Mas por que, então, se fala mais de mães narcisistas do que de pais narcisistas? Segundo o psicanalista, os danos são maiores e mais sensíveis nas mulheres justamente por causa da maternidade.

Filhos atingidos por uma mãe narcisista não tratada vão transferir algumas dessas coisas para os seus futuros filhos também

Ser filho ou filha de uma mãe narcisista: como é?

“A mãe narcisista admira somente a si mesma. Ela pode até admirar outras pessoas, desde que essas outras pessoas se pareçam com ela”, explica o psiquiatra e psicoterapeuta Wimer Bottura, membro da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP). Por isso, uma das características da mãe narcisista é querer ou até exigir que os filhos sejam e ajam exatamente como ela. Se não fizerem dessa forma, deixam, automaticamente, de merecer seu amor e sua atenção. “Ela é centralizadora, manipula, abaixa a autoestima dos outros. Às vezes, usa doenças para controlar quem está à sua volta”, exemplifica Bottura.

Há também as mães que se gabam excessivamente dos filhos e projetam neles tanto suas expectativas como suas frustrações. Elas vivem a vida dos filhos, não voltam para a vida delas, conforme as crianças se desenvolvem”, acrescenta a psicóloga Lígia Dantas, membro da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRH) e criadora do Entra na Roda, um grupo de apoio psicológico online de acolhimento a mães e mulheres.

São mães que olham apenas para si – e querem que todos façam o mesmo, principalmente, o parceiro, a parceira e os filhos. Quando as crianças começam a se desenvolver e a criar interesses diferentes, elas simplesmente não conseguem aceitar. “Já atendi casos em que a sogra, ao passar o fim de semana na casa dos filhos adultos, queria dormir no meio, na cama do casal”, conta Lígia.

Existe também a questão da competição com os filhos, sobretudo na adolescência. Elas querem mostrar que são melhores e que sabem mais. Os sentimentos dos jovens, neste caso, são sempre invalidados.

Por trás desse comportamento…

Por mais paradoxal que pareça, a mãe narcisista tem dificuldade com sua autoestima, por isso, é tão dependente da admiração externa. Muitas vezes, a projeção sobre os filhos (desejar que eles sejam perfeitos, arrumá-los impecavelmente e deixá-los o mais parecido possível com ela) é uma tentativa de fazer com que eles recebam elogios e, assim, saciem seu ego.

“O tempo todo e a qualquer custo, ela vai querer ser reconhecida para suprir esse amor-próprio que não consegue produzir sozinha. Então, sempre vai exigir do parceiro, da parceira, dos filhos, o reconhecimento daquilo que faz e, às vezes, de forma mecânica”, aponta o psicanalista Artur. “O narcisista sempre acha que ele trabalha mais, que o sofrimento dele é legítimo e o do outro não. Muitas vezes, é hipersensível, por tudo se magoa, se fere. Quando começa a sangrar, não para nunca, não suporta uma crítica de qualquer tipo que seja”, acrescenta.

De acordo com o especialista, trata-se de alguém que não consegue se doar, apenas receber doações. “Ela tem dificuldade de ofertar seu tempo para os filhos, porque vai querer que eles, na verdade, deem a ela o máximo de tempo e de atenção. Pode ser abusiva, justamente por se considerar superior. Cria suas próprias regras, exige excessivamente respeito e nunca pede desculpa. Admitir culpa é se diminuir e diminuir a visão que ela tem a respeito de si mesma”, pontua.

Grandes prejuízos e muita terapia

E quais são os reflexos de tudo isso para essas crianças? “O transtorno narcisista na maternidade tem danos gigantescos, até mesmo para a sociedade, porque gera um dano nos filhos e, consequentemente, nos netos. Filhos atingidos por uma mãe narcisista não tratada vão transferir algumas dessas coisas para os seus futuros filhos também”, diz o psicanalista. Está aí, inclusive, uma das explicações mais comuns para uma pessoa narcisista: pode ser que, de alguma forma, ela esteja repassando o que viveu ou, então, usando tais atitudes como um mecanismo de autoproteção.

Tudo isso, enquanto o filho cresce invalidado, tendo suas opiniões e seus desejos atropelados pela “soberania” da mãe. “A criança vai se sentir sempre insegura em tomar suas próprias decisões, vai ficar totalmente dependente dessa mãe”, aponta a psicóloga Lígia. Tal contexto, de acordo com a psicóloga, prejudica as relações sociais e profissionais. “Uma mãe narcisista pode deixar o filho infantilizado também”, complementa.

Quando as crianças crescem e começam a criar novos vínculos, vem um outro momento desafiador. “Às vezes, a mãe ocupa todos os espaços, todas as necessidades. ‘Para que você vai casar? Se relacionar? Tem tudo aqui em casa. Te dou amor, comida’. Ela se acha onipotente”, exemplifica Lígia.

“A mãe narcisista eventualmente quer escolher com quem os filhos vão se relacionar. Eles se veem envolvidos em uma manipulação tão forte, que não conseguem escapar. Há muito dano à liberdade e ao direito de as pessoas fazerem o que têm vontade de fazer”, diz o psiquiatra Wimer Bottura.

Os traços de narcisismo na maternidade trazem prejuízos também para a própria mãe, que, em vez de celebrar, vai sofrer mais a cada passo do filho; que vai ter ainda mais dificuldades nessa missão exaustiva e que exige tanto das mulheres; que fará escolhas muitas vezes desconfortáveis e desvantajosas a ela mesma, apenas para receber elogios e atenção; que precisará lidar com o afastamento das crianças, conforme elas percebem a situação e ganham independência.

Todo mundo é narcisista – e isso pode ser bom!

É importante ressaltar que traços de narcisismo são comuns a todos nósE, em certo momento, especificamente na maternidade, são até essenciais! “Existe uma fase, falando de mães, em que é necessário ser narcisista. É com essa característica que ela vai ler o desejo do bebê a partir da sua experiência”, aponta a psicóloga Lígia.

Segundo a especialista, como o bebê não fala, a mãe pensa, supõe e age para atendê-lo a partir de seus próprios desejos e perspectivas. “É a chamada fase do espelho, em que ela olha para o outro e se vê”, explica a psicóloga. “É um período fundamental para a constituição psíquica do bebê. Sua mãe vai nomeando e ajudando ele a entender o mundo”, explica.

A psicóloga afirma que esse é um processo necessário e, caso não aconteça, há inúmeros prejuízos – por exemplo, a não criação de vínculo entre os dois. “Só que, em determinado momento, isso tem que começar a se deslocar, para que o filho possa se desenvolver. O que acontece com a mãe narcisista é que, muitas vezes, ela acaba vivenciando, olhando aquele filho como uma continuidade dela. Não permite que ele cresça e não volta para a vida dela”, diz.

Como lidar com uma mãe narcisista e o que fazer se você se identificar como uma?

O primeiro desafio é perceber que você é/tem uma mãe narcisista e que certos comportamentos não são normais. Em seguida, é necessário procurar ajuda – tanto sendo filho quanto sendo a mãe. “É preciso buscar uma terapia”, recomenda o psiquiatra Wimer Bottura.

Dizer à mãe que ela é narcisista e que precisa de ajuda é um desafio, já que a mensagem será entendida como uma crítica. Há ainda uma outra questão. Quando ela consegue perceber a existência do problema e se dispõe a fazer um tratamento, vem outra etapa nada simples: provavelmente, a mãe narcisista achará defeitos em todos os profissionais com quem conversar. “Ela vai admirar o terapeuta enquanto ele a admira. Quando ele começar a confrontá-la, ela vai querer fugir e tentar encontrar outro. É preciso ter muita habilidade”, afirma o psiquiatra.

Não se trata de um processo fácil, mas o resultado tende a ser bastante compensador para todos. Se, de alguma forma, você se identificou com o que acabou de ler, pare, reflita e lembre-se: pedir (ou aceitar) ajuda pode fazer toda a diferença.

Artigo publicado no website bebe.com.br, por Vanessa Gomes.

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“Uma coisa certa na vida é que as crianças vão falhar, não há como ser diferente. Quando os pais, a família e a sociedade dizem o tempo todo que é preciso conseguir, conseguir, conseguir, massacram os filhos.” – Jean-Pierre Lebrun 

Nos últimos 30 anos, a ideia dos pais como senhores do destino dos filhos vem desabando progressivamente. As consequências disso não são necessariamente ruins, como explica o psicanalista belga Jean-Pierre Lebrun, uma das principais referências na Europa no estudo sobre mudanças nas relações entre pais e filhos. Mas, para tanto, é preciso aprender a negociar com os filhos mantendo a autoridade.

Em entrevista, Lebrun, um dos fundadores da Associação Lacaniana Internacional, fala sobre a educação atual frente à nova estrutura social, a da rede, em que os locais de exceção — as hierarquias dos pais, avós e professores — se desfizeram, dificultando ou até impossibilitando lições cruciais para os jovens: aprender a perder, a renunciar, a entrar em conflito com o outro, aprender a ter limites. Confira abaixo:

Por que os pais hoje têm tanta dificuldade de controlar seus filhos?
Jean-Pierre Lebrun: 
Isso é reflexo da perda de legitimidade. Até pouco tempo atrás, a sociedade era hierarquizada, de forma que havia sempre um único lugar de destaque. Ele podia ser ocupado por Deus ou pelo papa, pelo pai ou pelo chefe. Isso foi se desfazendo progressivamente, e o processo se acentuou nos últimos trinta anos.

Hoje, a organização social não está mais constituída como pirâmide, mas como rede. E, na rede, não existe mais esse lugar diferente, que era reconhecido espontaneamente como tal e que conferia autoridade aos pais. 

As dificuldades para impor limites se acentuaram, causando grande apreensão nas pessoas quanto ao futuro de seus filhos.

Existe uma fórmula para evitar que os filhos sigam por um caminho errado?
Jean-Pierre Lebrun: 
É preciso ensiná-los a falhar. Uma coisa certa na vida é que as crianças vão falhar, não há como ser diferente. Quando os pais, a família e a sociedade dizem o tempo todo que é preciso conseguir, conseguir, conseguir, massacram os filhos. É inescapável errar. Todo mundo, em algum momento, vai passar por isso. Aprender a lidar com o fracasso evita que ele se torne algo destrutivo.

Às vezes, é preciso lembrar coisas muito simples que as pessoas parecem ter esquecido completamente. Estamos como que dopados. Os pais sabem que as crianças não ficarão com eles a vida inteira, que não vão conseguir tudo o que sonharam, que vão estabelecer ligações sociais e afetivas que, por vezes, lhes farão mal, mas tentam agir como se não soubessem disso.

Hoje, os filhos se tornaram um indicador do sucesso dos pais. Isso é perigoso, porque cada um tem a sua vida. Não é justo que, além de carregarem o peso das próprias dificuldades, os filhos também tenham de suportar a angústia de falhar em relação à expectativa depositada neles.

Falando concretamente, como é possível ver essa diferença no comportamento das famílias?
Jean-Pierre Lebrun: 
A mudança é visível. Na Europa, por exemplo, quando um professor dá nota baixa a um aluno, é certo que os pais vão aparecer na escola no dia seguinte para reclamar com ele. Há 20 ou 30 anos, era o aluno que tinha de dar satisfações aos pais diante do professor. É uma completa inversão.

Posso citar outro exemplo. Desde sempre, quando levávamos os filhos pela primeira vez à escola, eles choravam. Hoje em dia, normalmente, são os pais que choram. A cena é comum. É como se esses pais tivessem continuado crianças.

Isso acontece porque eles não são capazes de se apresentar como a geração acima da dos filhos. É uma consequência desse novo arranjo social, em que os papeis estão organizados de forma mais horizontal.

Como o senhor avalia essa mudança? Esse novo arranjo é pior do que o anterior?
Jean-Pierre Lebrun: 
Hoje, os pais precisam discutir tudo, negociar o que antes eram ordens definitivas. E isso não é necessariamente algo negativo, desde que fique claro que, depois de negociar, discutir, trocar ideias, quem decide são os pais.

Essas mudanças na estrutura social podem influenciar em aspectos negativos como, por exemplo, o uso abusivo de drogas?
Jean-Pierre Lebrun: 
Não há uma relação automática. Os mecanismos pelos quais os indivíduos se tornam dependentes químicos são diversos e complexos. A psicanálise ajuda a identificar alguns deles.

Vou dar um exemplo. Manter uma criança em satisfação permanente, com sua chupeta na boca o tempo todo, fazendo por ela tudo o que ela pede, a impede de ser confrontada com a perda da satisfação completa. E isso vai ser determinante em sua formação.

Mas o que essa perda tem a ver com o fato de as pessoas enveredarem por um caminho autodestrutivo?
Jean-Pierre Lebrun: 
É uma anomalia no processo de humanização. Não nascemos humanos, nós nos tornamos. Isso ocorre quando aprendemos aquilo em que somos singulares entre todos os animais que habitam o planeta.

Somos os únicos animais capazes de falar. Não se trata apenas de aprender ortografia ou usar as palavras corretamente. Quando dominamos a faculdade da linguagem, adquirimos uma série de características muito especiais, como, por exemplo, a consciência de que somos mortais. Aprendemos a construir as pontes que levam a um entendimento superior do mundo e de nossa condição. Isso é o que nos diferencia e nos torna completamente humanos. Um desequilíbrio nesse processo pode ter consequências. É aí que entra a explicação psicanalítica para o ingresso no universo das drogas.

Aprender a falar, ou tornar-se humano, é algo que não ocorre espontaneamente. É uma reação a uma perda do estado permanente de satisfação completa com a qual somos confrontados na primeira infância.

Ou seja, o processo de humanização começa pelo entendimento de que jamais haverá a satisfação completa. É esse o curso saudável das coisas. Se os pais boicotam esse processo, podem estar cometendo um erro.

Com que consequências?
Jean-Pierre Lebrun: Isso faz com que estejamos cada vez menos preparados para lidar com o sofrimento da nossa condição humana. Há séculos que as drogas têm algo de paraíso artificial, como diz Baudelaire. Ou seja, uma forma de se refugiar da dor humana, da insatisfação.

As drogas sempre serviram para evitar o confronto com esse sofrimento. Quanto menos você está preparado a suportar as dificuldades, mais está inclinado a se evadir, a recorrer a substâncias, sejam as drogas ilícitas, sejam as medicamentosas, para limitar o sofrimento que vai se apresentar.

Com o desenvolvimento da farmacologia, essas substâncias se tornaram muito acessíveis. Isso pode criar distorções. É muito mais simples tomar uma Ritalina para não ser hiperativo do que fazer todo o trabalho de aprender a suportar a condição humana.

Quando criança, a pessoa já precisa ser confrontada com a condição humana da perda de satisfação. Dessa maneira, na idade adulta, sua relação com o fim de uma paixão amorosa, por exemplo, tem maiores chances de ocorrer de maneira mais aceitável e menos traumática. 

Por que as drogas têm apelo especial para os jovens?
Jean-Pierre Lebrun: 
Eles são mais sensíveis a esse fenômeno porque têm uma tendência espontânea a, quando se tornam adultos, serem novamente confrontados com as dificuldades da existência. É, de certa forma, a repetição daquilo que haviam vivenciado na infância, quando foram, ou deveriam ter sido, apresentados à ideia de perda da satisfação completa, de que não ficariam com a chupeta na boca a vida inteira, por exemplo.

Se, no ambiente em que esses jovens vivem, há uma abundância de produtos que funcionam como um meio de evitar essas dificuldades, eles mergulham de cabeça. Como também veem nisso certo caráter transgressivo, todas as condições estão dadas para que eles recorram às drogas.

Costuma-se atribuir o mau comportamento dos filhos à falta da estrutura familiar tradicional, como a que ocorre após uma separação. Qual a exata influência que isso pode ter?
Jean-Pierre Lebrun: Uma família organizada de forma aparentemente harmônica não necessariamente faz de um jovem uma pessoa capaz de conviver e suportar o sofrimento inerente à condição humana. Essa capacidade pode ser pequena em famílias aparentemente realizadas, com estrutura sólida. Assim como pode ser enorme em uma família conflituosa, dividida, conturbada.

Por isso, não se deve levar em conta apenas o aspecto exterior da família. O que vale é a capacidade dos pais de fazerem os filhos crescer. De incutir-lhes a verdadeira condição humana. Esse é o bom ambiente familiar, independentemente do desenho que a família tenha.

O melhor mesmo, então, é aceitar que a existência é sofrida?
Jean-Pierre Lebrun: O processo é mesmo muito mais complexo do que ocorre com outros animais. Um cão nasce cão e será assim para o resto da vida. Um tigre será sempre tigre.

Um humano, no entanto, precisa se tornar plenamente humano. É uma enorme diferença. Esse processo leva uns 20, 25 anos e está sujeito a percalços. Na Renascença, já se falava disso: não somos humanos, nós nos tornamos humanos.

Entrevista de Ronaldo Soares publicada na revista Fronteiras

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